terça-feira, 31 de março de 2015

A propósito de Senhora Junot, duquesa da Abrantes*

Quando fiz 16 anos ofereceram-me uma acelera, tipo vespa. Lembro-me muito bem desse episódio, em que recebi as chaves, coloquei o capacete, peguei na minha licença camarária e carreguei no botão start. Eram uma bws e um shoei, que coroavam mais de ano de desejo e resultado.
Saí da garagem dono de um sonho meu. O pai seguia-me no carro, acompanhando a viagem inaugural que era, para mim, o grito do Ipiranga.
Era tão fácil, tão bom, tão livre, tão tudo... (só faltava levá-la à oficina, para que a despissem do estrangulador que a limitava aos 50km/h, e também ela seria livre para atingir os 70 nas descidas).
Determinado em mostrar o consciencioso condutor que era, parei à entrada de uma rotunda. Infelizmente, esqueci-me que era tão fácil que andava sem esforço. E, ao repousar a mão, dei um cheirinho de acelerador que lhe levantou o nariz e a estatelou a poucos metros. Eu fiquei de pé a dizer foda-se, foda-se, foda-se...
Desorientado, levantei-a do chão, repetindo foda-se. Infelizmente, esqueci-me de a desligar. Esqueci-me que era tão fácil que andava sem esforço. E lá se foi com o outro lado ao chão, sem que eu conseguisse parar os foda-se que me saíam. Entretanto, o pai chegou-se a mim, sem abrir a boca. E eu, sentado sobre o asfalto, desliguei o sonho que nunca deixara de funcionar, alienado na ladainha foda-se, foda-se, foda-se...
Só quando esgotei todos os foda-se que havia em mim me pus de pé, levantei o meu sonho e regressei a casa. Cuidei-lhe dos riscos que disfarçaram e agrafei-lhe a matrícula com um arame que improvisei.
Tornámo-nos inseparáveis. Não tornei a cair e nem a dizer tanto foda-se por atacado.
(Acho que nunca tinha escrito foda-se tantas vezes.)

*Caderno de Significados, Agustina Bessa-Luís)

Não falhei um

Cheguei com o carro pespegado de insetos esborrachados.
(Aborrecimentos do regresso.)

segunda-feira, 30 de março de 2015

Coisas de somenos

Em dias de descanso, costumo ocupar o tempo com inanidades. Aproveito, por exemplo, para ler livrinhos de historietas. Gosto de textos curtos, que possa interromper sem perder o fio à meada. Uma espécie de entretenimento que dá prazer sem prender.
Desta vez escolhi o Caderno de Significados, apesar de ter com os livros de Agustina uma relação ambígua.
Constato que os textos, além de se lerem de um trago, são bafejados pela ironia.
(O português "gosta das mulheres, o que explica o estado de dependência em que as pretende manter [.. .]não é democrata; exceto se isso intimidar os seus adversários [...] não gosta da lei, porque ela desvaloriza a sua própria iniciativa."
"A cólera liberta o coração para razões que prolongam o desejo de viver. Quem não se encoleriza acaba por pedir socorro por meio de doenças, obsessões e livros de viagens.")
Só lamento que tenha acabado tão depressa.

F1de saias

Mais do que encontrar a Valentina Rossi, pretende-se publicidade e dinheiro. Aos 84 anos, o idiota constata "as mulheres não vêm, e não é porque não as queiramos".
Ninguém lhe explica que são elas que não querem ir? Haja pachorra.
(Isto não se enquadra em qualquer medida de discriminação positiva. É apenas um atestado de incompetência.)

domingo, 29 de março de 2015

As boxes foram feitas para os que não foram feitos para elas

Havia cavalos na herdade. Conduzíamo-los até um murinho de pedra. Trepávamos agarrados às crinas e éramos vento. Como um prémio de liberdade, fazíamos o trabalho do avô. Os cavalos eram uma disciplina transvestida em brincadeira, que ocupava os vagares dos dias de férias.
Só muito mais tarde se tornaram obrigação, quando inventávamos razões para nem os cascos escovarmos. Passa a outro e não ao mesmo...
Também havia mulas, a que chamávamos indistintamente xarepa, e que nada pediam. Essas eram montadas de qualquer maneira, mas nunca foram sensação de voar. Sabiam de cor o caminho de regresso e era o único em que se apressavam.
Para o fim, só estas ficaram, com duas lusitanas e um árabe.
O Neviolini, está bom de ver, era do neto, em quem crescia o que no avô ia indo.
Era inteiro o Nev, impetuoso e veloz. Um dia foi-se para alimentar leões de circo.
Vieram os frísios. Gosto de quem tem paixão pelo trote levantado. São tão altos, que os braços doem quando lhes entrançamos as crinas. Voltámos a usar o murinho de pedra.
Ainda há cavalos, mas já não há avô.

Podia escrever

Sobre ombros vermelhos que picam e sobre a viagem à farmácia, em busca da biafine que, vá-se lá saber porquê, acabo sempre. Mas não há mais nada a dizer.

Contextos

Acabo de me cruzar com uma senhora que encontro amiúde em ambiente de trabalho.
Quase não a reconheci... Tinha perdido 15 cm e a postura bélica. Continua bonita.

