quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Os gatos (mesmo)

Há um deus único e secreto
em cada gato inconcreto...
governando um mundo efémero
onde estamos de passagem


Um deus que nos hospeda
nos seus vastos aposentos
de nervos, ausências, pressentimentos,
e de longe nos observa

Somos intrusos, bárbaros amigáveis,
e compassivo o deus
permite que o sirvamos
e a ilusão de que o tocamos.

(Manuel António Pina)

1 comentário:

  1. Deus(deve ter sido, só pode) e os gatos(mesmo)
    "What if God was one of us
    Just a slob like one of us
    Just a stranger on the bus
    Trying to make His way home?"

    Será? Ou então,

    ... então a alguém que sempre foi de cães e que gostava de observar os majestáticos gatos, mas ao longe, apareceu uma gata branca com olhos azuis, vinda do nada, que teimava em roçar-se nas pernas desse alguém num claro e teimoso, gosto de ti e é impossível que não me aprecies, até porque eu sou tão linda, e o alguém que não, que não a apreciava assim ao perto. Andavam nisto, um gosta de mim vá lá, e um vai à tua vida. Até que um dia, o alguém, foi descobrir a gata em modo crescei e multiplicai-vos, gata mais três, conta simples, vida mais complicada. O alguém, acabou a comprar ração para gatos, a prover condições de conforto. O alguém foi "obrigado", mais uma vez, a emendar isso de não apreciar quando esse não apreciar não tem justificação, ou quando decide não gostar só porque sim sem conhecer. E é por estas e outras, muito maiores, que o alguém cai tanta vez na ilusão de que(e verdade seja dita também é vaidade) "...o tocamos." E somos tocados de volta.
    Tendo em conta as horas, desejo-lhe uma feliz madrugada.

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