domingo, 26 de abril de 2015

Hades no céu

E os Homens de cravo na lapela e sem botões de punho na terra. Em homenagem à liberdade e à igualdade, eles sentiram-se livres para não colocar flor e elas livres se sentiram para a colocar na lapela dos fatos de calças que envergaram. É o progresso, camarada.
Afinal, onde havia dois agora há só um. Pobres velhos que ainda hão-de cruzar o que juraram não atravessar. É a involução, pá.
O congresso das gravatas vermelhas e encarnadas só foi destoando com as cor-de-vinho-tinto. É a moda, meu.
E quando de manhã, tua mãe te olhar dizendo "pareces tão cansada", dirás "não dormi bem, passei a noite inteira a sonhar acordada". É o sonho, meu bem.

2 comentários:

  1. De vestido e flor no cabelo, mas é na lapela, prefiro no cabelo, de mão dada, não é preciso podes soltar a mão, mas escolho dá-la. "É o progresso, camarada".
    Afinal, onde só um reinava agora reinam os dois. Pobres velhos que viveram quando a escolha ainda não era possível. Evoluímos, pá.
    E de manhã se me tivessem dito "pareces tão cansada", teria respondido, não dormi bem, fui ver fogo de artifício, estive num concerto na rua, dancei à chuva. É a liberdade.

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    1. Querida Cláudia,
      Viva o livre-arbítrio. De mãos dadas.
      Beijo,
      Outro Ente.

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