domingo, 26 de abril de 2015

A vida é bela


Marina Abramovic, Carrying the Skeleton

Pão e circo. Telenovelas e futebol. Touradas não, que pode melindrar. O 25 passou-se. Passem todos muito bem, adeus e até ao seu regresso. Ainda há quem se esqueça de tirar o som antes de incomodar os que querem ouvir. Nunca percebi se é gente a quem ninguém liga, ou se têm falta de ligações.
Não estamos aqui para viver vidas úteis, mas vidas belas. Referendem-se os objetivos do capitalismo. Há uns anos apostaria que a Mercedes ganhava, hoje acho que seria a casa pronta. Foram-se os cravos, venham as Rosas. Digitais e via Facebook, que o 1° domingo está à porta e as outras ninguém as elogia. A arte que toca está na berra, assim como as frases sobre a sinfonia das estrelas e o amor amarrotado. Poesia por quem a lê é coisa que me incomoda. Não é poesia. A poesia é silenciosa e só. Não tem tom nem entoação. Lida, será outra coisa qualquer. Pode ser arte, mas não é poesia. O boa cama boa mesa continua a ser leitura obrigatória. Bons poisos alguns. Pobre Alice que levou uma traulitada. Não gostamos todos de ler. Alguns preferem não ver.

4 comentários:

  1. Ver as coisas apenas de um ponto de vista utilitário é demasiado redutor. Nós precisamos do "outro" lado das coisas, aquele que nos toque para além da superfície.

    Beijos, caro Ente, e uma boa noite. :)

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    1. Querida Maria Eu,
      Nós somos, também, esses outros lados. Nós somos para lá da utilidade que os outros nos atribuem. Nós somos o útil e o nada. E quem, senão eu, definirá o que me é útil? Sem serões de ócio e amores não haveria manhãs produtivas de midas.
      Beijos,
      Outro Ente.

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  2. Sentei-me aqui os minutos suficientes para ler este post e que bem sentada me senti. Gostei especialmente dele. Ora eu diria praticamente tudo assim, não com tamanha arte, evidentemente, mas na minha versão havia de constar a situação fundamental que liga com a leitura obrigatória: para a mesa e para a cama só uma vez se chama. (mas tenho pena de não gostarmos todos de ler)
    Boa tarde, Outro Ente.

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    1. Querida Susana,
      Desconhecia essa versão. Muito bom. Embora, na cama como na leitura acompanha quem souber. (Não gostamos todos, mas também não gostamos de todos).
      Boa noite,
      Outro Ente.

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