A maioria dos blogs de mulheres "ventila" sobre filhos, closets e cozinha. A minoria de blogs escritos por homens versa sobre prazeres, política e desporto.
Elas começam posts por "diz que" e queixam-se de "calor de ananases". Eles citam quem antes disse melhor.
Não é líquido que elas saibam quem foi Elsa Schiaparelli, tenham lido Brazelton ou distingam entre uma instalação de Yayoi Kusama e a do eletricista da esquina. É sólido que eles leram Hemingway, ouvem Herbie Hancock e cultivam paixões.
Elas "prantam" fotos de "outfits" em ambientes de Picheleira. Eles partilham fotografias de detalhes com requinte.
Nos blogs delas há sempre umas "quiduchas" a elogiar tudo. Nos blogs deles há quem reclame pela falta de um travessão.
:)
ResponderEliminarNão li de uma ponta à outra, confesso, mas foi o primeiro livro que entrou lá em casa quando soube que estava grávida. Mas também não pranto fotos de outrora nem disserto sobre a maternidade ou a descendência.
Querida Mirone,
EliminarEu li. E, anos depois, reli. Coaduna-se com a minha "maneira de educar".
Bom dia,
Outro Ente.
Também temos o Brazelton português, o meu queridissimo Mário Cordeiro.
EliminarQuerido Outro Ente,
ResponderEliminarConfirmo que me lê, o que, como sabe, é bastante lisonjeiro.
Penso que o aparente desfasamento entre a "qualidade" dos blogs escritos por mulheres ou por homens se deve ao facto de as mulheres não terem — por desnecessidade —, efectivamente, nada para provar ao mundo. De certa forma, são/somos mais what you see is what you get. No meu caso, é perfeitamente líquido que não sei quem foi Elsa Schiaparelli, não li Brazelton, nem distingo entre uma instalação de Yayoi Kusama e a do eletricista da esquina. Mas é tranquilo que lapidei os quatro diamantes mais bonitos que algum dia vi na vida.
:)
Um dia feliz, e um beijo.
Linda Blue
Minha Linda,
EliminarNão façamos desta realidade mais uma questão dessas. Eu sei, porque a leio, que sabe bem do que falo. E não é de direitos. A desnecessidade não justifica o desleixo. (Talvez a necessidade o permitisse.) Lá porque "não tenho nada a provar" não significa que não me empenhe em fazer bem. Se não pelo mundo, pelo próprio. Ser mulher não é razão para ser cego ao demérito. Mesmo - especialmente - em era de igualdade. E, permita-me, a frontalidade do "what you see is what you get" não escusa o dever-ser. Amanhã, posso ver melhor...
Bom dia,
Outro Ente.
Isto foi uma descompostura, Outro Ente? :)
EliminarO meu "não temos nada para provar ao mundo" significa exactamente isso, e não uma desculpa para o desleixo: somos tão adultas, tão cedo, responsabilizamo-nos por tanta coisa que, chegada a uma certa fase da vida, aquilo que o mundo quiser saber acerca de nós, está-nos espelhado no corpo todo, na maneira de estar, nas escolhas que fizemos. E na escrita, também. Eu não preciso de anunciar ao mundo todo o Moët et Chandon que bebi no biberon (penso que não literalmente) para que o mundo saiba que eu sei que ele existe. No entanto, falo de idas ao supermercado como se ir ao supermercado fosse a coisa mais normal de se fazer. E será que é?
Boa tarde,
Linda Blue
Já agora, o Brazelton não é o que foi o pediatra-mor dos anos 60? Quem o leu foi a minha mãe. Eu li Mário Cordeiro e, até certo ponto, lamento.
EliminarComeço a achar jeito aos dois pontos fechar parêntesis. Não fossem eles e sentir-me-ia mais indisposto do que descomposto.
EliminarClaro que não é normal ir ao supermercado. Eu raramente - quase nunca, na verdade - lá vou.
Foi, foi. Reitero que gosto de alguns dos seus métodos.
(Obrigado por me vincar a vetustez. Faz-me sentir tão... ahhh.... digamos... Moët &Chandon Vintage do século passado. Inícios.)
