quinta-feira, 30 de abril de 2015

Falso alarme

Está prometido para amanhã. Bem podia ser para hoje. Para mais, depois do link ilusório sem DES nem conteúdo que nos deixou a ver andorinhas em dose dupla. Não fora o condomínio das cegonhas e teria passado a tarde numa ansiedade palpitante. Acho que não vou pregar olho.

Cru

Os restaurantes que anunciam e fazem alardear um preço por pessoa (sem vinhos incluídos, bem entendido) exorbitante, repelem-me. Fico a pensar no que servirão, para concluir que hão-se servir o que não gosto.
Convenhamos que não é preciso beber toda a água do mar para saber que ela é toda salgada. Confesso que provei a do morto durante a travessia do deserto da Judeia. Exageradamente salgada e ligeiramente oleada. Andava, há não sei quantos dias, a sopa de cebola e pão ázimo. O jipe a levantar uma poeirada entre as pequenas casas de barro amarelado e as casas maiores de barro mais escuro que tinham as vigas de ferro a sair pelo teto acima, eternamente inacabadas, à espera da geração futura que habitaria mais junto do céu. Frente às portas das casas pequenas e grandes, dependurado, o corpo do animal morto. Cada casa, sua carcaça. Normalmente, uma vaca. Pelada, esventrada, degolada e esquartejada. Putrefacta. Era o seu "costume": manter a carne ao ar e ir consumindo. Víamo-los dirigirem-se ao gancho e cortarem o naco para a refeição.
Antes a fome com bons vinhos à discrição.

Porquê junto ao rio

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Ciranda e samba

"Medo de subir, gente
Medo de cair, gente
Medo de vertigem
Quem não tem"
Gosto da Ciranda oferecida à bailarina.


Gosto ainda mais do Samba Erudito.
"E então, como Churchill
Eu tentei outra vez
Você foi demais
Pra paciência do inglês
Aí, me curvei
Ante a força dos fatos
Lavei minhas mãos
Como Pôncio Pilatos"

Cadeiras e asneiras, suas danças e andanças

Lembro-me do poço antes de Pina Bausch. O do Marcel Marceau não. Desse, só os relatos. Mas o do Mikado e o de Havana Rakatan, lembro-me. Havana Rakatan foi muito bom. Quase tão bom como dizer Havana Rakatan. Também gosto do nome do que não se verga. Do que sem poder nenhum, pôde. Não sei se até à exaustão, mas até lhe cortarem o pio. O rouxinol sem asas não pode voar e sem bico não pode bicar. Os nossos Gama é que a sabem toda. A Europa e o Minotauro. No labirinto, por vezes, perdem-se desafios de resposta, acutilâncias de mordidas, homens de garganta estreita e voz grossa. Ficamos com o lodo de um lamaçal seco. Eu também me rio com a brigada dos cidadãos levantados, mas o livro dos mórmons não é pior. E, dizem os sábios rasteiros, que o segredo está nos sapos, que é como quem diz, faz como vires fazer. Jóquer e jokers. Um prezado estilo de desprezo sem nós. A dança é uma arte secundária. Sobrepõem-se-lhe a música e a literatura. O que importa é o ritmo. A dança das cadeiras é singular mundial. Eu não sei dançar, logo a dança é menor... exactamente(!) como todos aqueles que quanto mais alto voam, mais pequenos parecem aos olhos dos que não sabem voar. Nietsche é que a sabia toda.

terça-feira, 28 de abril de 2015

Exorcizar demónios próprios com o inferno dos outros

Come and see - Requiem para um massacre, Elem Klimov.
 
 
 
Este é o paradigma do filme a ver quando não se consegue deixar de esperar. Depois de lavarmos a espera do corpo e de a despejarmos na tulha, por vezes, ela continua peganhenta. É preciso arrancar a espera que se refugiou atrás dos olhos, por baixo das unhas, na epiglote, em todo o pensamento. É preciso deixar de esperar até ao próximo momento de espera. Duas semanas  de espera acabarão por asfixiar, sufocar, engolir, afogar. Duas semanas antes do "foi só um susto". (Eu sei, eu sei o que disse. Mas, na verdade, não há espera sem esperança.)    

Esperança à espera

Há dias em que resta a espera. A espera é melhor que o nada. A espera preenche o vazio com cafés e monológos de fumo. O fumo espanta o vazio que a espera não deixa instalar. Sou um bom esperador. Gostam de esperar comigo. Prefiro quando esperam de mim.
Quieto. É possível não pensar? Acalanto mortos e bichos de mato. Não consigo não pensar. Aborrecem-me os meus pensamentos. Quem espera desespera, quem espera sempre alcança, o discurso do PP. Expiação. A espera é o que o tempo leva. A espera leva-a o tempo. Ó tempo, traz-me a espera!

