Chegaram à praia fazendo jus à "gente gira" que se produz para desfilar as toilettes das revistas de cruzeiros >50. Ela teria idade para ser tia. Ele seguia atrás dela, com o jeito gaiato de quem nunca foi mais do que afilhado. Refastelados nas espreguiçadeiras, pegaram nos seus livros. As letras garrafais evidenciavam a sintonia: liam o mesmo autor.
(Poucos são os temas que me fascinam tanto quanto o dos casais perfeitos. Uma espécie de "querer crer" de quem reencontrou a fé mais vezes do que aquelas em que a perdeu.)
Escorreu o dia sem que me apercebesse de que tivessem trocado uma palavra entre si, apesar de ele ter trotado sempre que ela deslizava ao lava-pés.
Vinha-me embora quando reparei que ela lia O Manipulador e ele O Testamento.
Todo o texto pede um comentário regado de acutilância e barrado de protetor solar. No entanto, pelo facto de ter o cérebro em pousio, não é possível cumprir, e merecia .
ResponderEliminarContinuação de boas férias, Outro Ente.
Um beijo,
Mia
Querida Mia,
EliminarA pérola de ter "o cérebro em pousio" é impagável.
Muito obrigado,
Outro Ente.
E não poderá o silêncio, umas vezes empregue para mascarar relações imperfeitas, servir também para aperfeiçoá-las?
ResponderEliminarFujo a sete pés daqueles que se me apresentam em existentiva palavrosidade, como se estar calado fosse sinónimo de estar morto, como se não conversar com fosse ignorar.
Querida Lady Kina,
Eliminar"Como se estar calado fosse sinónimo de estar morto"? PIM. Morri.
Infelizmente, não sei como se aperfeiçoam relações imperfeitas. Acredito que não vale usar o silêncio para "deixar andar" nem a palavra para magoar. Nada mais.
Um beijo,
Outro Ente.
Depois de ler o que escreveu, fiquei com vontade de deixar aqui, uns pedaços de um texto que guardei (texto, todo ele, fantástico), de um blogger, que agora, infelizmente, anda a escrever muito pouco. Do, Enorme, Menino De Sua Mãe:
ResponderEliminar"Se o amor fosse cantado, era um dueto. E há uma diferença grande entre um dueto e duas pessoas simplesmente a cantar juntas, dois solos cantados ao mesmo tempo. E é isto que são muitas relações. Solos a dois.(...)
No lugar do amor fica muitas vezes outra coisa, esse placebo, a conformidade, o hábito, o estatuto, o domínio sobre o outro. O ter alguém a quem chamar seu, sem perceber que o “meu” que era entrega agora é posse. O “meu” do amor é sempre entrega.(...)Intimidade, cumplicidade, comprometimento, projectos, carinho, desejo. O amor é a soma disto, uma estrela de seis pontas. Se os tiveres, há amor mesmo que o não digas. Sem eles, “amor” é só uma palavra vazia."
Desculpe ter fugido um pouco ao tema, Outro Ente, afinal, o tema do post não é o amor, mas sim, casais perfeitos.
Querida Cláudia Filipa,
EliminarTeimo em confundir os temas. Sou um crente na fusão. Contanto que não seja gastronómica.
Um beijo,
Outro Ente.
A gravata só está no que se usa por fora.
ResponderEliminarBeijos, caro Ente, e uma boa noite. :)