Senhora D., O seu último comentário ao post anterior deixou-me incomodado. Reconheço que consigo ser "insensível" e, embora não tenha sido a intenção... enfim, tentei amenizar o seu sofrimento. Percebo que não aceite limões como ramo de oliveira. Desejo-lhe edificantes aprendizagens, embora, por dever de consciência a advirta de que nem todas o são. Espero que nunca me venha a dar razão. Boa noite, Outro Ente.
Querida Mirone, Creia que não atirei limão algum. As minhas ações pautam-se pela cordialidade, tal como a minha intenção relativamente à senhora d. Estou mesmo a ver que isto vai dar mau resultado e depois o mauzão é o Outro Ente que induziu a secretária em erro. (Se já me era indiferente o poema, agora passou a desgostar-me.) Noite feliz, Outro Ente.
Obviamente devolvo-os e aprendo uma língua nova.
ResponderEliminarA aprendizagem, seja ela qual for, é sempre edificante.
Senhora D.,
ResponderEliminarO seu último comentário ao post anterior deixou-me incomodado. Reconheço que consigo ser "insensível" e, embora não tenha sido a intenção... enfim, tentei amenizar o seu sofrimento. Percebo que não aceite limões como ramo de oliveira.
Desejo-lhe edificantes aprendizagens, embora, por dever de consciência a advirta de que nem todas o são. Espero que nunca me venha a dar razão.
Boa noite,
Outro Ente.
Maria Alice, não seja assim. Aceite os limões que o Outro Ente lhe oferece. Ora veja:
ResponderEliminar"
Lira do amor romântico
Ou a eterna repetição
Atirei um limão n’água
e fiquei vendo na margem.
Os peixinhos responderam:
Quem tem amor tem coragem.
Atirei um limão n’água
e caiu enviesado.
Ouvi um peixe dizer:
Melhor é o beijo roubado.
Atirei um limão n’água,
como faço todo ano.
Senti que os peixes diziam:
Todo amor vive de engano.
Atirei um limão n’água,
como um vidro de perfume.
Em coro os peixes disseram:
Joga fora teu ciúme.
Atirei um limão n’água
mas perdi a direção.
Os peixes, rindo, notaram:
Quanto dói uma paixão!
Atirei um limão n’água,
ele afundou um barquinho.
Não se espantaram os peixes:
faltava-me o teu carinho.
Atirei um limão n’água,
o rio logo amargou.
Os peixinhos repetiram:
É dor de quem muito amou.
Atirei um limão n’água,
o rio ficou vermelho
e cada peixinho viu
meu coração num espelho.
Atirei um limão n’água
mas depois me arrependi.
Cada peixinho assustado
me lembra o que já sofri.
Atirei um limão n’água,
antes não tivesse feito.
Os peixinhos me acusaram
de amar com falta de jeito.
Atirei um limão n’água,
fez-se logo um burburinho.
Nenhum peixe me avisou
da pedra no meu caminho.
Atirei um limão n’água,
de tão baixo ele boiou.
Comenta o peixe mais velho:
Infeliz quem não amou.
Atirei um limão n’água,
antes atirasse a vida.
Iria viver com os peixes
a minh’alma dolorida.
Atirei um limão n’água,
pedindo à água que o arraste.
Até os peixes choraram
porque tu me abandonaste.
Atirei um limão n’água.
Foi tamanho o rebuliço
que os peixinhos protestaram:
Se é amor, deixa disso.
Atirei um limão n’água,
não fez o menor ruído.
Se os peixes nada disseram,
tu me terás esquecido?
Atirei um limão n’água,
caiu certeiro: zás-trás.
Bem me avisou um peixinho:
Fui passado pra trás.
Atirei um limão n’água,
de clara ficou escura.
Até os peixes já sabem:
você não ama: tortura.
Atirei um limão n’água
e caí n’água também,
pois os peixes me avisaram,
que lá estava meu bem.
Atirei um limão n’água,
foi levado na corrente.
Senti que os peixes diziam:
Hás de amar eternamente."
Carlos Drummond de Andrade
Querida Mirone,
EliminarCreia que não atirei limão algum. As minhas ações pautam-se pela cordialidade, tal como a minha intenção relativamente à senhora d.
Estou mesmo a ver que isto vai dar mau resultado e depois o mauzão é o Outro Ente que induziu a secretária em erro.
(Se já me era indiferente o poema, agora passou a desgostar-me.)
Noite feliz,
Outro Ente.
Já cá não está quem falou. Desculpe se o desgostei.
EliminarUma noite descansada, Outro Ente.
A menina? Nunca!
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