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Ali Babá

Ao início da manhã, tudo se foi abaixo. Telefones, linhas de fax, internet. Pandemónio. Caos. Cabelos em pé e nas mãos. Diz o técnico que os meos vão demorar até 36 horas para resolver. E é preciso telefonar a perguntar nomes de responsáveis, para a coisa ser reposta ao fim de menos de 2 horas. Problema ao nível da central. Coisas deles. Bem capazes de nos roubar uma manhã de trabalho, fazendo descarrilar os horários sincronizados que nos permitem não falhar. Entretanto, parece que os meos decidiram alterar o período de faturação e vai de faturarem uma semana mais cedo. O valor acordado para o mês. Eu estou assoberbado com trabalho e ainda não tive oportunidade de confirmar, mas, à partida, se fizerem isto todos os anos, ao fim de 4 terão recebido um mês "à borlix". Sinais dos tempos. Parece que o novo "abre-te sésamo" é mesmo "Com quem tenho o prazer de estar a falar?".

domingo, 26 de abril de 2015

A vida é bela


Marina Abramovic, Carrying the Skeleton

Pão e circo. Telenovelas e futebol. Touradas não, que pode melindrar. O 25 passou-se. Passem todos muito bem, adeus e até ao seu regresso. Ainda há quem se esqueça de tirar o som antes de incomodar os que querem ouvir. Nunca percebi se é gente a quem ninguém liga, ou se têm falta de ligações.
Não estamos aqui para viver vidas úteis, mas vidas belas. Referendem-se os objetivos do capitalismo. Há uns anos apostaria que a Mercedes ganhava, hoje acho que seria a casa pronta. Foram-se os cravos, venham as Rosas. Digitais e via Facebook, que o 1° domingo está à porta e as outras ninguém as elogia. A arte que toca está na berra, assim como as frases sobre a sinfonia das estrelas e o amor amarrotado. Poesia por quem a lê é coisa que me incomoda. Não é poesia. A poesia é silenciosa e só. Não tem tom nem entoação. Lida, será outra coisa qualquer. Pode ser arte, mas não é poesia. O boa cama boa mesa continua a ser leitura obrigatória. Bons poisos alguns. Pobre Alice que levou uma traulitada. Não gostamos todos de ler. Alguns preferem não ver.

Falhanços

Agora, até ao futebol faltam golos.

Hades no céu

E os Homens de cravo na lapela e sem botões de punho na terra. Em homenagem à liberdade e à igualdade, eles sentiram-se livres para não colocar flor e elas livres se sentiram para a colocar na lapela dos fatos de calças que envergaram. É o progresso, camarada.
Afinal, onde havia dois agora há só um. Pobres velhos que ainda hão-de cruzar o que juraram não atravessar. É a involução, pá.
O congresso das gravatas vermelhas e encarnadas só foi destoando com as cor-de-vinho-tinto. É a moda, meu.
E quando de manhã, tua mãe te olhar dizendo "pareces tão cansada", dirás "não dormi bem, passei a noite inteira a sonhar acordada". É o sonho, meu bem.

sábado, 25 de abril de 2015

Guerras e mamões


Acordei este 25 de Abril lembrando uns versos que minha mãe costumava cantar, quando estava bem-disposta e queria fazer-nos rir. No meu quintal não há cravos, mas estas já floriram. Acompanho as comemorações com mamões debaixo da língua. Rimas e risos. Contenho-me muito. São o que são.

O Senhor Hitler mais o Senhor Mussolini
Inventaram uma guerra de extermínio
Uma guerra de espantar!
Os alemães inventaram um submarino
Que é uma espécie de pepino
Que anda no fundo do mar...

Na minha terra deu-se um caso espantoso
Que espantou todo o povo
Que fez toda a gente espantar...
Na minha terra era o galo
Que punha o ovo
Para a galinha descansar

Minha vizinha
Tinha lá na capoeira
Uma galinha poedeira
Com uma frigideira ao lado
Minha vizinha
Queria que a galinha
Lhe pusesse um ovo estrelado

Na minha terra nasceu um crianço
Que estava sempre no mamanço
Só mamando estava bem
Mas um dia de tanto mamar
Podem acreditar
O crianço engole a mãe

Refrão:
D. Chica,D. Zefa, D. Amélia
Fecha a porta catramela
para a bicha não entrar

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Daltonismo sem androgenismo ou os problemas das mulheres são...

Para responder a tão complexa questão deveria, sem dúvida, abordar Rousseau e Lacan ("olha que tu não me confundas com outra"), estudar Olímpia e Das Unheimliche ("mas quem é que tu pensas que eu sou"), conhecer Isis e Ares ("eu não sou como ela"), recensear os homens de Marte e as mulheres de Júpiter ("nem morta eu faria/vestiria/diria/comeria como ela"), debruçar-me sobre o sintoma masculino e a evidência feminina ("os maridos das outras são"), distinguir a Sulamita do grotesco ("não te conheço"), expurgar o simbólico do real ("eu também"), e atentar em muitas outras realidades imprescindíveis.

