quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Perturbações II

Perturba-me quando a memória não serve o papel de resgate.

(Sebastião Salgado)

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Porque o amor não tem chulé



Psiquê, imortalizada por Eros; Luísa, a quem Basílio aportou uma existência superiormente interessante; Alcíone, eterna em Ceix; Dulcineia, que Dom Quixote tornou norte dos caminhos e estrela da ventura; Andrómeda, salva por Perseu; Susana e Fígaro, inesquecíveis a uma só voz; Júlia, resgatada por Winston de 1984; Jacinto, celebrado pelo canto de Apolo; Ares e Afrodite, unos em Harmonia; Eurícide, por quem Orfeu chorou lágrimas de ferro; Papageno e sua Papagena; Ártemis, acompanhada por Órion; Filémon e Baucis, que permanecem unidos pelos troncos;  Aurora, beijada por Phillip; Branca de Neve, ressuscitada pelo seu príncipe encantado.

Em cima: O beijo, de Rodin, onde se comprova, como se a vida não nos ensinasse quanto baste, que o amor até lava os pés.

(À consideração da espirituosa Cuca, a Pirata.)


Banda sonora para hoje

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

A imanência de Éris

Se pudesse bastar-me com "a mais bela" da festa de Peleu e Tétis, como Páris; se a minha dúvida não fosse inabalável e persistente; se a demanda fosse menos exótica e genuína; se não  me perdesse em excessos de vendaval e em volubilidades da vida; se acreditasse em absolutos inviáveis, em perplexidades prolixas, em distâncias da certeza; se calasse as desconfianças extravagantes, até de mim...
Entretanto, basto-me com pão com queijo; amazonas deslumbrantes, porvires de graça; temperos do frio; terras férteis semeadas, como dantes; noites imensas; génios sem ansiedades; memórias diletantes e coleções de variados amores.

Para sempre

A necessidade incessante de te buscar que me pulsa nas veias e alenta será, talvez, a obra maior do sentir perenidade.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Pim!

Há dias, acedi a partilhar a conta do Spotify com a minha filha. Na altura, pareceu-me uma solução de compromisso vencedora, que satisfazia os interesses de ambas as partes sem beliscar as respetivas convicções. Uma espécie de win-win situation que a deixou contente e me deixou descansado. Tudo corria bem...

Acaba de me aparecer uma notificação "just for you" com a sugestão Taylor Swift. 
Como diria a minha filha: morri.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Hinos e hossanas

Neste blog, continuará a conversar-se sobre o sopro de um beijo, sobre a música, sobre os golos e os milagres e as damas de allure et charme. Sobre os sonhos fabulosos e o gosto de os viver, a fantasia e o labor, a poesia e o improviso, a caricatura e a evidência, a boa disposição e os ovos escalfados em molho de tomate, cardápios de sedução para paradigmas possíveis. Sobre a mulher, a vida, as chuvas, os anos. Sobre os desejos inconfessados, as fragilidades da vida, as paisagens da existência. E sobre a criação de frísios, os heróis e seus galopes, o correr da pluma, a sucessão das datas, as diferenças, as desistências. Sobre os valores que perduram. Sobre a inalienável dignidade. Sobre a ironia, a ternura e a incessante busca de azimutes. Sobre os cometimentos e os merecimentos e o humanismo e a comunhão no urbanismo. Sobre o tinto velho com bom queijo. Sobre o apego bacoco a números de telemóvel que não atendem mais...

Continuamo-nos

Um jeito de silêncio, bailado de mar e terra. Fins de tarde passeados na alameda à sombra das árvores altas. O badalar quinhentista das horas in illo tempore. O instante breve e fugaz em que o sonho persiste e me integra, em que te sentas a meu lado e te inventas e me invades. Coisas de nada. Utopia. Deslumbramentos. Tangos extravagantes. Naufrágios ao nível de um Conde Andeiro. Basófias sem censura...