Manhãs imensas

sábado, 28 de março de 2015

Tudo igual

A sul encontro-me sempre com o Jacinto que, não sendo tio, faz como se fosse. Mato a sede do Scala alentejano e tenho vagar . Carrego sol e sono. Leio bola, que também jogo. Canso-me, num cansaço bom que antecipa repouso e pede repetição. A sul descanso.
Felizmente, há coisas que não mudam. 

Da minha varanda


sexta-feira, 27 de março de 2015

Das duas mil virgens

Sabe o Marcolino.
Cá entre nós, o tipo é uma enciclopédia empoeirada de conhecimento pertinente ao mulherio. Sucede porém que, mesmo as castas indesejadas, abrem a boca ao ouvi-lo divagar acerca das diferenças entre homens e mulheres, partindo da orientação dos botões.
Diz que os botões à esquerda servem as limitações do sexo fraco, que carece de auxílio para vestir e despir;  enquanto que os botões à direita permitem a desenvoltura dos varões, que com destreza desembainham a arma.
Afinal, o Marcolino não percebe patavina.
Enfim, importante é que as espaventosas não vêm para cá.

À beira do fim de semana

E todos a pensar que o próximo é que vai ser bom.
Depois? Bem, depois é só mais do mesmo.

Sabe quem eu sou?

Que é como quem diz: sabe com quem se está a meter?
(A mão na anca e o pêlo no buço, também tinha?)
A mim não me custa nada acreditar.

Falácia

Contrapartidas pelo despojamento intelectual.

Com tanto blogue bom

E foi preciso ir ao livro das caras para saber que o dia do chocolate foi ontem.
Logo o do chocolate haveria de passar sem menção. Um tema tão rico, que se presta a tal variedade de abordagens... nem se notaria o (em)préstimo da ideia.
Ontem, teria acuidade qualquer coisa como:
- Gosto de chocolate. De o comer em frente à TV, a pensar como estou refastelado, enquanto os chico-espertos se encavalitam periclitantemente em pranchas de madeira num gelo do cu de Judas.
- Adoro chocolate. Bebê-lo quente na linha do horizonte, assoprando-lhe os vapores ciclónicos, aspirando-lhe o aroma forte e queimando o palato, deixando-o macio como borracha.
- Tenho uma relação quase ontológica com o chocolate. Delicio-me com a sua ingestão, sabendo que coisa tão boa se torna assim parte de mim. Acima de tudo, gosto de morder orelhas de coelhos e cabeças de pais natal. É assim um crocante que me estala na boca sem agredir os dentes, que já não são o que eram. Direi mesmo que é escatológico.
Hoje é tarde e tem tanto de acuidade quanto de interesse.

quinta-feira, 26 de março de 2015

Je suis fish


Quanto falta

Para começar a quezília entre os que o defendem extremamente inconsciente e os que o acusam de consciência extrema?

Tantos copos de água desbaratados

MLA continua a revelar(-se). Desta feita, traindo os leais.
Quase lamento o desperdício de bons insultos.

"Ilustre paspalhão, pasmo dos orbes,
Nata da estupidez, álcool dos parvos,
De Campanhã o bardo te saúda!
Salvaste Roma, ó ganso!... se não grasnas
Piravam-se os tais paus
(...)
A propósito, amigo, há quanto tempo
Conservas de escabeche a inteligência?"
(Camilo Castelo Branco, Epístola ao Visconde de Atouguia)

quarta-feira, 25 de março de 2015

Crash!

Uniformes

Esta manhã, perdi a conta às mulheres com botas de montar, calças coleantes e blusão castanho. A roupa é, realmente, a expressão da individualidade.

Intersecções

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(Ann Mansolino)

Algumas notícias são pertinentes tanto aos leitores de jornais portugueses quanto aos leitores de jornais estrangeiros. Pegando na teoria dos conjuntos, a notícia da queda do avião alemão nos Alpes constituiria uma intersecção.
Porém, a constatação de que não haveria portugueses a bordo parece levar alguns comunicadores de notícias a, em obediência àquela mesma intersecção, concluir que nem tudo o que é pertinente aos leitores de jornais estrangeiros interessa aos leitores de jornais portugueses.
Ou então, será apenas a desolada constatação da inexistência de entrevistas da praxe, ao estilo: "como é que se sente?".


terça-feira, 24 de março de 2015

Pidesco

Agora, que os arvorados senhores donos da leitura, içados em primos do poeta e lançados em veros letrados, limitam a sinceridade do lamento aos - por si - distinguidos conhecedores, congratulo-me pelo post de há dois dias.
Eu, desalumiado, me antecipei  na confissão.

Quis custodiet ipsos custodes?   

Estória de um só


Gilbert Garcin, Le témoin

Estranho, pensava ele, enquanto observava a cena que se desenrolava perante os seus olhos, como um espectador atento, ao invés do participante que era.
Alguém abanou a cabeça da noiva, que jazia naquela cama de hospital, tão alva como os lençóis e asséptica quanto o cheiro do quarto, num estado aparente de inconsciência.
Ele, conscientemente alheado, falou que sim. Depois, assinou. E saiu do quarto, vendo de soslaio pegarem na mão de sua noiva, forçando-lhe o nome no papel.
Deixou o hospital casado. Sentia-se tão só como sempre.

