Esta vai ser a melhor Feira da Golegã de sempre. Deixe-me levar o Neviolini. Vá lá, avô. Claro que é um bom cavalo para a feira. Mas, ele tem-se portado tão bem. Eu sei que é de corrida, não se preocupe. Eu consigo. Vamos lá Nev. Passo, passo, boa, muito bem, ok. Lindo Nev. Bem. Olha ali a manga. Devagar. Calma. Estão todos a olhar para ti. Estão todas a olhar para mim. Ó Nev, a melhor feira de sempre. Oo, calma. Oo, devagar. Estamos na manga. Oo. Não é uma corrida, Nev. Oo. Passear. Passo. Oo. Não corras. Não corras. Não, Nev. Ooooo. Vou cair. Aí, aí, para Nev. Oo. Quem me mandou trazer um cavalo maluco que se passa se vê outro à frente? Ooo. Não estamos a correr Nev. Isto é redondo. Nunca os ultrapassaremos a todos. Corremos em círculo e não há meta. Oo. Para Nev. Oo. Vou cair. Ooo... Escuta Nev, estão a aplaudir-nos. Pensam que é propositado. Ooo. Calma. Não vou cair. Oo. Cuidado Nev. Alto. Estou cansado. Já estás cansado, Nev? Ooooo. Não avô, claro que não o queria matar. Sim, eu sei, vou já pôr-lhe a manta. Espetáculo Nev. Foste um espetáculo. Estavam todos a olhar para ti. Estavam todas a olhar para mim. A melhor feira de sempre!
(Entretanto, o Neviolini morreu. Se lhe escrevesse uma carta...)
Não consigo ver corridas de cavalos. Tenho sempre a ideia, errada certamente, que os animais estão totalmente exaustos.
ResponderEliminarQuerida Ana,
EliminarNaquele dia, o objetivo era passear calmamente na manga da feira. Não há corrida nenhuma, apenas o gosto em ver e mostrar cavalos. Sucedeu que o Neviolini era um cavalo de corrida e não suportava ver outro cavalo à sua frente. Logo, andando em círculos, tinha sempre outros à sua frente. E, o maluco, deu em galopar como se tivesse de os ultrapassar a todos. Só parou de cansaço. Quem estava completamente exausto era eu. Gosto muito de corridas. Gosto muito de saltos. Também gosto de dressage. Gosto de tudo o que respeita a cavalos. Claro que os animais ficam exaustos. Os cavaleiros também. Diferente é pensar que os cavalos são abusados.
Um beijo,
Outro Ente.
Como lhe disse, a minha ideia, felizmente, está errada...
EliminarSorriso largo.
ResponderEliminar(se lhe escrever uma carta, por favor omita a parte de dormir em conchinha com o Nev, iria soar esquisito...)
Querida Mais Picante,
EliminarUm cavalheiro não conta.
("A Gentleman Doesn't Kiss And Tell" - an expression used by a self-conscious dude who wants his friends to think he got laid.)
Bom dia,
Outro Ente.
É notório, neste apontamento* - nesta folha de diário - o carinho que tinha por ele...
ResponderEliminarGostei de ler a carta*!
Um beijo, Bom fim-de-semana Outro Ente
Querida Té,
EliminarFoi o meu preferido. De sempre e, penso, para sempre. Marcou uma fase da minha vida.
Um beijo,
Outro Ente.
A memória mais antiga que guardo da feira da Golegã, além dos cavalos, é de a minha mãe me ter comprado uma samarrinha de pele amarelinha. Entretanto cresci e a samarrinha passou para os primos e perdi-a de vista. Curiosamente, foi na Golegã que comprei uma igual para a minha filha (que adora o seu "colete de peles", sic).
ResponderEliminarQuerida Mirone,
EliminarNos tempos que correm, não sei se o seu comentário não será perigoso. Mas, acompanho-a: tenho uma samarra feita com pele de uma raposa caçada pelo meu avô.
Vemo-nos lá,
Outro Ente.
Agora lembrou-me um história passada há uns anos numa passagem de ano. A minha mãe herdou uma estola de raposa, uma coisa supersinistra, com olhinhos de vidro a substituir os verdadeiros e tudo. Talvez por causa disso nunca a usou, mas numa certa passagem de ano achou por bem usar o bichinho ao pescoço. Para fazer marcha atrás o meu pai pôs o braço por cima do banco e, sem dar conta, agarrou a estola. Acto contínuo, para a manobra que estava a fazer e pergunta: que laca é esta que te puseram hoje que te deixou o cabelo tão macio?
EliminarHei-de perguntar à minha mãe onde anda a raposinha...
Ah! Ah! Ah!
EliminarEra macia, muito macia, mas os olhinhos de vidro davam-lhe um ar sinistro arrepiante. Aquilo tinha patinhas e tudo, não é como as golas das samarras (o meu avô também tinha uma, pesadíssima, com gola de raposa, comprado na Terrugem, parece-me). A samarrinha (ou pelica) da Mironinho é de borreguinho ou cabritinho, não é de raposa.
EliminarSinistro e arrepiante, falhou o e.
EliminarGosto mesmo destes posts sobre a sua infância.
ResponderEliminarBem, há uma coisa que me desagrada, assim, ainda vou acabar por simpatizar consigo.
(Os cavalos são animais fantásticos. Gosto particularmente de os ver rir e correr, correr, pura e simplesmente, de crinas ao vento, lindo. )
Bom fim de semana, Outro Ente.
Querida Cláudia Filipa,
EliminarAinda bem que gosta de ver os cavalos rir... os efeitos da personificação são assombrosos.
E sim, claro, há que encontrar o ponto negativo de tudo o que escrevo.
Um beijo,
Outro Ente.
Este pretendeu ser um comentário simpático. Este post não tem pontos negativos. Se quisesse aborrecê-lo com pontos negativos, tendo em conta essa tarefa que acaba de atribuir-me, tinha comentado o post que está antes deste.
EliminarDesejo-lhe uma boa noite e as melhoras (dado o seu pé atrás, convém que deixe claro que ao desejar-lhe as melhoras, refiro-me à dor de dentes).
Beliscões e piscadelas de olho.
EliminarPassou-me tudo e não me dói nada. Sou muito forte e não tenho pontos negativos.
Obrigado,
Outro Ente.
Nunca tive um cavalo, mas tive uma burra, e tenho imensas saudades dela, como tenho da minha infância com ela. Ela nunca poderia ler a minha carta. Era cega.
ResponderEliminarQuerida Uva Passa,
EliminarClaro que não poderia ler. Era burra!
Também se chamava Xarepa?
Um beijo,
Outro Ente.