quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Não castrem as ninfas

Dou respostas estuporadas, plenas de alugueres, livros de auto-ajuda, formulários e informações em tempo real. Afogo-me em pantomimas de fraternidade e nostalgias de hábitos. Cúmplice de compostinhos incontinentes de citações, poliedros de mil lados. Ligo a paz ao simulacro de ganha-pão do canibal. Agarro-me às pontes entre o individualismo e a solidariedade. A união universal entre homens e mulheres. As mulheres são todas diferentes. São sempre outras. Deixo-me abraçar. Nostos. Regresso à humanidade dos crimes. Inconfessáveis, absolutos, conscientes. Desconstruídos em meras transgressões organizadas. Exibicionistas, armazenadas em labirintos de argumentos lógico-transcendentes. Entre Pompeia e Creta, Tróia, por Helena. A mea culpa não basta. Vejo os espelhos de Alice arruinados. Legendados com estéreis mantras sapientes recuperadas do papagaísmo de quem desmerece Gita. Já nada reflete as ruínas de Propécio. Nirvana. Acordo. Impregnado de oportunismo. Descubro que os xpexialuanes foram substituídos por deslavados e labregos. Chegou o Festim dos Centauros. Valho-me dos cânones dessacralizados do mundo virtual para catalogar. Categorizo o riso, a fome, o sexo, a arte, o lixo. Os novos símbolos da imagética freudiana deixam-me sem Kairos. A alquimia das maravilhas é decifrada pelas novas tecnologias. Quem me salvará do mal? Bocejo.
Kaputt.

10 comentários:

  1. Ninguém nos salva do mal (ou dos bocejos) a não ser nós mesmo!

    Bom dia, caro Ente. :)

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    1. Querida Maria Eu,
      Talvez, talvez. No entanto, sendo eu a causa principal dos meus bocejos e os outros a dos meus risos, permita-me que extrapole, para concluir igualmente a propósito da salvação.
      Beijos,
      Outro Ente.

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  2. Olha outro, ente, que acordou passado!

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    1. Querida Lady Kina,
      Às vezes, dá-me. Felizmente, é com força.
      Um beijo,
      Outro Ente.

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  3. Olhe, agora dava-lhe um daqueles beijos que não vêm nos livros de auto-ajuda, daqueles de que não se falam nas calhas de cabeleireiro, nem nas consultas de tarot.

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    1. O beijo pueril que agradeço e retribuo. Eu tenho 6 anos e a menina é a mais linda da minha turma.

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  4. Querido Outro Ente,
    L'enfer c'est les autres, já dizia JP Sartre.
    Nós por cá, apesar das nossas idiossincrasias, conseguimos que nem o céu seja o limite.
    Um beijo,
    Linda Blue.

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    1. Querida Linda Blue,
      Nós por cá, ainda vamos tendo céu na terra. O problema, já dizia Asterix, é se o céu nos cai sobre a cabeça.
      Um beijo,
      Outro Ente.

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  5. Às vezes também vejo os espelhos de Alice arruinados. Nunca se lhe segue um bom dia.
    Boa noite.

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