quarta-feira, 29 de abril de 2015

Cadeiras e asneiras, suas danças e andanças

Lembro-me do poço antes de Pina Bausch. O do Marcel Marceau não. Desse, só os relatos. Mas o do Mikado e o de Havana Rakatan, lembro-me. Havana Rakatan foi muito bom. Quase tão bom como dizer Havana Rakatan. Também gosto do nome do que não se verga. Do que sem poder nenhum, pôde. Não sei se até à exaustão, mas até lhe cortarem o pio. O rouxinol sem asas não pode voar e sem bico não pode bicar. Os nossos Gama é que a sabem toda. A Europa e o Minotauro. No labirinto, por vezes, perdem-se desafios de resposta, acutilâncias de mordidas, homens de garganta estreita e voz grossa. Ficamos com o lodo de um lamaçal seco. Eu também me rio com a brigada dos cidadãos levantados, mas o livro dos mórmons não é pior. E, dizem os sábios rasteiros, que o segredo está nos sapos, que é como quem diz, faz como vires fazer. Jóquer e jokers. Um prezado estilo de desprezo sem nós. A dança é uma arte secundária. Sobrepõem-se-lhe a música e a literatura. O que importa é o ritmo. A dança das cadeiras é singular mundial. Eu não sei dançar, logo a dança é menor... exactamente(!) como todos aqueles que quanto mais alto voam, mais pequenos parecem aos olhos dos que não sabem voar. Nietsche é que a sabia toda.

13 comentários:

  1. Tanta coisa ao mesmo tempo. Entretanto escolho uma e já cá venho comentar.

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    1. Escolho a primeira, para lhe dizer que talvez seja desta que vejo o documentário do Wim Wenders (no outro fim de semana, com 20 anos de atraso, vi finalmente o Lisbon Story).

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    2. Sadler's wells - a piece by Pina. O espetáculo justificou uma viagem. O documentário justificará uma tarde. Digo eu, que só vi o primeiro.
      Boa noite,
      Outro Ente.

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    3. Se lhe disser que uma percentagem substancial, talvez um terço, das viagens que faço são motivadas por espectáculos, se faltar à verdade é por defeito.

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    4. Menina Mirone, não a fazia uma groupie...
      Normalmente, escolho o destino e só depois consulto a agenda. Há, porém, eventos que sendo espetáculos são acontecimentos marcantes.
      Boa tarde,
      Outro Ente.

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  2. Também tenho as minhas duvidas se Nietzsche estava bem ao identificar aquele que dança como o homem de “espírito livre".

    Boa tarde, meu caro.

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    1. Caro JM,
      O conceito não se encontra nas cartas da loucura e o mundo dança nos pés do acaso.
      De Nietzsche retenho a lucidez atroz "não me roube a solidão sem antes me oferecer verdadeira companhia".
      Um abraço,
      Outro Ente.

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    2. Tratando-se de Nietzsche é sempre prudente aplicar uma visão holística dos conceitos. Sem rejeitar, obviamente, a riqueza metafórica.

      Outro abraço

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    3. Serve para o super e para o nada. Tem máximas para qualquer ocasião. E, qualquer delas, é susceptível de provocar olhos de carneiro mal morto. Uma riqueza.

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  3. Um clássico da ficção universal, O Livro de Mórmon. Prefiro claramente Assim falava Zaratustra, já que se fala em Nietzsche, mas recordo ter-me divertido bastante mais a ler o primeiro que o segundo.

    Boa tarde, caro Outro Ente.

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    1. Douto Xilre,
      Honra-me com o seu comentário.
      Boa tarde,
      Outro Ente.

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