Necrologia

Orpheu - eram talentosos e andavam na casa dos 20. Que publicariam aos 50? Aburguesamo-nos todos?


Herberto Hélder - morte sem mestre?


Germanwings - tenho cada vez mais receio de viajar de avião. Como se, cá em baixo, algo dependesse de mim; enquanto que, lá em cima, tudo se prendesse com invisíveis e inexistentes cabos de aço.

segunda-feira, 23 de março de 2015

Augado

Ao chegar a casa, senti um leve odor desagradável, que não consegui identificar.
Fiz uma rápida vistoria e percebi que o cheiro era mais intenso na cozinha. Abri o frigorífico, olhei as garrafas, os queijos e os iogurtes e verifiquei os prazos.
Enfim, talvez fosse apenas uma impressão minha.
Há pouco, pensei em ver "O olho do diabo". Preparei o filme e fui buscar gelado. Ou melhor, fui para buscar gelado, mas deparei-me com um balde de "nhãnha".
Vendo o copo meio cheio: descobri a origem do odor esquisito.
Na realidade: tenho o congelador avariado.        

Esquisitices

Parece que a bebida eleita como melhor uísque do ano não é whisky, nem whiskey, nem scotch e nem bourbon.
Dizem que vem de Taiwan e tem um sabor diferente...


Mantenho-me pelos Porto.



Epifania

Escrevemos com as mesmas letras com que Eça escreveu.

domingo, 22 de março de 2015

O regresso nunca foi possível

Passei o dia da poesia sem poemas. Tinha pensado em passar no CCB, mas o almoço em Belém consumiu a tarde, e o tempo não esticou.
Só agora, quando entrei no escritório, me distraí a olhar O Medo. Não recordo outro livro que tenha comprado com o propósito de não ler. Aquele, porém, comprei-o para que mo lesses. Lembro-me da cadência da tua voz, de gostar de te ouvir em francês, mesmo quando me perdia das palavras.
Abri-o com a intenção de ler ao calhas. Calhou abrir-se onde tinha uma fotografia que me tiraste, numa das tardes serenas passadas em Monsaraz. Fechei-o e recoloquei-o no lugar.
Ainda não é hoje que vou ler o livro que comprei para não ler. 

O estranho caso da chave saltitona

Continua em Xilre e em Linda Porca.

Dizem que agora já não interessam as petições, nem mesmo aquelas que nunca pediram nada.
O que importa é a corrente da net, a cadeia de likes. Dizem.
Desconheço a relevância que terá a distinção.

Sobrelevo a espontânea convergência, independentemente da forma.
Ainda que causa e fim coincidam no recreio.  

Até agora

Não ter mapa de férias também é tornar uma tarde de 6ª num fim-de-semana aproveitado.
Gosto mesmo do cheiro dos carros novos.
Quase podia realçar o 2° intervalo.

quinta-feira, 19 de março de 2015

Agora a sério

Onde está o dinheiro?

(Ó tio, ó tio, é só mais um pastelinho.)

Capítulo Nove

Capítulo Um - Calma com o Andor
Capítulo Dois - Dúvidas cor de Rosa
Capítulo Três - A Mais Picante
Capítulo Quatro - Mirone
Capítulo Cinco - Pasme-se quem Puder
Capítulo Seis - Uva-Passa
Capítulo Sete - Kiss and Makeup
Capítulo Oito - Amor Autista
Trailer - Palmier Encoberto

Foi então que Maria decidiu ir embora. Digam o que disserem, o tamanho importa. E, o do João deixava a desejar.
Sem alternativa melhor, Maria aceita a boleia que Preciosa lhe oferece, juntamente com umas ceroulas curtas e um lenço garrido.
Chegados ao acampamento, todos se põem de cu para o ar, à procura de um seixo lisinho, para a sopa que haveria de ser jantar.
Lembra-se então a Maria da chave desaparecida.
Logo Mariju da sina faz uma reza milagreira, que culmina com pestilenta chave a cair do bolso roto da camisa de Gabiru.
É então areada a chave, juntamente com os tachos, e acaba no panelão, sem o João ratão.
Em volta da fogueira, Maria sente-se quente. Mais quente do que com o ar condicionado de seus pais ou o recuperador de calor de João. Tão quente que se imagina na Morería entre o gitano de olhos azuis, que ali improvisava flamenco e o copo de cava que lhe subia ao nariz. Assim, ouvindo o calcanhar da sua ululante deusa interior dizer que o mundo estava para acabar, decidiu que o melhor era aproveitar.
Já lânguida, pensou que tinha de arranjar um homem que lhe fosse às compras. Afinal, era o que mais detestava. Os cumprimentos da praxe no mercado, fosse mini ou hiper, sempre lhe roubaram mais do que tempo. E sempre a voz de sua mãe: dá beijinho. Sentindo-se capaz de tudo Maria decidiu acabar com o Ulisses assim que o apanhasse e, no embalo, lançar-se em busca do tempo perdido.
Maria adormeceu febril. (É no que dá andar nua na Rua da Igreja.)