Talvez então concluísse que Mário de Sá-Carneiro falhou. Que eu sou Eu e o Outro e a ponte que vai de um para o outro. Que gosto de mulheres que riem, que conversam, que têm garra, que confiam, que encostam a cabeça no meu peito. Que me atraem as que fecham os olhos de olhos abertos.

Talvez o problema das mulheres seja, afinal, continuar a pensar que cabem dentro de um estereótipo matutando sobre se padecerão dos problemas que lhes aventam e dos quais, de facto, sofrem. Tanto quanto eles.

Uma explicação sem resposta que será uma forma de ler ou um estranho ser

O escritório do pai está forrado a livros. Uma das portas de vidro dava acesso à nossa zona. Ali estão Os cinco, Os sete, O mistério, Os hardy, O Tom Sawyer e o Huck, O cavalo preto, O Príncipe Feliz e os Contos de Sophia de Melo Breyner; entre a Patrícia, Este rei que eu escolhi, As quatro torres, O tempo em que vivi, a biblioteca dos escuteiros mirim e a colecção de livros cor-de-laranja sobre história.
Um dia, cheguei junto de meu pai e disse-lhe: "-Eu já li tudo!".
Nesse serão, o pai leu-nos grande parte do primeiro acto de Frei Luís de Sousa. Depois, passou-me o livro para a mão e passei a ter acesso a todas as outras estantes.

Não sei se por ter a consciência de que os livros que lia já tinham sido lidos por outros antes de mim, se por saber que os meus irmãos iriam lê-los de seguida, se por o livro ter sido sempre uma espécie de objecto sacrossanto pelo deleite que me permitia, verdade é que não os risco, não os anoto, não os sublinho, não lhes dobro páginas.
Os meus livros têm papelitos dentro. Os bolsos dos meus casacos têm papelitos dentro. As minhas pastas têm papelitos dentro. As minhas gavetas têm papelitos dentro. Os porta-luvas têm papelitos dentro.
Tenho o hábito de escrever em papelitos o parágrafo que acabo de ler e não quero perder. Ou os três ou quatro versos que ainda saboreio. Ou mesmo, as duas ou três frases que me assomam. O objectivo é apenas repetir o prazer. Abrir um livro "de trabalho" e ler "Pára-me de repente o pensamento... / - Como se de repente sofreado / Na douda correria... em que, levado... / -Anda em busca... da paz... do esquecimento" (Ângelo de Lima)é receber dois minutos de presente.
As passagens de livros contêm o título, os versos, o nome do peta, frases minhas, a data.

Deu-se o caso de ter encontrado, há dias, um desses papelitos contendo duas transcrições do mesmo livro(?), que terei lido há cerca de vinte anos, mas que, infelizmente, não continha a indicação do título. Não sei se foi a pressa de continuar a ler ou a certeza de que nunca esqueceria. Verdade, porém, é que não sei quem escreve assim:
"Sê avisado, desconfia das tuas inclinações. Não imagines precipitadamente. Procura pacientemente a essência da tua natureza. Procura descobrir, pouco a pouco, a tua personalidade real. Nada fácil! Muitos só o conseguem demasiado tarde. Outros, não o conseguem nunca. Dá tempo ao tempo, não te apresses. É preciso tactear muito antes de se saber quem se é. Mas, quando te tenhas encontrado a ti mesmo, rejeita então depressa todas as vestes de empréstimo."


quinta-feira, 23 de abril de 2015

Shaolin Satellite

Quem escreve assim?

«Amor! No campo, pelo menos, não se tem medo de chamar as coisas pelos nomes: dizem que um animal está com o cio... Mas, para nós, seria muito simples; e seria humilhante! É preciso sublimar! É preciso dizer, revirando o branco dos olhos: "Nós amamo-nos!... Amo-a!... O a-mor!!!" O coração, já se sabe, é monopólio deles, dos apaixonados! Eu, sou um "coração seco", está visto!... E, naturalmente: "Tu não podes compreender!"
O eterno estribilho! A vaidosa necessidade de serem incompreendidos! Isso engrandece-os a seus próprios olhos! Como os alienados! Exactamente como os alienados: não há um louco que não se gabe de ser incompreendido!»

Taumatrópio pueril de perdas e ganhos em aventadas qualidades e realidades inventadas

Sem apócrifos eleitos, não haverá mais greves. Sem 25 de Abril também não. É um porvir sempre em devir, a superioridade moral. Gosto de borrachas brancas e lápis afiados. Só assino com a minha caneta. Votar ou eleger, deliberação ou decisão? Há entregas que, com boa razão, só se fazem à 6ª. Na próxima não. Está bom para a canoagem. Na última vez em que surfei no deserto fiquei sem conseguir mexer-me. Esta manhã, duas senhoras airosas atravessavam a estrada rindo de braço dado, numa galhofa de seis anos, em local de travessia impossível. Impossível é não dar passagem a quem ri assim. Talvez passem algumas ideias, apesar da desconfiança provocada pela exaltada apresentação. Tenho de conseguir ver sem me rir. Não sei se consigo. Falam-me em milhões e penso logo que rimam com...

