terça-feira, 14 de abril de 2015

Uma primeira prova

Éramos uma trupe de cinco, todos com quinze anos, a passar um mês de férias no Marian College, onde se concentravam as aulas na manhã, deixando-nos as tardes livres para calcorrear a cidade e percorrer os bairros circundantes. Almoçávamos as sandes empapadas com rodelas de tomate e as batatas fritas temperadas com vinagre, enquanto decidíamos a tarde. Depois, saíamos livres.
Foi numa daquelas tardes, que combinámos provar a cerveja preta num pub local. Foi num daqueles "serões", que entrámos num pub em Dún Laoghaire (lê-se qualquer coisa como "dan larry"), e pedimos uma cerveja da casa para cada um de nós (assim mesmo, sem culpas nem cartões).
A partir daí rimos. Rimos muito. E falámos muito também. E rimos. E íamos dando goles daquela cerveja, como se fosse chá a ferver. Alguém disse que a mistela era amarga demais. Não sei quem se queixou em inglês. O taberneiro levou três das cinco cervejas, "to make
them sweeter" (leva, leva, mas não toques na minha). Voltou com as três que tinham agora uma rodela vermelha no fundo. (Até hoje não sabemos o que lhes pôs, mas continuo a pensar que foi grenadine.) E trocámos os copos todos e provámos de todos. E rimos. E, nesse dia, quando chegou a hora ninguém se queixou. (Afinal, só não as acabámos por não termos tido tempo.)

19 comentários:

  1. Tenho a ideia de que a cerveja é como o tabaco, ninguém gosta à primeira, tem de se insistir.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Querida Mirone,
      De tabaco gostei à primeira. Com a cerveja não insisto.
      Beijos,
      Outro Ente.

      Eliminar
    2. Gostou? Não lhe arranhou a garganta? Não o deixou enjoado? Parece-me que experimentei os cigarros errados.

      Eliminar
    3. Se fosse "politicamente correto" diria que experimentou os certos. Assim, como sou, digo que morrer morreremos todos e a minha liberdade é, também, escolher fumar.
      Beijo,
      Outro Ente.

      Eliminar
    4. Eu deixei de fumar no dia em que pensei que podia perder essa liberdade. Nunca fumei muito, porque gostava de fumar. Apreciava cada baforada. Escolhia quando queria fumar. sabia-me bem aquele cigarro com o café, de manhã, no fim de uma boa refeição, a acompanhar conversas cúmplices. Mas no dia em que pensei que poderia ficar viciada, acordar a pensar no cigarro que ia fumar, a ter de para o que quer que estivesse a fazer porque precisava de fumar, achei por bem parar. E parei. Nunca permitiria que umas folhas secas embrulhadas num papel me controlassem.

      Eliminar
    5. Não queria concordar consigo, mas concordo.
      A minha única resolução para 2015 foi deixar de fumar...estamos no 2º trimestre (vergonha!!!) ;)

      Mirone, arranhou-lhe a garganta!? travou logo à primeira vez? Valente! :) - ainda bem que arranhou.

      Eliminar
    6. Claro que travei. Era novinha mas já tinha alguma noção do ridículo que era uma miúda fingir que fumava. Se era para fumar, era como deve ser (experimentei com uns 15/16 anos mas só comecei a fumar com mais regularidade na faculdade).

      Eliminar
    7. Não queria concordar...Referia-me ao politicamente correcto!
      Arranhou-lhe a garganta...Ao comentário da Mirone às 23:59!

      Conversas sobrepostas :)

      Eliminar
  2. Guinness com groselha, meu caro? :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Caro JM,
      Acho que seria qualquer coisa desse género, embora mais espessa.
      Abraço,
      Outro Ente.

      Eliminar
  3. Caro Outro Ente,
    Concordo consigo quanto ao tabaco. Eu gostei logo e vi-me e desejei-me (não sei se literalmente) para deixar. Ainda hoje, 19 anos volvidos, sonho que fumo e desejo fumar.
    De cerveja, comecei a gostar há relativamente poucos anos, mas já tenho as minhas preferências: gosto mais de preta e, qualquer que ela seja, sabe-me melhor pelo gargalo.
    :)
    Beijo.
    Linda Porca.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Cara Linda,
      Nunca parei, a não ser, claro está, parando de cada vez que apagou.
      Há demasiadas bebidas que me agradam para insistir com as que não me cativam.
      Preta pelo gargalo? A Senhora manga de mim.
      Beijo,
      Outro Ente.

      Eliminar
    2. Caro Outro Ente,
      Jamais mangaria de si, pois por que o faria?
      Eu bem digo que sou uma parola, tranquilamente assumida.
      :)
      Bom dia.
      Beijo,
      Linda Porca.

      Eliminar
    3. Pois eu digo que é uma cara linda. Ser-se palavra tranquila e assumida deve ser bom.
      Bom dia,
      Outro Ente.

      Eliminar
    4. Muito obrigada, Outro Ente.
      Bondade sua, e cavalheirismo também.
      Boa noite.
      Linda Porca.

      Eliminar
    5. Um beijo, cara Linda.
      Outro Ente.

      Eliminar
  4. Ah, as escapadelas da adolescência! A incrível alegira pelas mais pequenas coisas!

    Beijos, Ente, e uma boa noite. :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Querida Maria Eu,
      Nós éramos grandes. Tão maiores com tão insignificantes experiências. As pequenas coisas continuam a alegrar-me e, por vezes, a fazer-me sentir euforicamente maior.
      Beijos,
      Outro Ente.

      Eliminar