segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Filmes como livros

Na sequência daquela brincadeira de escolher os chavões dos filmes, dei por mim a pensar que os meus filmes preferidos não estão representados em tais listas.
Há filmes que parecem ser feitos de “frases fortes”.
Ingmar Bergman é paradigmático. Os diálogos são tão ricos, as frases tão cheias de significado, que o difícil é escolher. E, neste caso, a abundância de qualidade obnubila. Na impossibilidade de escolher uma expressão, retemos nenhuma. Aliás, o próprio encadeamento das frases com a música, do texto com o contexto, faz com que não possamos e nem queiramos prescindir de elemento algum. Relevo:

Sonata de Outono
- Uma mãe e uma filha, que terrível combinação de sentimentos, confusões e destruições. Tudo é possível e é feito em nome do amor e da solicitude. As injúrias da mãe são passadas à filha. As falhas da mãe são pagas pela filha. É  como se o cordão umbilical nunca tivesse sido cortado.

O Sétimo Selo
- Talvez eu a ame.
- Talvez você a ame. Vou dizer-lhe uma coisa idiota, amor é uma palavra para luxúria, mais luxúria, trapaça, falsidade e comportamentos idiotas.
- Bem, mas isso machuca de qualquer maneira.
- O amor é a mais negra das pestes, mas ninguém morre de amor, e quase sempre passa.
- O meu não passa.
- É claro que passa. Raramente um par de idiotas morre de amor. Se tudo é imperfeito nesse mundo imperfeito então o amor é perfeito nessa perfeita imperfeição.
- Que animador. Toda essa conversa e você acredita nas suas tolices.
- Quem disse que eu acredito? Sou um sábio. Peça meu conselho e terá em dobro.

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