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Primeiro esboço de uma promessa que começa por estragar e só pode melhorar

Ser português é ser mais alto, é ser maior
Do que os invejosos! Trabalhar como quem sabe!
É ser equilibrado e dar como quem seja
Rei dos pobres e dos offshore!

É nascer em dias grandes
E não saber sequer o que é o Inverno!
É ter cá dentro a empatia que lampeja,
É ter história e língua de descobridor!

É ter fado, é ter saudade!
Para todos, as manhãs de sol e sal...
É condensar o mundo num só povo!

E é gostar, assim, francamente...
É ser fé e corpo e esperança no mundo
E dizê-lo escrevendo a toda a gente!

The Owl Moans Low (twice:)


Estranhezas

Há dias, num elogio fúnebre, disse o Senhor Padre que sentia uma "estranha alegria" com aquela partida para casa do Pai. Ora eu, que não sei o que é uma "estranha alegria", estava apenas triste.
Ontem, disseram alguns portistas, que sentiam uma "estranha vitória" por marcarem 4 ao melhor do mundo. Ora eu, que também não sei o que isso é, senti apenas a derrota.
Hoje, recebi uma Senhora que insistira reunir comigo, farta de sacristãos que lhe davam a hóstia mas não a salvação. Despedindo-se, disse sentir uma "estranha fé", quando era apenas o despeito a ceder perante a importância em que se tem.
Eu já não estranho nada.

terça-feira, 21 de abril de 2015

A Zed And Two L's

Responder ou talvez não, como fizeres assim acharás

Diz o povo que mulher séria não tem ouvidos, que vozes de burro não chegam aos céus, que os cães ladram e a caravana passa.
Dizem os iluminados que dar resposta é dar importância, que merecem é desprezo e que o que vem de baixo não os atinge.
E assim, até parece que todos se unem e confundem no mesmo sentido.
Depois, porém, são todos Charlie. E o direito à liberdade de expressão é que é de valor. E o princípio do contraditório, esse sim é basilar. E a proibição da indefesa é que é intocável.
Enfim, lá diz o povo que quem não se sente não é filho de boa gente.
Se acreditarmos no que dizemos, pelo menos enquanto o dizemos, já não será mau. Que, diz o povo iluminado, só os tolos e os mortos não mudam de opinião.

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Da prova por evidência

Sim, falo das alegadas exigências feitas por entidades patronais a mulheres lactantes.
A confirmar-se o que hoje li (e apesar da presunção da inocência e do ónus da prova, não podemos esquecer que - em regra - quando alguém se queixa é porque lhe dói) estaremos perante uma vilania inadmissível e repugnante. Um tratamento degradante pleno em violações, cuja seriedade não cabe, evidentemente, neste blogue.
Aqui, pretendo apenas desabafar:
Perdoem-me, mas a peregrina ideia terá nascido da cabecinha pensadora de uma mulher. (Só pode.) É que, não concebo homem que avançasse tal despautério, correndo o risco de uma sua mulher (mãe dos filhos de ambos) vir a ser sujeita a tamanha indignidade.
Salvo o devido respeito, mulher que fosse minha mostrava mas era o caralho.


Atentações

Estou tentado a dizer-vos que este blogue cheira a eau savage.
Estou tentado a comentar o choque da angélica.
Tão pouco basta, que o tempo de hoje não chega para o desperdício que lhe agendei.

Chanfanas da vida

Poisa a carta sobre a mesa, sem a abrir. Num meio sorriso e a meia voz diz que acompanha no que eu escolher.
Vendo-a, mais tarde, debicar a chanfana como se fosse alpiste, sei que deveria entendê-la como "a tranquila pastorinha, pela estrada da minha imperfeição".
Sendo como sou, vejo uma mulher vistosa que, não sabendo do que gosta, será impossível de contentar.

domingo, 19 de abril de 2015

Mais que nada

Olhares de cima da burra

Enquanto aguardava pelo "relaxamento profundo" prometido pelas mãos de muda invisível, ponderava sobre as alergias que me assolam. Designadamente, sobre a condescendência e a verborreia, que me irritam sobremaneira. Acabei por concluir que, por vezes, a companhia é supérflua, por melhor que seja e ainda que se trate da da mente própria.
Acho que dormi a sesta.

sábado, 18 de abril de 2015

Locais que me encantam

Há sextas que não sabem a finalmente e manhãs de sábado que são segundas inteiras.
Depois, felizmente, há lugares que não sendo sanatórios curam cansaços da alma.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Crónicas de uma guerra anunciada

O capitão olhava a parada, que agora jazia sufocante e empoeirada, suspirando de tédio.
Ao centro, luzia o submarino, que brilhava em todo o seu esplendor, desde que o Gago começara a usar o flamingo como espanador. E, à esquerda, permanecia o Mini Mock.
Perdia-se o capitão em contemplações, tão bucólicas quanto bélicas, quando avistou, sob a bananeira...
"- Eh lá, Eh lá, ó Cheio! Que fazes aí?"
"- Descanso, meu capitão."
"- E tu Carapau? Que fazes?"
"- Eu ajudo o Cheio, meu capitão."

