quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Medina nem sempre é capital

Medina chegou para o debate. Tinha andado a pensar numa coisa e precisava de a discutir. O Medina, que é adversário de longa data, é antes de mais e sobretudo amigo de infância. Digladiamo-nos frequentemente a propósito e a despropósito. É interlocutor de palavras viscerais e interveniente em intermináveis conversas. Apreciador de Porto, bastam-lhe dois dedos para um bom serão. Nunca o ouvi entaramelado nem o vi toldado. Possuidor de um invejável conhecimento livresco e de raciocínio rápido e sagaz, é, por vezes, apenas parvo. Mas, dizia eu, chegou Medina em boa hora, visto que o sporting acabara de perder e o debate de começar... O Estado avalia as famílias que pretendem adotar, não é assim? Sim... E só permite a adoção por quem reúne condições? Sim... E, como dizes, todos nascemos iguais em direitos e deveres? Sim... Então, as pessoas deveriam ter de pedir autorização ao Estado para terem filhos! E começou o debate...

8 comentários:

  1. Este tema é tão bom, mas tão bom. Ontem vim aqui e fui embora calada, duas vezes, não me conformo, voltei...o problema é que não estou a conseguir condensar para uma caixa de comentários tudo o que penso sobre isto. Bolas!

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    1. Querida Cláudia Filipa,
      Sempre disse que os melhores posts não são os que têm mais comentários.
      Advirto-a de que, para haver discussão, terá de encarnar Medina...
      Boa tarde,
      Outro Ente.

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    2. É tão tentador...Medina serei...
      Medina: Repara, Outro Ente, qualquer pessoa desde que seja fértil e tenha um companheiro do sexo oposto, pode ter filhos, único requisito. Se tem uma casa com o mínimo de condições, se tem comida para pôr na mesa, se é um doido varrido. Se... pergunta fundamental, Outro Ente, sabe cuidar de si próprio? Sim, como é que vai cuidar de uma criança quem nem de si próprio consegue cuidar...e o Estado aqui quer saber disto para alguma coisa, não, ainda manda é toda a gente ter filhos por causa da segurança social, já para permitir a adoção o Estado já faz uma seleção, já basta as crianças, tirando o caso dos órfãos, claro, já terem nascido de gente que não deveria ter sido pai/mãe, ou não estariam agora a esperar ser adotadas...

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    3. "Tenha um companheiro do sexo oposto"? Pensa mesmo que isso é necessário? Não, pois não?! Bem me parecia.
      Qual o conceito de "sabe cuidar de si"? Quem define? Quem controla? Tem a certeza que aqueles que decidir que "sabem cuidar de si" sabem mesmo? E que garante isso em relação ao "saber cuidar de um filho"? E que dizer das "mudanças por amor", dos que "revêem percursos" e "alteram prioridades" depois de se tornarem pais? E os que eram tão "bons a cuidar de si" e depois se passam? E quem sou eu para decidir do nascimento de outro de outros? O Estado somos nós. Quem somos nós para decidir da vida de outro igual a nós. E essas regras mais-que-perfeitas serão impostas como? Qual a sanção para o incumprimento? Força-se o aborto ou a esterilização? Sendo ambas "penas perpétuas" como se conciliam com o princípio basilar do nosso sistema que releva as finalidades relativas de prevenção geral e especial perante as finalidades absolutas de retribuição e expiação?
      (Agora diga-me que não é Medina, mas outro ente qualquer.)

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    4. ...Agora vou ser apenas eu, a Cláudia, e vou tentar uma saída airosa para isto em que me fui meter...
      Então, Outro Ente, bem sabe que só aceitei o seu desafio de ser Medina, por considerar ser extremamente deselegante vir a sua casa, usufruir das suas ilustres instalações comentando e depois não lhe permitir fazer um brilharete ganhando, claramente, este debate...

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    5. Sim, eu sei... que pensa assim.
      Esta sua mui airosa saída lembrou-me a que seguia pela verdura, airosa e não segura.
      Um beijo,
      Outro Ente.

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  2. Eu gosto tanto, mas tanto, do sentido prático e mordacidade do Medina...

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    1. Querida Mais Picante,
      "Sentido prático"? Do Medina? Ah! Ah! Ah! Tudo menos isso.
      Um beijo,
      Outro Ente.

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