sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Talvez, se não tivesses crescido, te levasse comigo

Não sei quando deixei de pensar, todos os dias, na minha primeira "namorada a sério".
Sei que ela era a perfeição e que, durante o nosso tempo, fomos perfeitos juntos. Lembro-me de tudo ser novo, por mais que o repetíssemos. Do colar de coral comprado em Split, depois de o regatearmos, por entre as tuas risadas e desabafos "parecemos ciganos"; de o quereres trincar, mesmo dentro da loja bafienta à entrada do palácio, para "ter a certeza de que não é plástico". Do nosso Milestone e das "walking distance". De te ensinar que uma cidade se conhece a pé. Daquele dia de sol em que desabou uma chuvada e vestiste o saco de plástico; de nos termos refugiado numa cabine telefónica e de termos rido até secares. Quando passo em Marylebone, continuo a recordar aquele instante perfeito em que foste bela. Não me dei conta do momento em que deixaste de te despentear e os corais deixaram de ser dignos do teu colo. Não sei quando deixei de pensar em ti.
Este, será o fim de semana daquele que era o nosso carnaval. Sei que foi por isso que hoje me lembrei de ti. Sei que irei, com a certeza de te não encontrar. Cresceste e deixaste de gostar de brincar. Eu não.

11 comentários:

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    1. Querida Mirone,
      Não percebi a sua pergunta, mas asseguro que nunca, contra a sua vontade, prendi qualquer namorada.
      Boa tarde,
      Outro Ente.

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  2. E vai mascarado de quê?

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    1. Querida Lady Kina,
      Se lhe disser que nunca o faço em carnavais de rua, não duvido de que acreditará. Mas, e se lhe disser que, por vezes, em festas à porta fechada, me disfarço. Acreditaria? Normalmente, de xeque ou de marajá.
      Um beijo,
      Outro Ente.

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    2. Disfarces à porta fechada, assim de repente, lembra-me "Eyes Wide Shut". (um dia destes pergunto ao senhor- doutor -psicanalista das razões desta constante associação entre o real e a ficção, sobretudo musical e cinematográfica. primeiro pergunto sobre a distinção)

      https://www.youtube.com/watch?v=lF7Plukjw6A

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    3. Mário de Sá Carneiro teria algo a dizer sobre o assunto.
      (Obrigado. Não conhecia.)

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  3. "Quero-te de branco,
    ou antes, modelada
    nas roupas que cosesses
    das bonecas, nos saltos,
    nos baloiços, nos degraus
    de uma porta qualquer donde saísses.
    Quero-te de branco e intocada,
    carregada porém de anos buliçosos
    e das vidas ausentes.
    De branco, meu amor,
    e de tão branco
    que me desses o mundo em luz de sol."
    Pedro Tamen

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    1. Muito obrigado querida Teresa Borges do Canto.
      (Nem seria necessário que mo desse, bastaria que o mantivesse.)
      Bom dia,
      Outro Ente.

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  4. ó ...ó outro ente, és um fantasma, um espírito, algo assim? credo... ca nome....

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    1. Caro Anónimo,
      Fez-me recordar a banda desenhada do Fantasma. E a do Mandrake. Daí saltei para o Rui Veloso, com o prometido é devido. E depois o Gasparzinho...
      Na falta de espírito, escolho o fantasma. Mas, o que eu gostava mesmo, era de ser o He-Man.
      Bom dia,
      Outro Ente.

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