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Mala de viagem que não ocupa lugar nem pesa na bagagem

Se fores a Espanha leva Hemingway.
Se fores a França leva Balzac.
Se fores a Itália leva Henry James.
Se fores à Alemanha leva Goethe.
Se fores a Inglaterra leva Virgínia Wolf.
Se fores à Rússia leva Lev Tolstói.
Se fores à Holanda leva Alexandre Dumas.
Se fores à Suíça leva Thomas Mann.
Se fores à Dinamarca leva Hans Christian Andersen.
Se fores à República Checa leva Kafka.
Se fores ao Brasil leva Jorge Amado.
Se fores aos EUA leva Henry Miller.
Se fores a São Francisco leva flores no cabelo.
Onde quer que vás leva um smoking, metade das coisas e o dobro do dinheiro.

Cavalgada das Valquírias

Pistolas de água e lançadores de confetti são para meninas.
Vestir ganga integral é feio e nada camufla.
Tanques onde não se lave a roupa só servem para encher de água e "peixes-martelo".
Manifestações e greves de braçadeira, enquanto cumprem a agenda, são mais apropriadas a Senhoras de se lhes tirar o chapéu e causam menos transtornos.

Guerras de palavras

Não conheço vivalma indiferente às suas palavras.

Cuida, caro cidadão que me escuta,
Contra o poder da acusação injusta.
Não há cutelo, nem escudo, nem espadas,
Que nos protejam do poder das palavras.
(Frederico Favacho)

quarta-feira, 15 de abril de 2015

AFG

Protágoras e Becky Sharp

Diálogo entre a medida de todas as coisas e a desmedida vaidade.


Big fish eat little fish.

Nos blogues como na vida

Gosto dos de conversa viva, não dos de monólogo cego.

Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
(João Cabral de Melo e Neto)

A culpa do caixote do lixo

Dou por mim a olhar o singelo balde, encolhido dentro do armário e acossado na porta, envergonhado da sua funcionalidade.
Apercebo-me da importância de ter dois, três, tantos quantas as cores primárias, legendados, manipulados, arrumadinhos, atulhados com singular embalagem de papa plebeia.
Num rasgo de generosidade, segreda-me Ártemis que a avaria do combinado é sinal para mudar a cozinha. Tudo para o lixo, que há-de ser contentor maior.
Vendo bem, basta-me o baldinho de praia. Ainda gosto de construir castelos de areia.

terça-feira, 14 de abril de 2015

Uma primeira prova

Éramos uma trupe de cinco, todos com quinze anos, a passar um mês de férias no Marian College, onde se concentravam as aulas na manhã, deixando-nos as tardes livres para calcorrear a cidade e percorrer os bairros circundantes. Almoçávamos as sandes empapadas com rodelas de tomate e as batatas fritas temperadas com vinagre, enquanto decidíamos a tarde. Depois, saíamos livres.
Foi numa daquelas tardes, que combinámos provar a cerveja preta num pub local. Foi num daqueles "serões", que entrámos num pub em Dún Laoghaire (lê-se qualquer coisa como "dan larry"), e pedimos uma cerveja da casa para cada um de nós (assim mesmo, sem culpas nem cartões).
A partir daí rimos. Rimos muito. E falámos muito também. E rimos. E íamos dando goles daquela cerveja, como se fosse chá a ferver. Alguém disse que a mistela era amarga demais. Não sei quem se queixou em inglês. O taberneiro levou três das cinco cervejas, "to make
them sweeter" (leva, leva, mas não toques na minha). Voltou com as três que tinham agora uma rodela vermelha no fundo. (Até hoje não sabemos o que lhes pôs, mas continuo a pensar que foi grenadine.) E trocámos os copos todos e provámos de todos. E rimos. E, nesse dia, quando chegou a hora ninguém se queixou. (Afinal, só não as acabámos por não termos tido tempo.)

Contratempo


Coisas que acontecem no contratempo
Não se sujeitam ao consenso
Ficam no fundo
Enquanto o resíduo perece
Sabedorias feitas na manga
Servem ao estado presente
Ficam distinto(s)
Enquanto a maioria embarga
Se a relação do contratempo
E do tempo presente
Assimilarem
Não se precisava de viagens (asm)(cosm)áticas
As teorias seriam atendidas
Mas a inteligência limita a autonomia humana

Sem tempo para Calatrava

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Não é que não goste de beijos

É que gosto mais de coisas diversas.
(Algumas começadas por beijos. Outras acabadas em beijos. Poucas sem beijos.)

