terça-feira, 9 de junho de 2015

Leitores a sério

 Hoje, a acompanhar um café creme que servia de desculpa para não comentar a conversa das minhas duas convidadas - "Eu só há dois sítios que gostava de ir: às Caraíbas e a Cuba" (o diabo despe prada e tem pernas de pecar) - lembrei-me do título de um artigo que vi recentemente "E que tal começarmos a ler escritores a sério". Senti-me, momentaneamente, mais provocado por tal mote do que pelas pernas bronzeadas.
O que são escritores a sério? São o mesmo que escritores sérios? O meu Spidou, os meus almanaques, o yakari, o Don Pendleton não foram leituras a sério? As minhas tardes eternas com páginas de pistoleiros e de polícias, cujos autores não recordo ou nunca soube, não foram a sério? O meu prazer, o meu tempo, o meu vício de ler, os meus duelos imaginados com vilões malditos em escritos, os meus diálogos decorados de parágrafos inteiros, os meus trejeitos do oeste dos livros de cowboys e índios, não foram a sério? Porque não foram sérios?
Serão escritores a sério os distinguidos pelos estrangeiros? Um Saramago é a sério mas um Camilo não? Ou serão a sério "os que têm mensagem" excluindo os "fantasiosos"? Um Paulo Coelho é a sério mas uma Marion Zimmer Bradley não?
A distimia é uma doença. A intelectualite também. Passou o momento. Voltemos às pernas.

(Dane Shitagi)

27 comentários:

  1. Não há escritores sérios e escritores não sérios, assim como não há bons e maus livros... tudo depende de quem lê.

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    1. Querida Ana,
      Quem lê acabará por ler coisas que lhe agradam e outras que lhe desagradam.
      Um beijo,
      Outro Ente.

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  2. Para mim existem escritores e existem autores.

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    1. Querida Patrícia,
      Será uma distinção pessoal interessante.
      Boa tarde,
      Outro Ente.

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  3. Não sei o que são escritores a sério. Agora, será coisa séria, livros que me fazem mergulhar neles, abstrair-me de tudo, livros que fazem desaparecer o mundo à minha volta e me fazem ficar deliciada e entregue a um mundo diferente que outro alguém me dá a conhecer. Será isto "só" ler, ou será coisa séria?. "Passou o momento". Vou mexer as pernas e tratar do jantar.

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    1. Querida Cláudia,
      Excelente resposta.
      Um beijo,
      Outro Ente.

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    2. Vim dizer-lhe que ao ter reparado que as pernas da foto são as pernas de uma bailarina, fui espreitar o trabalho de Dane Shitagi, não conhecia e gostei muito, remeteu-me para momentos da minha vida. Obrigada por mais uma coisa que me apresentou. Percebe agora, porque sou contra os "só" antes de certas coisas, ou talvez mesmo de todas as coisas? podem encontrar-se pedaços de maravilha em todo o lado e pedaços de maravilha são coisa de valor, não merecem um "só".
      Continue a comemorar condignamente o dia de Portugal. (Claro que me refiro ao post seguinte)

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  4. Tb n sei o que pode qualificar, na perfeição, um "escritor a sério", é, seguramente, mais fácil qualificar umas boas pernas :)
    Mas uma coisa sei. 90% dos livros do top de vendas na fnac, garantidamente, n são de escritores a sério.

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    1. Querida MMSI,
      Escolhendo o caminho mais fácil, opto por ser juri de pernas boas.
      Um beijo,
      Outro Ente.

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  5. Um escritor sério, enquanto escritor, parece-me ser aquele que leva a escrita a sério, se comprometendo com ela acima de tudo o resto e, por inerência, com a sua Língua. Assim, sendo sério, será um escritor a sério, independentemente de ter ou não livros editados, fãs e ou prémios nobel. Portanto, deve haver muitos escritores sérios que não são a sério, porque em absoluto desconhecidos.

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    1. Querida Lady Kina,
      Conheço alguns desses a quem sobra em empenho o que falta em talento. São, normalmente, pessoas que levam a vida demasiado a sério.
      Um beijo,
      Outro Ente.

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  6. Em série é que talvez não.

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    1. Que dizer, então, do nosso Camilo? Devo ter lido umas três dúzias de obras dele e não as li todas.

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  7. Uma pessoa habitua-se a vir para aqui tertuliar... O Ente que se aguEnte: faltava dizer o que desde logo se me ofereceu à mente, no final - fui ver o que era a distimia e se calhar padeço-lhe, mas do que tenho medo a sério é da intelectualite.

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    1. Será apenas séria. É procurar razões para rir e rir mesmo sem razão. (Sabe que os intelectualóides desprezam os que o não são? Não creio que corra esse perigo. É ter prudência com a soberba que o conhecimento, por vezes, provoca.)

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  8. De repente, deu-me uma saudade da colecção "Seis balas" onde os cow-boys mandavam balázios como se não houvesse amanhã!

    Beijos de boa noite, caríssimo Ente. :)

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    1. Querida Maria Eu,
      Esses liam-se de um trago, em casa dos avós, correndo entre primos... não sabia que as meninas também gostavam...
      Um beijo,
      Outro Ente.

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    2. Está menina adorava, para além de usar calções e trepadoras às árvores. As brincadeiras de rapaz sempre me pareceram mais interessantes. :)

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    3. Sempre achei que a distinção entre brincadeiras era coisa de gente que não gostava de brincar. Uma trepadora exímios, portanto.

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    1. Querida Cuca, a Pirata,
      O relativismo é inaceitável.
      Eu sei, eu sei, sinta-se livre para discordar.
      Um beijo,
      Outro Ente.

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  10. Eu andei pelo major Alvega e o Mandrake, pelo meio, espreitei as Seleções do Reader's Digest! Já percebi em que categoria me encontro...
    Bom dia, Outro Ente!

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    1. Querida Mia,
      A categoria dos que lêem é uma boa categoria. O Mandrake...
      Um beijo,
      Outro Ente.

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  11. boa tarde,

    ainda hoje li o artigo "E que tal começarmos a ler escritores a sério" e parece contradizer-se tanto a Senhora que perde qualquer razão e estou consigo, o que é isso de ler escritores a sério. Só para acrescentar que a Sra. criticava os escritores que transportavam os leitores para cenas como num filme, pergunto e isso é mau? Um escritor transportar-nos nas suas letras?

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    1. Caro Urso Misha,
      Eu também não gostei do artigo. Perder-me de mim no livro é um dos meus critérios para definir um bom livro. Ser rei, pirata, espadachim... viajar nas palavras.
      Um abraço,
      Outro Ente.

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