sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

És o rei és feliz

Cumpriria O ofício de viver em 1984 com Sentimento do tempo marcado pel' O pêndulo de Foucault na República da Terra sem vida, habitando n' A ilustre casa de Ramires, ao lado d' A fábrica de chocolate, com Alice no país das maravilhas. Em tais circunstâncias de tempo e lugar, responderia pel' A importância de se chamar Ernesto, transfigurado em Júlio d' Os cinco. Voaria com Peter Pan Debaixo do Vulcão e nadaria As vinte mil léguas submarinas com Moby Dick, sob As ondas. Avistaria As brumas de Avalon enquanto desse A volta ao mundo em 80 dias através de longas Viagens pela minha terra. N' As vinhas da Ira salvaria todos os Pássaros feridos, que nem O cavaleiro da Dinamarca. Seria discípulo d' O conde de Monte Cristo, lacaio de D. Quixote e tutor de Os Thibault. Desprezaria Madame Bovary e amaria Jane Eyre vestida com O vermelho e o preto. Haveria Guerra e Paz e Crime e Castigo, mas já não haveria Os miseráveis nem O homem sem qualidades. Deixaria Ulisses partir sozinho e ficaria À espera de Godot até apreender a Mensagem e, aproveitando que Longos dias têm cem anos, seguir Em busca do tempo perdido. Respeitando Coração, cabeça e estômago, comeria Chocolate à chuva com Este rei que eu escolhi e dissertaria acerca do Ensaio sobre a cegueira enquanto não fosse bafejado pel' O som e a Fúria da Aparição. Então, proclamaria um Auto de Fé e viveria A divina comédia.
Se tivesse de escolher? Seria O grande Gatsby n' A montanha mágica.
Só um? Ficções!





13 comentários:

  1. Sorri na parte d'O Cavaleiro da Dinamarca, da enorme Sophia de Mello Breyner Andresen, que li à Mironinho no passado mês de Dezembro, antes de lá irmos.
    Era só um, assim não vale.
    (Muito bom!)

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    1. Querida Mirone,
      O rapaz de bronze é leitura obrigatória para a turma da minha filha. Outro dia, fui abordado por uma mãe que se inquietava com a leitura de Sophia "tão cedo", numa fase "em que estão ainda a formar os seus caracteres", sendo Sophia "tão desapegada dos valores da família", com "histórias tão sem mãe nem pai"...
      Folgo em saber que leu Sophia a Mironinho. Também eu lhes li A noite de Natal ainda há bem pouco tempo.
      Beijos,
      Outro Ente.

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  2. (O notável caso do post que saiu muitíssimo melhor que a encomenda e não é surpresa nenhuma...)

    Excelente, meu caro. Excelente.

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    1. E o comentário que saiu surpreendentemente simpático? Notável.
      Bom fim de semana caro Pipoco Mais Salgado.
      Um abraço,
      Outro Ente.

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  3. Difícil escolher só um. De facto. As escolhas, porém, podem variar de dia para dia. Hoje, diria que gostava de estar em "Como água para chocolate". :)

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    1. Cara Cuca, a Pirata,
      Isto não é um concurso. Aliás, nem pense em transformar isto num concurso, que não quero ter de a desafiar. (Tenho mau perder, sabe?)
      Deixe-me adivinhar: Ficções...
      Um beijo,
      Outro Ente.

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    2. Claro que li esse!! :))
      É Borges!!
      Não li os dois dos chocolates, o coração cabeça e estômago, o do vulcão, os pássaros feridos e não conheço isso do rei que eu escolhi.
      Odiei a sonsa da Jane Eyre e esse mega logro literário de o rei vai nu mas ninguém admite porque é Joyce que é o Ulisses.

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    3. (Também muito haveria para dizer sobre o tremendo aborrecimento que é Proust.
      Os meus preferidos da sua lista são o Guerra e Paz, ficções, as ondas, ofício de viver, a Alice e a Moby Dick.

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    4. Sonsa a Jane Eyre?!?!?!?!?! Bolas, tenho um conceito completamente diferente de sonsice.
      Depois de uma infância e adolescência daquelas, ter o discernimento, o carácter, a coragem para enfrentar o estar por sua conta e risco, ainda por cima numa época daquelas, uma mulher por sua conta e risco, e ainda assim conseguir ser boa pessoa, sim, boa pessoa, e escolher não os caminhos mais fáceis mas aqueles que lhe pareciam os mais certos. Sonsa?!?!?!?!.
      Peço desculpa por ter metido o nariz onde não sou chamada, mas fiquei aqui numa indignação que não me aguentei.
      Boa tarde, a ambos.

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