O melhor deste dia

Nunca o ter passado na companhia da ausência.

quarta-feira, 18 de março de 2015

Harmonia conjugal?*

A propósito dos textos de duas bloggers fantásticas, Mirone e Uva-Passa, tirei-me dos meus cuidados e fui desencantar esta lição, com o sugestivo título "A Família":


O Mário e a Fernanda vão para a janela esperar o pai, que vem do trabalho. Quando o avistam ao fundo da rua, gritam para a mãe, que está na cozinha:
- Mãezinha, já pode tirar a sopa. O Paizinho vem aí.
Quando o pai entra, os pequenos abraçam-no e beijam-no, cheios de alegria.
- Vem muito cansado, Paizinho? - perguntou a Fernanda.
- Sim, trabalhei muito e venho cansado. Mas pensava em vós e dizia comigo: - É para os meus filhos que eu trabalho. Deus me ajude a criá-los.
(O Livro da Primeira Classe)


*Dizem que o ponto de interrogação incentiva os comentários.

Brigas

Cabeças que rolam: cabeças de impostores ou cabeças de listas?

Miss Shirley Bassey - History Repeating

terça-feira, 17 de março de 2015

Blogues como pessoas

Reunião de encarregados de educação.
Uma das muitas mães presentes faz uma proposta pertinente e clara, acolhida pelo burburinho característico daqueles ajuntamentos
Um dos poucos pais presentes, tocado pelo espirito santo de orelha, apresenta uma versão atabalhoada da proposta da 1ª mãe.
Enlevadas, muitas das demais apoiam o sr eng. Em ata lê-se que a proposta do sr eng foi aprovada por maioria absoluta.
Cheira a especiaria velha onde deveria estar uma chuva de prata.

Igual do mesmo

As notícias dos jornais. Os artigos de opinião. As discussões sobre sistemas políticos. As críticas à sociedade. As teorias sociais.
Tudo um eterno retorno.


Felizmente há luar e leituras, para lá do efémero e da circunstância.

Como chapéus

"Hoje filiação partidária "dá" cadastro não currículo, aos olhos de muitos portugueses. Não tenho dúvidas que hoje as pessoas estejam menos disponíveis para se filiar, para terem uma relação mais estável e duradoura com um partido, mas estarão talvez mais interessadas em aderir a esta ou aquela causa." (Duarte Marques)


É o fim do rebanho.





Puro sacana, velhaco, grande venal*

"Consideravas Arquelau feliz e por haver perpetrado os maiores crimes sem sofrer penalidade alguma, enquanto eu, de minha parte, era de parecer que não só Arquelau, mas qualquer indivíduo que não for punido pelos crimes praticados deve ser considerado em especial como o mais infeliz dos homens, e que em qualquer circunstância quem comete alguma injustiça é mais infeliz do que a vitima dessa injustiça, como também é mais infeliz quem se exime do castigo do que quem cumpre a pena cominada". (resposta atribuída a Sócrates, em Górgias, por Platão)




Cadilhe transvestido de Polo?


*O flagelo do mérito, da honra e da retidão.
(Sinto-me o Marco Bellini, dizendo que está tudo muito bom. Gosto tanto de rir.)

segunda-feira, 16 de março de 2015

Nada de novo

Cavaco aprende com FMI, a dizer disparates "sem se rir". Putin e a Crimeia interrogam-se sobre o sentido da vida. Seguro não se opunha e Costa segura-os. A chave anda por aí. Varoufakis canta pelos arrependidos. Netanyahu não mediu a coisa, mas talvez lá chegue. Quem se ficou foi o Tony.
Valha-nos Cervantes, o personagem português "o homem põe e Deus dispõe, e o que Deus faz é sempre pelo melhor; e quando venta molha a vela; e ninguém diga: desta água não beberei; e muitos vão buscar lã e vêm tosquiados; e eu cá me entendo, e basta; e não digo mais, ainda que o poderia". (D. Quixote de La Mancha, cap. LV)

Casamento feliz e fecundo



"É verdade que a emancipação da mulher a masculiniza, desprezando as características femininas, no esforço obsessivo de as provar capazes em jogos de homens. É verdade que, em nome da liberdade sexual radical, se abandonam dignidade e equilíbrio, sacrificando essa liberdade no altar do deboche. (...)
Quem vê a vida como projecto de poder, promoção ou prosperidade, quem toma como finalidade da existência a realização na carreira e prazer, nunca enfrentará os enormes sacrifícios exigidos por um casamento feliz e fecundo." (J. César Neves, Destino fora de casa)


Como não podia deixar de ser, o opinante que escora o bom casamento no sacrifício, termina com uma citação bíblica. É absolutamente despropositado fazer um tal aproveitamento, como que para se cobrir com uma virtude emprestada. Afinal, a igreja católica alterou os seus cânones, tendo passado a definir o casamento como a união que tem por fim, em primeiro lugar, o bem dos cônjuges e, só depois, a geração e educação da prole, que antes figurava como objetivo único.
Estarrecedor.

Paradoxo ou talvez não

Poiares foi ao presunto pouco maduro. Eu fiquei com vontade de Joselito.

