D. Palmira recebe os meus
filhos com beijos. E os dos outros também. Quando chove, apressa-se
entre o telheiro e os carros que deixam os meninos, de chapéu XL em
punho, não vão ficar desconsolados. D. Palmira entrega-me um
guardanapo amarrotado que embrulha o dente de leite da minha filha,
que queria ir brincar e tinha medo de o perder. D. Palmira coloca as
toucas no bolso dos roupões e se não fosse ela já ninguém podia
ir para dentro da piscina. D. Palmira descalça o meu filho que
saltou nas poças e coloca as botas junto ao convector enquanto lhe
calça as sapatilhas da ginástica. A D. Palmira faz bolo de
chocolate e põe os meninos de castigo no banco. Nos dias de
salsichas, D. Palmira serve hambúrguer à minha filha, que é a
única que não gosta e é uma pisca, mas a D. Palmira lembrou-se dela.
D. Palmira sabe sempre o que marcou o dia dos meus filhos e conta-mo
quando os vou buscar. Seja o menino que encheu o polar de cola e não
sei como fez aquilo que até no pescoço tinha cola e foi preciso
tirar aquilo com ferro quente, seja a menina que
passou os intervalos a tocar flauta e já toca muito bem, mas soa-lhe
melhor se elas forem tocar para as traves, do outro lado do campo. D.
Palmira ata atacadores e abotoa botões difíceis, limpa lágrimas e
faz pensos assustadores de gaze e ligaduras e adesivo por causa de
dói-dóis pequeninos. Nunca chego tarde, mesmo quando já não há
quase ninguém, porque D. Palmira precisava mesmo da ajuda deles. E,
quando finalmente chego, D. Palmira repete sempre “tão lindos, tão
bonzinhos, não se metam é com ele...”. Mas, do que eu gosto
mesmo, é do que me diz D. Palmira no outro dia de manhã, todos os
dias “vá descansado que eles ficam-me encomendados”.
A D. Palmira encomendou-me, agora, um sorriso. Gostei tanto de a conhecer :)
ResponderEliminarUm beijinho, querido Outro Ente
Querida Miss Smile,
EliminarHá boas pessoas que vale a pena conhecer. Mesmo que só nisto dos blogs.
Um beijo,
Outro Ente.
E até nós, deste lado, ficamos sossegados e com um sorriso nos lábios!
ResponderEliminarBoa noite, caro Ente :)
A parte do "minha boca adoça" é a mais importante de todas as histórias. Quem tem uma D. Palmira, não precisa de uma Dona Aureliana (desculpa, Xilre, mas a tua Dona é a Dona mais famosa da blogosfera), nem de qualquer dos seus heterónimos.
ResponderEliminarUm beijo, Outro Ente,
Linda Blue.
Que bom, que lindo
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