Instrumentos de percussão para o miúdo mexido ou viola para a pré-adolescente? Que coisa mais roscofe. O sangue na guelra, mesmo não sendo azul, reclama "instrumentos nobres".
Regressarão em setembro com alacridade para assistir às primeiras aulas individuais de instrumento. Em outubro, já muito ocupadas - todos sabemos como as mamãs são seres comprometidos com muitos compromissos -, deixarão a criança entregue e atravessarão a rua até ao café, levando consigo o entusiasmo do músico a quem bastariam 15 minutos diários do ouvido da mamã...
O instrumento há-de ficar em exposição num qualquer canto da casa. Pelo menos, enquanto alguém lhe limpar o pó.
(Pablo Genovés)
Por reprocidade com alguns músicos, todos eles clássicos, que nos recomendaram aulas de música para macaquita, tentámos entrar em acordo com ela sobre o instrumento que gostaria de aprender.
ResponderEliminarA resposta foi pronta e definitiva: CORNETA
Querida Be,
EliminarBoa sorte. Espero que a sua menina goste. O truque estará, também, em criar uma rotina de 15 m diários, para ela tocar com a mãe a ouvir.
Um beijo,
Outro Ente.
Querido ente
Eliminar15 minutos diários de corneta? Partilho todas as actividades dos meus filhos a tempo inteiro, desta vez acho que vou deixá-la ir para o ballet, será com certeza menos penoso para os meus ouvidos.
Outro beijo
Normalmente as crianças das turmas de iniciação têm uma aula de instrumento por semana, com cerca de 45 minutos. Em casa deverão tocar 10 a 15 minutos diários, consoante a idade. Falei em 15 por estimar a idade da menina em 7 anitos. E esse tempo irá aumentando cerca de 5 minutos diários por cada ano. Assim, aos 9 anos, no último ano de iniciação e antes de entrarem para o 1º grau, tocarão 25 a 30 minutos diários. Não é a mesma coisa tocar 5 dias 10 minutos ou 50 minutos num dia. Melhor lhe dirá o professor. (Apetece-me escrever-lhe sobre as vantagens da corneta, mas acho que já as conhece, pelo que me dispenso de tal.)
EliminarTem quatro anitos apenas. Terá tempo de aprender a tocar corneta quando cumprir serviço militar ;)
Eliminar4 anos? Com 4 anos fazem-se birras de meia noite e sestas de meio dia. E brinca-se. Com cornetas e cavalos de pau.
EliminarAcredito, talvez por influência desses amigos, que quanto mais cedo iniciam, mais capacidade têm para absorver a aprendizagem. No entanto, deixo sempre que façam as escolhas que querem, não obrigo qualquer um deles a actividades extraescolares que não façam por prazer. No caso dela, por exemplo, faz teatro amador connosco desde os 3 anos mas só vai aos ensaios quando quer.
EliminarPois o meu queria tocar bateria. Que tinha mesmo de ser bateria, que a bateria é que era cool. Lamentavelmente não havia espaço no quarto para uma bateria e vau que optou por violino. Vi a minha vidinha toda a andar para trás até que a criança se fixou no piano. Três anos de piano, um piano em casa a encher-se de pó que "as escalas são uma completamente secantes, mãe, eu quero é tocar músicas!". Um estaladão na cara, era o que eu merecia por ter ido na conversa do preciso mesmo de praticar.