Coração-músculo

Preparar. Antecipar. No domingo saber o que se vai dizer 2ª feira, como canta Jorge Palma. Começar a semana com o embate esperado. A adrenalina que nos treme os números.
A espera. Fico com frio quando espero. Há um vazio inútil no tempo de espera. Espera-se tanto.


Está feito. Uma quase euforia que aquece. A esquizofrenia vai da plenitude ao vazamento e retorna.

domingo, 15 de março de 2015

Observação

As mulheres bonitas devem ser apreciadas com brevidade. Se nos detivermos a fixá-las corremos o risco da desilusão.

Someone Great

Ignoto catavento mediático

O ministro da presidência introduz o novo conceito da divisão tripartida de poderes. Nascido com este governo, destina-se a assustar poderosos e confunde-se com a ideia do "salve-se quem puder que ninguém está a salvo".
Aliando tais ensinamentos à vaca sagrada da constituição e ao louvor do funcionamento de instituições como o PR e os Tribunais, acaba por não optar entre ser, querer ou parecer.

"O tempo bifurca-se perpetuamente para inumeráveis futuros ." (Jorge Luís Borges, O Jardim dos Caminhos que se Bifurcam)

sábado, 14 de março de 2015

Antagonismos

Há pessoas que cativam, pela forma como escrevem. Lêmo-los com gosto, mesmo quando não sufragamos o conteúdo. Agradam-me os indivíduos convictos.
Gosto de ler Miguel Sousa Tavares no Expresso. Gosto de quem consegue ser aguerrido, sem ser ofensivo. Gosto que ele fale na Suécia, aqui tão perto, e me ponha a pensar numa Grécia, lá tão longe.

Os amorfos são a antítese:
'Eu nunca fui nem contra nem a favor. (...) Eu nem era contra nem a favor do regime. Não era nada comigo. Andava alheio digamos assim." - D. Júlio Tavares Rebimbas, citado em O Riso de Sileno.

Mudanças

Depois do que se passou com a barbearia, passei a frequentar o salão.
Troquei o "caldinho" pelo "jeitinho". A TSF por Nina Simone. O Senhor Moisés pela menina Cláudia.
Hoje, enquanto recebia a "massagem ao coro cabeludo", pensava que, realmente, há males que vêm por bem.
Espero, que a reforma do anterior, lhe seja tão agradável, como me está a ser.
(mas que me comicha dizer "a minha cabeleireira", lá isso...)

Home

sexta-feira, 13 de março de 2015

Só se for com as calças do pai

Perdoe-se-lhe a falta de jeito. Perdoe-se-lhe a mania da superioridade. Perdoe-se-lhe, até, o moralismo estuporado.
Porém, um fulano, com aquela idade de quase-velho, que nunca sustenta nada com experiências de vida próprias, socorrendo-se sempre de papá e mamã para escorar a maledicência, é desalmado.
Pecar assim, diz que é mortal. E, imperdoável.
(não é o mesmo gajo que esteve no expresso. não pode ser.)

Reminiscências

Enquanto leio algumas notícias, penso que só se perdem as que caem no chão.

Caça às bruxas

Ando intrigado com aquilo da lista dos contribuintes VIP.
Existe mesmo? Negra ou vermelha? Por onde anda? Quem serão os Vários Indigentes Políticos Pilantras?
Excelente argumento para esta 6ª, dia 13.

quinta-feira, 12 de março de 2015

Summertime Clothes

O país e os ratos

"Cantaremos o desencontro:
O limiar e o linear perdidos

Cantaremos o desencontro:
A vida errada num país errado
Novos ratos mostram a avidez antiga"

Sophia de Mello Breyner Andresen, O Nome Das Coisas

(Afinal, não há cá casos. Viremo-nos para o grego, que não  gostou dos olhos do alemão.)

Do contra

Já li que domina o tema da igualdade entre os sexos. É assunto sério e profícuo.
Hoje, porém, só me lembram barbies e homens-aranha. Porque é que elas não podem mascarar-se ou brincar de/com princesas e eles podem fazê-lo com super-heróis...

Blogues como pessoas

Alguns cheiram a bafio.

quarta-feira, 11 de março de 2015

Pérolas

A propósito da lamentação (parte II) de PPC, (que o homem é um português e gosta de fado,) alguém escreve sobre os "samsungas".
Lá está, o Salgado valeu "maravilhosamente bem" a pena e este também.

Nostalgias

Ela dançava, de pés nus e lenço nas mãos.
Substituía pelo tapete, o par que lhe faltava; e, pela parede, a barra que não havia.


...e a pega ladra rodopiava, no chão da minha sala.

Erros comuns

Cair na tentação de confundir sede de dinheiro com fome de protagonismo.

Sério?

Quem se põe a jeito, para a aleivosa entrevista "quando o dinheiro fala, a verdade cala", e posa para a fotografia, em jeito bimbo "eu cheguei, ponham-se finos", nunca poderia jogar na minha equipa. De padel.

terça-feira, 10 de março de 2015

O juiz e o bufo

Um juiz deve ser, acima de tudo, boa pessoa. E, se possível, letrado. Ao bufo bastou ser letrado.