Azares que desafinam

Esta manhã, estava parado na fila imposta pelo semáforo vermelho quando, mesmo ao meu lado, na fila que circulava em sentido contrário, o cinzento embate no branco. Vejo a senhora embatida fechar os olhos em câmara lenta e, muito teatralmente, inspirar e expirar, antes de ficar verde.
Fiquei com pena do tipo cinzento que lhe tocou. E não foi por causa da risível dimensão dos estragos.

domingo, 12 de abril de 2015

Green Grass Of Tunnel

E o gato?


Desce.

Ladainha do Marquês

Amou nos Yves Delorme como se fosse a última.
Perfumou-se com Baccarat como se fosse a última.
E bebeu Kopi Luwak como se fosse o único
E ultrapassou os C no seu S tímido
Pegou na Hasselblad como se fosse máquina
Ergueu com os Choppard quatro olhos sólidos
Mont Blanc com Caran d'Ache num desenho mágico
Seus olhos embotados de padrões e lógica
Sentou na Christopher Guy como se fosse sábado
Comeu wagyu como se fosse um príncipe
Bebeu Dom Pérignon como se fosse náufrago
Dançou e estancou como se ouvisse música
E tropeçou nos Testoni como se fosse um bêbado
E flutuou no Breitling como se fosse um pássaro
E se acabou em Tabriz feito um pacote flácido
Agonizou no meio do aplauso público
Morreu no monograma ansiando o tráfego

E acordou sorrindo com a extinção dos crocodilos e os buracos nos polos.
(ao ritmo de Construção, Chico Buarque)

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Pior que as obras de Santa Engrácia

O cabeçalho nunca mais está pronto?

Coisas que aprendo

Fiquei a saber que há revistas de moda masculina. Continuo sem saber quais são.
Fiquei a saber de uma dinâmica familiar. Continuo a preferir não saber.

Sem peias

Tenho cuidados (para não viciar nisto); Tenho planos (não sei se chova ou se faça sol); Tenho que me decidir (estou sem gelo há duas semanas); Tenho um galo na sala (veio de Cienfuegos e retrata uma aventura).

Direito, dever ou querer

Muito se tem dito e escrito (ouvido e lido, já não sei) acerca do direito a ser político. Ao longo desta semana, e na sequência da apresentação de uma candidatura à presidência da república, chorrilharam os do costume, todos no mesmo sentido, ou não fossem democratas até ao tutano.
Unanimemente resolvido, portanto.
Confesso que foi a questão reflexa que me suscitou dúvidas. Isto é, tendo o direito, teremos também o dever?
Peroro:
Tenho amigos de várias cores políticas, sendo que alguns vestem a camisola com uma convicção devota. Numa tertúlia, criada nos idos tempos de faculdade, vários são os cidadãos-públicos (a expressão faz lembrar wc-públicos e é uma provocação) do pp ao ps (não sei porque não há comunistas ou be, mas é assim). Recordo que em 2004, sendo alguns deles candidatos nas europeias, voltámos a encontrar-nos com maior assiduidade, precisamente para discutir. Na altura, e para reunir Lisboa, Porto e Coimbra, escolhemos um poiso panorâmico sobre o Mondego. Eram serões quentes que jamais careciam de moderação. Tudo isto, para dizer que gosto de política, gosto muito de discussões sobre política e não tenho qualquer pré-juízo contra políticos. Adiante:
Amiúde, e com maior intensidade em alturas como esta, alguns conhecidos abordam-me para que me filie no partido a ou b ou c, o que tem a sua piada, reconheço. Chegaram, inclusive, a procurar-me em casa munidos de uma "folhinha para os dados". Não sou filiado (isto é expor-me demais? façamos um exercício de democracia direta: quem acha que sim põe a mão no ar).
Deveria sê-lo? Há algum dever em participar publicamente na política? (Sim, votar é dever cívico e estar informado dever de consciência, não vamos por aí.)
Eu voto não.
A minha formação é para fazer o que faço. Foi por vocação que escolhi. O facto de ser "de família" em nada beliscou a minha liberdade de escolha, até porque tenho irmãos. E, o que faço, faço bem.
Em suma, convergirá o direito e o querer, sem que o dever entre na equação.
Mantenho-me homem-privado.

Santa Maria (Del Buen Ayre)

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Constatações

Alguns não sabem ser bons. Nem sequer para si próprios.

