segunda-feira, 11 de abril de 2016

Para Maria Alice


6 comentários:

  1. Obviamente devolvo-os e aprendo uma língua nova.

    A aprendizagem, seja ela qual for, é sempre edificante.

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  2. Senhora D.,
    O seu último comentário ao post anterior deixou-me incomodado. Reconheço que consigo ser "insensível" e, embora não tenha sido a intenção... enfim, tentei amenizar o seu sofrimento. Percebo que não aceite limões como ramo de oliveira.
    Desejo-lhe edificantes aprendizagens, embora, por dever de consciência a advirta de que nem todas o são. Espero que nunca me venha a dar razão.
    Boa noite,
    Outro Ente.

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  3. Maria Alice, não seja assim. Aceite os limões que o Outro Ente lhe oferece. Ora veja:


    "
    Lira do amor romântico
    Ou a eterna repetição

    Atirei um limão n’água
    e fiquei vendo na margem.
    Os peixinhos responderam:
    Quem tem amor tem coragem.

    Atirei um limão n’água
    e caiu enviesado.
    Ouvi um peixe dizer:
    Melhor é o beijo roubado.

    Atirei um limão n’água,
    como faço todo ano.
    Senti que os peixes diziam:
    Todo amor vive de engano.

    Atirei um limão n’água,
    como um vidro de perfume.
    Em coro os peixes disseram:
    Joga fora teu ciúme.

    Atirei um limão n’água
    mas perdi a direção.
    Os peixes, rindo, notaram:
    Quanto dói uma paixão!

    Atirei um limão n’água,
    ele afundou um barquinho.
    Não se espantaram os peixes:
    faltava-me o teu carinho.

    Atirei um limão n’água,
    o rio logo amargou.
    Os peixinhos repetiram:
    É dor de quem muito amou.

    Atirei um limão n’água,
    o rio ficou vermelho
    e cada peixinho viu
    meu coração num espelho.

    Atirei um limão n’água
    mas depois me arrependi.
    Cada peixinho assustado
    me lembra o que já sofri.

    Atirei um limão n’água,
    antes não tivesse feito.
    Os peixinhos me acusaram
    de amar com falta de jeito.

    Atirei um limão n’água,
    fez-se logo um burburinho.
    Nenhum peixe me avisou
    da pedra no meu caminho.

    Atirei um limão n’água,
    de tão baixo ele boiou.
    Comenta o peixe mais velho:
    Infeliz quem não amou.

    Atirei um limão n’água,
    antes atirasse a vida.
    Iria viver com os peixes
    a minh’alma dolorida.

    Atirei um limão n’água,
    pedindo à água que o arraste.
    Até os peixes choraram
    porque tu me abandonaste.

    Atirei um limão n’água.
    Foi tamanho o rebuliço
    que os peixinhos protestaram:
    Se é amor, deixa disso.

    Atirei um limão n’água,
    não fez o menor ruído.
    Se os peixes nada disseram,
    tu me terás esquecido?

    Atirei um limão n’água,
    caiu certeiro: zás-trás.
    Bem me avisou um peixinho:
    Fui passado pra trás.

    Atirei um limão n’água,
    de clara ficou escura.
    Até os peixes já sabem:
    você não ama: tortura.

    Atirei um limão n’água
    e caí n’água também,
    pois os peixes me avisaram,
    que lá estava meu bem.

    Atirei um limão n’água,
    foi levado na corrente.
    Senti que os peixes diziam:
    Hás de amar eternamente."

    Carlos Drummond de Andrade

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    1. Querida Mirone,
      Creia que não atirei limão algum. As minhas ações pautam-se pela cordialidade, tal como a minha intenção relativamente à senhora d.
      Estou mesmo a ver que isto vai dar mau resultado e depois o mauzão é o Outro Ente que induziu a secretária em erro.
      (Se já me era indiferente o poema, agora passou a desgostar-me.)
      Noite feliz,
      Outro Ente.

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    2. Já cá não está quem falou. Desculpe se o desgostei.

      Uma noite descansada, Outro Ente.

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