quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Autoanálise

Apercebes-te de que passaste a preferir as V7... e inquietas-te sobre a ditadura do proletariado.

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Eu escrevo na água todos os dias

Não é que não me apeteça escrever. Pelo contrário, apetece-me dizer: Rocambole, Rasputin, Robin dos Bosques. Reinos da utopia, castelos da Baviera, velhas pedras do passado, ameias, Bacantes e tochas ardentes. Cantos gregorianos, cenários de luxúria, Vernissages, baralhos dos dias, Casanova. Roissy, Soho, tresloucado, Ilha dos Amores, Central Station.
Quero falar-te de coisas de nada. Não me importa que as nossas vidas não venham na história. Só exijo que acredites nos sonhos que não morrem neste mundo.

"Olho para o papel branco (afinal um tudo-nada pardacento) sem a angústia de que falava Gauguin (ou será Van Gogh?) ao ver-se frente da tela, mas com apreensão, apesar de tudo, Que vou eu escrever – eu, a quem nada neste mundo obriga a escrever? Eu, antecipadamente sabedor da inutilidade das linhas que neste momento ainda não redigi..." Augusto Abelaira, Bolor

* "Escrever na água" era o nome da crónica de Augusto Abelaira.

terça-feira, 11 de outubro de 2016

A blasfémia de Martim

Ontem, durante o jantar, com ar sério e voz grave, o meu filho contou: - Hoje, o Martim foi muito mal-educado e disse uma coisa que tu nunca admitirias.
Habituado às diatribes do Martim, useiro e vezeiro em não fazer os TPC e em jogar futebol com copos de iogurte, perguntei: - Que fez, desta vez, o Martim?
Ele, arregalando os olhos, respondeu-me: - O Martim disse que o Pai Natal não existe.
Apanhado de surpresa, indeciso entre arruinar-lhe a fantasia ou deixá-lo ser gozado, limitei-me a: - E então?
- Eu disse-lhe que o Pai Natal é um símbolo.



segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Liber Chronicarum

Era uma lembrança desse tempo de delícia, em que a palavra vinha direita do coração e a manhã nos envolvia com a seda e o sorriso das ninfas.
Era um tempo perdido no tempo.