domingo, 10 de abril de 2016

Dos posts em tempo real - o meio

Uma noite tenebrosa, das terras de Assur soprou um vento árido que fez estourar os grãos de milho e os pulverizou em todas as direções infestando desde Decápola a Ascalon. Ben-Bossa ainda tentou amedrontar os demónios, mas os espíritos atormentados das almas reproduziram pipocas sob todas as formas e feitios.
Sacrilegamente, erigiu-se o mau gosto em moda, os pastores de Idumeia em guias turísticos, os rebentos em manequins de montras, os contos macios de adormecer em mantras salutares. Tornaram-se os milhos estourados em bloggers capazes de emendar todas as desventuras dos esperançados anónimos e das crentes trigueiras.
Um dia do meio, qual Jeremias -o rabi maravilhoso, um fariseu murmurou que ele próprio havia repousado entre bálsamos de Gilead, arrancado os sete demónios do peito de Obed e as sete saias de Magdala, emborcado Barca Velha como Compal de uva. E, acalentado com a devota reverência dos que o seguiam, não se conteve a contar como ele mesmo havia sido degolado pelo salteador Barrabás e se erguera para voar sozinho num Boeing comercial.
Tudo isto foi ruminado por uma noite e aceite por aqueles para quem as estrelas são sempre claras e fáceis nos seus segredos. Afinal, também não se pede aos da Cultura que exibam educação.
Depois chegaram os ovos podres...

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