Timber

Relapsos

No início, confio. Acredito na palavra dada. No acordo apalavrado. No cumprimento.
Não posso sequer dizer que, por princípio, duvido. Seria mais avisado, mas menos honesto.
Confesso que aceito os outros, como sérios, e entendo os negócios, como simbioses.
Aprendi cedo, que os encontros a dois resultam. Que o compromisso se honra. E, que o aperto de mão, não precisa de ser exequível, para valer. Ensinou-me a experiência, que elas se obrigam, também, assim.
Dá-me asco lidar com quem não tem palavra, e sem esta, da cara faz cu.
Requiem (Fauré).

Continuação do carrossel

Afinal, Horta também tem algo a dizer a Cavaco.
E, se a Varoufakis puxaram as orelhas, é porque ainda vivem na idade das trevas, que obscurece França, onde os tabefes são corretivos em bom.
Por cá, pedagógicas serão as orelhas de burro. Ou então, pôr os meninos em 12 (sim, doze) OTL's (não pode ser com A, porque falamos de ocupações e não de atividades).

Blogues como pessoas

Há sempre algo a acontecer. Mesmo que seja sempre aos outros.

segunda-feira, 9 de março de 2015

Get a Move On

Analogias

O Aníbal e o Pedro iam, com o palhaço, no comboio, ao circo. Depois veio o Freitas e papou-os.

Idiossincrasia

Nas voltas da minha vida, também passo muito nas Avenidas*. E, com este sol a assomar, vêem-se abundantes duos ou trios de pessoas, de pé, conversando.
Assombram os homens que se agacham para falar. (E não estou a falar da Índia.)


*Desde miúdo que decoro escritos, sem fazer por isso. Daí que, muitas vezes, não recorde de onde vem determinada expressão (mas sei que não a criei, calma). O que me dá uma trabalheira, quando a quero identificar.
Isto, para dizer que a 1ª frase é retirada de um texto, que começa com qualquer coisa como "nas voltas da minha vida, eu vou muito à avenida e vejo sempre sentados, deprimidos, definhados, dois velhinhos muito tristes..." No mesmo livro, havia também um outro texto, que falava na cidade do penteado, onde "as casas para variar têm cabelo e não telhado" e "coisa levada da breca, a casa da minha tia, tem o telhado careca". Não consigo identificar os autores. Lembro-me apenas do baloiço da vida.

O papel e o pé

Vem isto a propósito do "papel comercial". Os jornais generalistas sempre falaram em títulos de dívida. Hoje parece terem encontrado um neologismo. Será para confundir os lesados leitores? Já agora, por onde anda a CMVM nesta estória?

Nunca saímos de Eça "confunde tudo, tristezas e facécias, enterros e atores ambulantes, um poema moderno e o pé da imperatriz da China" (Crónica in Distrito de Évora, de 06/01/1967).

domingo, 8 de março de 2015

Uma mulher beijada na testa inventou os saltos altos

"No fim de tudo, as mulheres virtuosas, as mulheres dignas formam na sociedade portuguesa uma maioria inviolável! Se alguma coisa finalmente podemos dizer profundamente verdadeira é - que elas valem muito mais do que nós."

(Eça de Queiroz, As Farpas)

Pão de gente

A madrinha Doncelina amassava o pão num enorme alguidar de barro vidrado. Sempre a conheci velha, de lenço preto na cabeça e sem afilhados. Depois, antes de cobrir a massa com pesado pano de linho alvo, sobre o lar, dizia: "deus te levede, deus te acrescente, deus te faça pão de gente".

sexta-feira, 6 de março de 2015

O cavalo de Turim

Tinha-o em lista de espera há uns tempos. Poderia ali ter continuado.
O filme arrasta-se, a ponto de me deixar satisfeito por estar em casa.
A ventania  é tão impressionante, que lamentei a lareira apagada. (Estive sempre à espera da cena em que um deles perderia a cabeleira.)

The Third Man Theme

Afinal, era falta de dinheiro

"Afinal o que importa não é bem o negócio
nem o ter dinheiro ao lado de ter horas de ócio
(...)
Que afinal o que importa não é haver gente com fome
porque assim como assim ainda há muita gente que come"


Pastelaria, Mário Cesariny

Klaus lê-se clown

O tipo começa por se dizer irritado, o que me faz começar logo por simpatizar com ele. Gosto de pessoas que se irritam.
Depois diz que a economia está a crescer, que o orçamento é do melhor e as reformas são ricas, o que me faz gargalhar.
Gosto muito de pessoas que me fazem rir.

Sinais das gentes

Ao estacionar, deparo-me com um carro que tinha colado um dístico "Aqui há cria".
Não é a ideia que os donos terão de si que me intriga, pois essa consigo imaginar.
O que não compreendo é o que levará algumas pessoas a colar coisas destas nos seus automóveis. Julgarão que um tipo anda na estrada a pensar: neste não, que tem miúdos, naquele ali, que é do Nuno é que é valente, o gajo leva um estalo que até salta, à moda dos carrinhos de choque? Ou será apenas para simbolizar que são condutores conscientes? Neste caso, porque estacionam ocupando lugar e meio?