Goji

Há cerca de um ano, fui ao viveiro de plantas que costuma tratar-me do quintal. Junto à entrada estavam uns arbustos pequenos com umas bagas vermelhas. Lycium Barbarum. Ou, simplesmente, plantas de goji. Logo pensei em ter um. Afinal, comer as bagas acabadas de colher da planta, seria coisa biológica a valer. Verdadeiro investimento no bem-estar e na longevidade familiares. Idealizei o local, entre a buganvília e a roseira inglesa, e pedi que me plantassem a goji quando lá fossem cuidar das árvores.
Um dia, quando cheguei a casa, deparei-me com o trabalho feito e senti-me logo rejuvenescido. Ah!, agora é que ia ser moderno, a enfardar goji fresquinhas, ainda por encarquilhar.
De início, o pequeno arbusto era o meu embondeiro. Eu, um principezinho de boa forma, a todos apresentava o novo residente. Um verdadeiro enlevo.
Depois, passou-me a febre. Ficou a goji ao fundo do quintal. Veio o verão que trouxe ausências. Chegou outubro e a ronda da praxe.
É então que me apercebo... o arbusto era agora um emaranhado de longas guias. Uma visão absolutamente desregrada. Crescera sem rei nem roque e entrelaçara-se com as outras plantas, atravessara a grade do canil de Milú, lançara-se sobre a laranjeira mais próxima e estendera-se sobre a relva. Uma profusão descontrolada de lianas, a fazer lembrar a selva. E, ainda por cima, as folhas eram feias, os ramos tinham espinhos e as bagas não chegavam para a cova de um dente.
Logo ali me decidi a arrancar a porra da erva que estava a dar cabo de tudo. Munido de luvas e de um pequeno serrote, lancei-me à tarefa, enquanto maldizia a moda das porcarias saudáveis. Imbecis. Todos uns imbecis. Isto é difícil de arrancar. Está aqui, está a vir a roseira agarrada. Ai que esta merda está a abanar a buganvília e vai fazer cair todas as flores. Au, que a gaja pica mesmo.
Por fim, venci. Coloquei a erva daninha no lixo. Entrei em casa, para logo ouvir: "ai que tem o braço todo arranhado. Deixe-me ver. Quando não, ainda lhe saem por aí as veias grossa, que as finas não cabem".
(Também "prefiro rosas" "e antes magnólias amo").

Eis...



quarta-feira, 8 de abril de 2015

Night Over Manaus

Declaração de Princípios

1 - O Outro Ente é um heterónimo.
2 - O Outro Ente lê o que o ortónimo lê.
3 - O Outro Ente ouve o que o ortónimo ouve.
4 - O Outro Ente vai onde o ortónimo vai.
5 - O Outro Ente possui o que o ortónimo possui.
6 - No mais, voltar a 1.

Posto isto, informo que possuo um Lamborghini.

O gato de tricot que virou bibelot



O meu peluche feito por Eliza, a bisavó que colocava uma colher de açúcar na sopa.

terça-feira, 7 de abril de 2015

Natureza morta


Domenico Ghirlandaio, Retrato de uma jovem


As mulheres bonitas são serenas. Gosto de as olhar como a um quadro. O rosto por vincar, os olhos por acender, o nariz por marcar e a boca por curvar, emoldurados por um cabelo por desgrenhar. São harmoniosos os traços de uma mulher bonita. Gosto de atentar nas mulheres bonitas como em retratos. Depois, fecho o álbum.

Assim não vamos lá

Se marquei uma reunião para "ponto de situação" de determinado projeto, isso significa que pretendo reunir para analisar o estado do projeto.
Ainda gostava de saber o que dá, em alguns, para meterem na cabeça que a reunião visava prescindir dos seus serviços. Falta-me pachorra para aturar neuras.

De corpo inteiro

Se vos digo que sempre gostei de música, não vou além de um lugar comum. Afinal, de música todos gostam. Porém, o busílis da minha relação com a música é, desde o início, uma desafinação crónica e inultrapassável. Daí que, não surpreenda a predileção pelo piano, esse etéreo objeto, sempre no tom.
E depois, o teclado de um piano é como o rebanho de ovelhas tosquiadas que sobem do lavadouro, no erótico Cântico dos Cânticos.
Há um desejo e um envolvimento sensual com o piano, desde as mãos que começam nos ombros e se concentram nos cotovelos aos pés que surgem das costas e comunicam ao pescoço.
A ânsia de te tocar Debussy com os carneiros a saltar, a de te tocar Mendelssohn que os faz correr, a de tocar Gershwin que os faz desaparecer... Queria trocar mãos para os teus suspiros.
Assim, fico-me pelo acariciar de Satie, sublime nesta alucinação.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

sábado, 4 de abril de 2015

Amêndoas

Sentado neste alpendre, na companhia deste Quinta do Noval 1937 e do meu Cohiba preferido, vejo as amendoeiras que sempre aqui vi. Lembro-me de quando as amêndoas eram apanhadas e colocadas em tabuleiros de madeira, que os homens, um de cada lado, levavam até à eira, para que secassem. Lembro-me que depois, com canivetes, eram despidas da casca mole, já tisnada, e colocadas em sacos de serapilheira. Havia tantas amêndoas, que a eira se tornava pequena à medida que se amontoavam os sacos. Lembro-me de estar sentado no murinho de tijolo miúdo que delimitava o círculo, cobiçando as amêndoas e mirando o seixo com que as partiria... O avô dizia: "-Antes quero saber-vos a comer um torrão de açúcar do que a comer amêndoas na eira." Talvez, por isso, não goste de comer amêndoas.

