quarta-feira, 1 de julho de 2015

Subjectividade do espaço

Este tipo come de asas abertas. Ninguém lhe pôs livrinhos debaixo dos braços, em 1999. Ela está tão longe que não encostamos os joelhos nem roçamos os cotovelos. Só com os olhos lhe toco. Os olhos são alma. Quero chegar-lhe também com a pele. Movimento e matéria. Que mania esta de fazerem elevadores acatitados, em 2001. Indesejáveis vibrações omnipresentes. Apoia-te em mim. Desejo enlaçar-te e repousar a mão na tua anca. Vácuo sem gravidade. Ainda gostava de saber porque improvisam estas salas de crise e lhes dão um certo ar de bunkers. Devem pensar que se as necrópoles implodirem estaremos a salvo. Vazio ou Via Láctea. Sete palmos de terra nunca bastarão. Será tudo a perder a vista. Quero as palavras dos teus trejeitos mudos. Troco o espaço todo. Há quem se mate por um palmo de terra. Basta-me a tua sombra. Brecht e Ginsberg. Sou inquilino sem termos no nosso espaço. Sideral. Somos círculos abertos feitos de prismas inacabados. Primordiais.
(Bill Brandt)

2 comentários:

  1. E eis que tão bem se descreve um outro Escher. Caro Outro Ente, eu não sei porque gosto disto, só sei que gosto. Muito.

    De 1999 lembro-me do Espaço, fazia-me muito medo aquilo.
    E deixo um abraço.

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  2. Querida Susana Rodrigues,
    Um comentário que me aquece o coração.
    Obrigado,
    Outro Ente.

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