Repetição de erros

"Como podem rir-se os enviados do povo, quando um enviado do povo exclama: Não tireis à Nação o que ela vos não pode dar, governos! Não espremais o úbere da vaca faminta, que ordenhareis sangue! Não queirais converter os clamores do povo em cantorias de teatro! Não vades pedir ao lavrador quebrado de trabalho os ratinhados cobres das suas economias para regalos da capital, enquanto ele se priva do apresigo de uma sardinha, porque não tem uma pojeia com que comprá-la"*.


*A queda dum anjo, Camilo Castelo Branco.


(Ou é cíclico ou não avança.)

quinta-feira, 5 de março de 2015

Quando a canção também era poesia*

Quero que gostes de Pina Baush, ou até já nem gostes,
queiras mais queiras diferente;
que gostes da cor e do risco forte de Miró
e do canto desiludido e fundo de Ferré;
quero que aprecies os cheiros sensíveis da eternidade
do grande bruto grande e do pequeno sensível e pequeno;
quero que mores nas páginas da Photo e que, sendo um modelo de virtudes
representes a cortesã mais lassa para mim;
quero-te com mãos de pedra e de veludo;
quero que ames o chique e a Serra d´Aire
- mais o safari que a recepção,
quero que mores e sofras nas páginas de Guido Crepax
e que te irrites com a perfeição absoluta de um retrato de Medina
quero que, se possível vivas dentro do anúncio do Martini
felina e ondulante numa ilha tropical
quero que sejas capaz de divertir-te, de soltar uma ampla gargalhada,
ante o espectáculo ridículo e obsceno de um homem de Quinhentos
a quem atribuíssem um número de contribuinte
quero que ames o longe e a miragem, como o Régio
e que sejas louca e sábia
que tenhas lábios e mordas,
língua e sorvas, sexo e sexes, salto e salto, riso e rias,
sorvedouro inteiro de vida, arrepio de garça, sacudir de cisne,
passos de corsa, graça de arlequim,
pose de Diva, corpo de areia e luz.
E quero que me dês, me dês muito, que me dês tudo,
e que abras as janelas de par em par ao Tejo
e fecundes um poema em cada gesto
e voes como a gaivota em cada espreguiçar
e partas para a Índia em cada cacilheiro
e que sejas, mores, vivas e creias
longe
muito longe daqui...
quero que sejas profundamente minha e ritual
obsessiva e lúcida, doente, febril, tremendo de desejo
disposta a tudo e a mais e a muito mais,
boca de Mundo, seios de Mármore, corpo de Alfazema
e sobretudo Mulher e sobretudo amante.
Se existires assim, nua, inteira, absoluta e pessoal
responde-me
que eu fico aqui, eterno, à tua espera.
 
(Pedro Barroso)
 
*E permitia fazer brilharetes nas cartas de amor. 

Se tu vens a qualquer momento...

Outrora, estacionava o carro e entregava as chaves ao Sr. Arménio. Entrava nos escritórios, e logo a D. Eugénia me trazia o maço de correio: "-Aqui estão as d'hoje. Trago-lhe já o café."
Durante anos a fio foi assim. Quando eu chegava, abria o correio.
Era um momento tenso. Havia uma solenidade. Quase uma angústia.
Depois, ditava algumas respostas. Muitas cartas eram apenas arquivadas. Poucas se quedavam em cima da secretária, a amadurecer.
Gostava de começar o dia com o correio. Quase uma higiene matinal.


Parece que os ctt mudaram e até o carteiro é outro.
Agora, o correio pode aparecer durante a tarde, à hora de almoço, ou antes da abertura. Os emails, invadem a caixa de entrada a qualquer momento. Tal como as redes a que estamos ligados.
Já ninguém se prepara para o embate. Tudo é a qualquer momento, quando menos se espera, e para ontem.

Miséria

Nunca sei se diz o roto ao nu, se o nu ao roto.

Tudo acaba

As estórias infantis costumam terminar com um "tudo está bem, quando acaba bem".
Não vos deixeis iludir. Se acaba, é porque não estava bem.

Em terra de cegos

Disse a potestade ao homem:
- Conceder-te-ei o que me pedires. Porém, tem cuidado com o que desejas, pois em dobro darei aos outros homens.
Respondeu o homem:
- Quero ser cego de um olho.

quarta-feira, 4 de março de 2015

Res publicas

Depois da entrevista do sírio, e a par destas comissões, só me ocorre que de prolixo a pro lixo é um pequeno espaço.

E os peixes do poço?

Há um ano, era 3ª feira de carnaval.
Falei-te da perdiz, que tinha deixado em casa. (Tu tinhas passado a gostar da canja que a Rosarinho fazia. Como a preferias à feijoada, foi sempre um mistério, para mim.)
Falámos das tuas fotografias e do benfica. (Falei eu, tão mais que tu.)
Faltava-te o ar. Pesava-te o cansaço. Demorei pouco. Voltaria na 5ª, que amanhã era impossível. Talvez até já estivesses em casa.
Fui-me embora a pensar nos livros de Philip Dick, que impingias. E na tua mania de passar a ferro, enquanto víamos televisão. E nos 6 meses.
A merda daquele telefonema, em que disseste estou a morrer, e te respondi, estamos todos.
6 meses não dão para nada.
4ª feira foi de cinzas.
Não voltei a ler ficção científica.
Sei que não me morreste. Morreste-lhes.