Outro Ente, referia-me a descompostura no sentido de ralhete. Como imagina, não venho para o seu espaço destratá-lo. Não faço isso a ninguém, de resto.
Eliminar(E também não lhe chamei vetusto. Sabe bem que eu e os adjectivos, sobretudo os desqualificativos, nos damos muito mal. Os piores que uso, a mim os dirijo. Além disso, estou profundamente convencida que, de nós dois, se há alguém vetusto sou eu. Não se esqueça que entre os seus e os meus há uma distância de, pelo menos, uma década)
Bem sei. Mas, nessas contas, importará mais a mulher... (quase diria "só".)
EliminarPara si, só ramalhetes. (Mesmo sendo eu Afonso muito mais do que Carlos.)
Outro Ente, posso meter a colherada?
Eliminar[ Aqui. Justamente na zona vetusto :) ]
Fui mãe aos 28, depois aos 30, e de surpresa - das boas - mais de uma década depois, aos 42.
Achei giro criar um blogue - que lhe é dedicado - [outrora nem havia internet!!!]. Um género de "conta-me como foi", não se vá dar o caso de eu já cá não estar quando ela quiser saber "como foi".
Vá, façam as pazes. Para velha estou cá eu. :)
Um beijo e dia feliz ;)
Nem pensar em zangar-me, Té, menos ainda com o nosso anfitrião. Na paz, mesmo :)
EliminarEu não sei que contas fazer, para continuar a garantir os meus 84, mas foi assim: 27, 29, 32 e 33 (acho que não tínhamos televisão).
~
Outro Ente, tem razão. Ainda assim, eu tenho a minha convicção (e arre que a mulher não desmonta).
(Afonso ou Carlos, tudo menos Pedro)
Porque não Pedro? Pedro lembra-me sempre "com lágrimas se fez a história dessa Inês tão Linda".
EliminarEu gosto muito de fazer as pazes. Especialmente quando não estava em guerra.
Noite feliz a ambas as meninas.
Beijos,
Outro Ente.
Ah, mas essoutro Pedro, de Inês, foi muito mais Pedro do que aqueloutro, da Maia — o traído.
EliminarPazes nunca desfeitas, naturalmente.
Um beijo de noite feliz.
Linda Blue.
Coitado...
EliminarUm beijo minha Linda.
Nunca hei de reclamar consigo por causa de um travessão. Os homens não costumam usá-lo, o de cabelo...
ResponderEliminarBom dia
maravilhosa Be :)
EliminarQuerida Be, que está à janela, com o seu cabelo à lua, e que também não o costuma usar,
EliminarOs homens costumam saber usá-lo, o sinal de pontuação.
Um beijo,
Outro Ente.
(Sim, Anónimo, Be é maravilhosa.)
Bolas, sinto-me sem lugar nem sexo (o que, convenhamos não é simpático) então mas eu nem blog de homem nem de mulher? Serei uma planta e não dei conta?
ResponderEliminarJá agora aproveito dois dedos de opinião que ninguém pediu quanto ao comentário que as mulheres são muito "what tou see is what you get", aprecio muito o género, mesmo não gostando sempre do que se vê. Gostamos ou não do que de facto se é quando as pessoas são verdadeiramente o que mostram, mas discordo no que toca ao dizer que as mulheres são mais assim que os homens. Acho que as mulheres têm demasiadas camadas, muitas até máscaras; os homens são mais básicos, no sentido de serem mais directos. Quando dizem que nao têm nada, não têm nada, quando dizem "faz o que quiseres" é para isso mesmo... Isto é, não incluindo retaliações caso nao coincida com o que queremos... Acho mesmo que muito pouco nas mulheres é o que se vê realmente.
... Mas o comentário na verdade era só para dizer que fiquei triste, terei de começar a escrever sobre a minha filha, ou sobre política (blhec...) ou assim, para saber onde encaixo, ou ter onde encaixar? Todos temos de ter uma caixa com uma etiqueta?