ResponderEliminarQuerida Mais Picante,
EliminarObrigado por me fazer rir com a sua descrição. Permita-me que lhe diga que o seu filho é muito esperto. As escalas são mesmo uma seca. Introduzem-se, normalmente, pelos 8/9 anos, mas sempre acompanhadas de partituras de músicas que lhes agradem. Assim, fazem aquecimento com as escalas e seguem para o que lhes dá prazer. Infelizmente, ainda temos muito a ideia de que para ser "cultura" tem de ser penoso. Por exemplo, um livro é "bom" se for "difícil". De qualquer forma, ele tinha razão: precisava mesmo de praticar... mas bastaria um teclado assente num suporte que permita regular a altura... são acessíveis, cumprem a função nos tempos iniciais e, arrumados, não ocupam espaço. Além disso não perdem utilidade. Mais tarde, se comprar um piano, eles continuarão a levar o teclado quando forem de férias. Normalmente esses erros acontecem porque os pais ou não se aconselharam ou aconselharam-se com alguém que tem interesse na venda de instrumentos. Lamento. Experimente levá-lo a uma escola com uma filosofia diferente... ou olx.
Um beijo,
Outro Ente.
Ora... eu não sou assim tão burra. Escrevi piano, na verdade comprei-lhe um teclado com suporte. Veio da Alemanha, ainda assim era um sapato. Casa vez que olho para o teclado penso que aquilo poderia muito bem ser um sapato.
EliminarNada a fazer, com muita pena minha não quer nem ouvir falar de música, é uma pena porque tem ouvido e até levava algum jeito. Ainda tentei uma última cartada, cheguei a dizer-lhe que as miúdas adoravam rapazes que soubessem tocar piano, que elas iam fazer fila. Nem assim.
O seu filho é esperto. Não deveria ter mentido. Diga-lhe a verdade: elas não farão fila, mas ele conseguirá sempre as melhores. E terá sempre sorte, contanto que lhes toque o concerto para piano nº 2 de Chopin antes de tentar a sorte.
EliminarEle consegue tocar, com um mínimo de incorrecções, a marcha turca. Acho que terá de servir...
EliminarE, com música ou sem música, tenho fé de que conseguirá a melhor para ele. Um dia. Se isso acontecer já me darei por muito feliz.
A marcha turca antecedendo a procissão de pé descalço... Que romântica!
EliminarAs mães conseguem ver talentos que mais ninguém vê nos filhos.
ResponderEliminarMal comparando, este post lembra-me uma senhora muito humilde que vivia ao pé da minha avó e que não sabia ler. Essa senhora teve uma única filha, com um ligeiro atraso cognitivo mas conseguiu aprender o que os pais nunca aprenderam, ler e escrever. Não dava grande entoação, às vezes tropeçava nas palavras menos comuns, mas lia suficientemente bem para o senhor prior a chamar a ler a oração dos fiéis na missa vespertina do sábado. Um dia coube-lhe uma leitura maior e a 'Aninhas', chamemos-lhe assim, treinou a semana toda. No sábado, com a sua melhor roupa e o cabelo muito alinhado, endireitou-se atrás do púlpito, respirou fundo e começou a ler: "Epístola de S. Paulo aos romanos...", mas pronunciou epistóla em vez de epístola. O prior esboçou um sorriso condescendente. A mãe, que percebeu o sorriso, vira-se para trás e diz orgulhosa às vizinhas "lê tão bem, a minha menina, que até o senhor prior sorri".
Delicioso, querida Mirone.
EliminarA Aninhas (que deve rondar os 50 anos) continua a ler na missa, mesmo sem a mãe a assistir.
EliminarOutro Ente, estava a ler este seu post e sabe o que me veio à ideia? aquelas pessoas que compram pintura tendo como principal requisito que as cores combinem com a decoração da sala.
ResponderEliminar(Gostei do post e dos comentários, principalmente da "Aninhas" que a Mirone nos deu a conhecer e também da mãe da "Aninhas)
Um resto de bom dia.
Querida Cláudia,
EliminarTambém eu gosto das estórias de Mirone.
Um beijo,
Outro Ente.
E os papás? Que coisa, sempre as mamãs. Somos mesmo beras, nós, mamãs.
ResponderEliminarQuerida Modern Ana,
EliminarMui pertinente a sua observação. Benditas as mamãs, sem elas não haveria música.
Um beijo,
Outro Ente.