Mais que perfeito

"Os jornalistas esporeavam a imaginação para achar adjectivos dignos da minha grandeza; fui o sublime sr. Teodoro, cheguei a ser o celeste sr. Teodoro; então, desvairada, a «Gazeta das Locais» chamou-me o extraceleste sr. Teodoro."*


*O Mandarim, Eça de Queirós.

Sem vergonha

Alguns, precisam que lhes assobiem, para beber água... and are not afraid to say it.

Afinal eram 5

Cabum!

O carrapito

Ela chegou, num repuxado que lhe virava as raízes do avesso. Eu passei o tempo a refrear-me, não fosse chamar-lhe Aurora.

terça-feira, 3 de março de 2015

Venenos

A forma como é dada uma notícia é suscetível de enfermar o conteúdo.
Assim, referir um adepto ladrão, parece inculcar a ideia de a ladroagem resultar de ser adepto. Ao invés, uma informação sã falará de um ladrão adepto. 
E não, não é a mesma coisa.

Acalanto*

Porque há dias que precisam de serões que sarem.

*Enrique Granados, Danças Espanholas.
 

Desabafo em 3 atos

Quereria dever agradecer-vos a fineza de atentar no seguinte:
I - Não inventeis a roda, todas as vezes que é preciso começar novo projeto;
II - Apresentai os factos e a conclusão, poupando em floreados e teorias;
III - Conhecei o valor do produto e sabei até quanto estais dispostos a ir.

(Escrito impelido pelo sofrimento do meu dia, fruto de um enfado que se me apegou aos ouvidos e espalhou pelos ossos.)

Desconhecimentos hábeis

Ia escrever sobre a relevância da falta de consciência da ilicitude.
Mas é irrelevante.

Despropósitos

Num Estado poupadinho, em que os preços da água e do gás - senhores, o do gás, - andam na casa da exorbitância, faz todo o sentido limitar o acesso a saunas, duches e outros mais.
A ideia de instalar câmaras nos balneários é peregrina. Deverá mesmo estender-se a outros sectores, qual polvo redentor.
O quê? A propriedade, o bom senso, a reserva, a privacidade? Ora, para as urtigas com os velhos do Restelo. Pois se os dados estarão seguros numa nuvem...

segunda-feira, 2 de março de 2015

O2

The third man

Se me dizes que é imperdível, eu acredito.

Finalmente, do esquecimento

Sugiro, para títulos do novo candidato às osgas, "Varreu-se-me tudo" ou "Namalembrodenada".
O argumento deverá ser escrito à moda Gertrude Stein: "o esquecimento é o esquecimento é o esquecimento é o esquecimento é o esquecimento".

Ainda do esquecimento

Ouvi*, (não recordo onde e nem quem,) defender que o esquecimento é um dom. E que, esse dom é tão mais importante, quão mais intenso.
A justificação residia em ser o esquecimento, a base do prazer**. Pois, se recordássemos com clara lucidez os orgasmos experienciados, então o sexo seria como andar numa montanha-russa, que ao fim de umas quantas voltas, aborrece.


*Também posso ter lido algures. Não me lembro.
** A sorte do Zeinal.

O dom do esquecimento

Lobo Antunes* disse ter uma péssima memória, pois lembrava-se de tudo.
Mutatis mutandis, Zeinal Bava tem uma ótima memória.


*Entrevista ao ípsilon, 07/11/2014.

Como ardina


A amável Pipoca Arrumadinha convidou-me. Eu aceitei.
A entrevista já está publicada.

A carta

Todo este alarido em torno de uma carta que nunca o foi, (que isto de emails não tem nada a ver! E nós a ver que sim...) lembrou-me as cartas trocadas entre o Visconde de Valmont e a Marquesa de Merteuil*. Como se citassem o Visconde "seus passos são, no mínimo, parelhos com os meus". Quem terá receio de ser vaiado?


*As ligações perigosas, de Choderlos de Laclos.

domingo, 1 de março de 2015

Palermices rima com americanices

São fantásticos estes americanos que, quais Damásios, discorrem sobre um síndroma de Fabergé, que achaca os russos e teimam que o azul é o novo dourado.
Pela minha parte, por mais que fixe este Pal Zileri azul escuro, não consigo transfigurá-lo.

Nannou

Caminhos

Coisas da criação

Por cá, não há domingo sem missa.
Depois, à mesa do almoço, sentam-se quatro gerações.
E, à hora do conhaque, só as crianças se levantam.

Abrenúncio

Que nos auguram a morte.

Parafraseando Thomas Mann*, não será num abrir e fechar de olhos que terminarei a história. Não me bastarão para isso os sete dias de uma semana, nem tão pouco sete meses. Melhor será que desista de computar o tempo que decorrerá sobre a terra, enquanto esta tarefa me mantiver enredado. Decerto não chegará - Deus me livre - a sete anos!

*A montanha mágica.