quinta-feira, 30 de abril de 2015

Cru

Os restaurantes que anunciam e fazem alardear um preço por pessoa (sem vinhos incluídos, bem entendido) exorbitante, repelem-me. Fico a pensar no que servirão, para concluir que hão-se servir o que não gosto.
Convenhamos que não é preciso beber toda a água do mar para saber que ela é toda salgada. Confesso que provei a do morto durante a travessia do deserto da Judeia. Exageradamente salgada e ligeiramente oleada. Andava, há não sei quantos dias, a sopa de cebola e pão ázimo. O jipe a levantar uma poeirada entre as pequenas casas de barro amarelado e as casas maiores de barro mais escuro que tinham as vigas de ferro a sair pelo teto acima, eternamente inacabadas, à espera da geração futura que habitaria mais junto do céu. Frente às portas das casas pequenas e grandes, dependurado, o corpo do animal morto. Cada casa, sua carcaça. Normalmente, uma vaca. Pelada, esventrada, degolada e esquartejada. Putrefacta. Era o seu "costume": manter a carne ao ar e ir consumindo. Víamo-los dirigirem-se ao gancho e cortarem o naco para a refeição.
Antes a fome com bons vinhos à discrição.

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