Ressurreição*

“Podiam algumas centenas de milhares de seres humanos amontoados naquele pequeno espaço mutilar a terra sobre a qual se juntavam, podiam esmagar o solo com blocos de pedra para que nada germinasse, podiam arrancar as ervas que começavam a nascer, podiam encher a atmosfera com o fumo do petróleo e do carvão, podiam derrubar as árvores, afugentar os animais, amedrontar as aves, mas a Primavera, mesmo na cidade, seria sempre a Primavera”. *Liev Tolstói

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Stabat Mater

Vou cortar pau buxo

A bisavó vivia a ilusão de orientar as preparações para a Páscoa. Começara há cerca de duas semanas, assegurando-se de que os licores de tangerina e de funcho estariam prontos atempadamente.
Anna era uma mulher atormentada, apaixonada por línguas e ideais de salvação. Conhecia as Bíblias católica e budista e o Korão. Saíra da Alemanha para a Suíça e casara com o bisavô que nunca conheci, num Portugal que não lhe bastava.
Enquanto pôde, Anna viajara pelo mundo, ausentando-se longos períodos e levando o avô a dizer que a mãe era estrangeira em toda a parte.
As três arcas da bisavó eram assustadoras, como caixões para doze homens. Enormes, largas como tabuleiros de passas e altas como nós, de madeira escura envernizada.
A da sala da costura tinha roupas antigas, vestidos de batizados e de casamentos, peças de veludo e saris de seda (que ninguém sabia envergar sem cinto e por vezes acabavam em vestidos) e panos de linho bordados a cru.
Na sala da despensa (sempre me intrigou que fosse uma das maiores divisões da casa), onde havia louceiros e lareira com lar, estavam as outras duas arcas. Uma com as loiças Johann Sellman e Langenthal e outra com estatuetas e esculturas, telas e quadros, livros e memorabilia.
Nestes dias, abriam-se as arcas. Arejar e limpar eram palavras de ordem.
A bisavó, que não nos queria dentro de casa, encomendava o recado, para apanharmos pau buxo e o espalharmos desde a estrada até às escadas. Assim - dizia a bisavó  - o Senhor Prior traria Aleluia.
(Mal Anna sonhava que, jogando às escondidas, eu e o Nuno nos escondíamos dentro da arca da roupa, prolongando as buscas até nos fartarmos.)

quinta-feira, 2 de abril de 2015

É ver seringa e imaginar telemóvel

Non, ou a vã glória de morrer

Aniki Bóbó.

Pássaros e exames

Isto de ter um blogue com comentadores espetaculares, faz-me recordar coisas em que não pensava há anos.
Por exemplo, o pardalito atropelado pela Mirone e o exame da Uva Passa, trouxeram de volta esta piada, dos meus tempos de meninice:
"- O menino diga-me as espécies de aves que conhece."
"- Pássaros, passaritos, passarocos, aves de arribação, melros e cucos."
"- E um chumbinho para matar essa passarada toda?"
"- E um olhinho vesgo para não acertar em nenhum?"

Deminutio in pejus

É raríssimo aceder a integrar um júri. Porém, não consigo esquivar-me quando o tema dissertado me é particularmente próximo.
Continuo sem aceitar a tese segundo a qual o professor é 20 e os candidatos serão por aí abaixo. Aquela ideia de que quanto melhor o professor, piores as notas dos alunos.
O orientador não está a ser avaliado, senão por repercussão: será tanto melhor quanto mais elevado o resultado do orientado.
Enfim, propor uma nota elevada e ser o orientador (a fava branca?) a sugerir qualificação mais baixa, continua a frustrar.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

My Girls

Aquém

Eles vinham com os seus fatos cinzentos e as suas gravatas amarelas. De cara escanhoada e pescoço grosso. Sólidos nos conhecimentos de quem faz. Se exaltados, confidenciava a D. Eugénia que secretariava as reuniões, faziam lembrar um "boi taurino".
Elas vêm com as suas andas e os seus fatos sintéticos. De cara fechada e cintura fina. Com fezada nos argumentos de quem estudou. Imitam as atrizes e fazem lembrar outras mulheres.
Uns como outras dizem que "consideram de que" e que não está certo "culminar" com expulsão a falha de quem as manda... Mas agora, precisam que lhes explique menos vezes o que compreendem à primeira.
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(Ferdinando Scianna, Asia Argento)

A moda do erro solteiro

As notícias veiculadas hoje, acerca da Madeira não ser o estado da Flórida, são a partida do 1 de Abril.
(Desta vez foi fácil identificar o wally. De tão absurdo só podia ser mentira).

Insignificâncias

Um homem está dois dias fora e, quando regressa, parece ter estado ausente uma eternidade, tal o volume de trabalho acumulado.
É coisa para me fazer sentir imprescindível.
The Art of Living, 1967 by Rene Magritte
(René Magritte, The Art of Living)