quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Não é bem isto

No bolso do bibe encardido o lápis colou-se à pastilha. As pessoas que não dizem nada de jeito demoram-se tanto a conversar. Num silo com escada em caracol vive-se muito devagar. O palhaço pobre tem tempo de sobra e cheira a perfume de mulher. Está um papagaio de óculos de sol na missa. Na casa mais feia do mundo o quarto de banho não tem janelas. O motorista é lento para não passar muito tempo à espera. A gaveta dos talheres não tem sítio para as colheres de café, falta-lhe um espaço minúsculo. Não sei se sonhei, se inventei, se vivi repetidas vezes. Não quero dizer nada. Às vezes, só quero não desaprender a falar. 

6 comentários:

  1. Eu também, caro Outro Ente e sobretudo demorar-me em (des)conversas. Deve ser por isso que nasceu a expressão que 'o silêncio vale ouro'.

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    1. Querida Ava Pain,
      Gosto desse adágio. Gosto igualmente da resposta popular "a palavra é um tesouro". Vou-me balançando nesta corda bamba e, por vezes, caio.
      Bom dia,
      Outro Ente.

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  2. Gosto imenso destes seus posts.
    Fintam-me os neurónios. :-)
    Boa noite, caro Outro Ente.

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  3. Querida Susana Rodrigues,
    Quis aprender a escrever
    fui buscar uma caneta
    à gaveta do papá
    a minha mão ficou preta
    e fiz riscos no sofá.
    Às vezes sai melhor a lápis.
    Um beijo,
    Outro Ente.

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  4. Por isso, há quem decida cortar a língua!

    Beijos, caro Ente. :)

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    1. Por isto? Por Babel! Acho que manga de mim...
      Um beijo,
      Outro Ente.

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