Lembro-me do princípio, vago e tempestuoso como todos os início. Desperto, de madrugada, com o soprar do vento e as velas inquietas. O sol que vejo nascer não será o sol do meu crepúsculo. Terminarei o dia onde não o comecei. Urge levantar a âncora. Anseio pelas velas desfraldadas. O leme pede direção, mude de rumo ou não. Sou cavaleiro de marés, alquimista dos tesouros do silêncio, cientista dos pensamentos que deixo para trás, pescador de ondas seladas na memória. A neblina desvanece-se. A espuma do oceano ilude uma fragilidade inexistente. É impossível apressar as ondas. Não demoro...
Traga-nos o diário de bordo que já começa a estar em dívida.
ResponderEliminarQuerida Be,
EliminarO naufrágio, causado pela inabilidade do meu irmão em manter a rota, impede-me de saldar a dívida. Foi-me impossível imitar Camões e salvar o manuscrito. Afinal, tenho dois olhos e nado com ambos os braços.
Um beijo,
Outro Ente.
Boa viagem.
ResponderEliminarFoi mesmo. Obrigado. (Esse seu dedo que adivinha anda a acertar.)
EliminarQue as marés lhe tragam pedaços de sonhos.
ResponderEliminarQuerida Cuca, a Pirata,
EliminarPor vezes, preferiria que mos levassem.
(Não velejamos todos pelas mesmas razões. Pretextos para um escape.)
Um beijo,
Outro Ente.