Beijo, Outro Ente
Querida Eva,
EliminarNão temos todos de "encaixar". Muito menos de "encarneirar". Mas, sendo tantos, acredito que poderemos pertencer. E acolher. Ainda que nem sempre. Ainda que não para sempre.
Espero que não esteja triste por jogar nesta nossa equipa. A dos Outros.
Um beijo,
Outro Ente.
("blhec"?, "política (blhec)"? A sério? Divertidamente.)
ehehe... pois blhec, prefiro discutir o sexo dos anjos, tem a mesma produtividade e não gera tanta celeuma, digamos...
EliminarE sim, combinado, fico nessa nesta nossa equipa. É muito importante pertencer, concordo. Esse sentimento de pertença onde a etiqueta não tem nome e a importância está em quem nos acompanha, faz-me sentido, o contrário não faz nenhum, suportar as companhias em nome da etiqueta a que queremos pertencer...
(devo confessar que acho muita piada ao seu sentido de humor principalmente nos comentários, mas não sei se agora passo a ter etiqueta de "quiducha", é que não gosto mesmo nada desse rótulo, a sério. Divertidamente.)
beijo.
Eva
Se não está à venda, não precisa ter rótulo. Não sei se é do tempo das tuchas, mas é o que me faz lembrar "quiducha". O que logo me transporta para um episódio em que cortei a trunfa de uma das bonecas da minha irmã. Depois deixo-me ficar ali, a ir e vir, entre a quiducha e a tesourada... É terapêutico.
EliminarUm beijo,
Outro Ente.
Não, à venda não estou, mas os rótulos pensava eu que serviam para classificar, não para indicar preços. E por esse episódio que conta ainda bem que de quiducha tenho pouco (acho eu...).
EliminarBoa noite Outro Ente.
Eu li Brazelton. Mas confesso que não faço ideia do que seja isso da Picheleira...
ResponderEliminarFica ali entre o Areeiro e Chelas. Devia saber, imagine que um dia se perde por lá, convém saber sair ou pelo menos indicar onde está para que a possam ir buscar. :))))
EliminarConfere.
EliminarNa altura, também estava na moda o Estivill, mas achei-o destemperado.
Boa noite,
Outro Ente.
Eu sempre os deitei e pronto. Nunca adormeci meninos, vinham para a minha cama em estando doentes e era isso. Tiram-me muito mais horas de sono hoje em dia.
EliminarSó vim dizer que gostei de ler o que se passou por aqui. Do texto, mas isso já não é novidade, e da participação, gostei das participações com o seu acompanhamento.
ResponderEliminarPermita-me também que diga, que gosto de ver por aqui a Mais Picante, habituei-me à presença da Mais Picante por aqui, desde os tempos em que eu era uma "galinha" non grata e acho que isto também é mais giro com a Picante a participar.
Para não dizer que não digo nada relativamente ao texto...sim, a igualdade passa também pelo grau de exigência, passa pela vontade de nos enriquecermos como pessoas, independentemente do género.
Boa noite, Outro Ente.
Ah! deixe-me só acrescentar, que não tenho problema nenhum, muito pelo contrário, em elogiar as/os bloggers de quem gosto. Faço mesmo questão de o fazer, todas as vezes que me dá vontade. Mas também sei perfeitamente, que isso não faz de mim uma "quiducha" porque às "quiduchas", pouco importará o mérito, o merecimento, elogiam só porque sim. Não, isso de facto não é comigo. (E agora atreva-se a dizer que não sou uma querida)
EliminarÉ-me querida Cláudia Filipa. (Não a considero "uma" querida.)
EliminarEu gosto que as pessoas de quem gosto saibam que gosto delas.
Claro que Mais Picante, Mirone, Linda Blue, Té, Be, Eva, Cláudia e Anónima dão brilho e vida a esta brincadeira. Não fossem os jogadores tão "fixes" e há muito teria terminado. Aliás, nunca teria começado. Mas isso seria assunto para outro post: e tu, porque te metesse nisto...
Um beijo de boa noite,
Outro Ente.
Tenho tido pouco vagar para blogs, Claudinha...
Eliminar(abraço aos dois)
Lá está a prova de que todas as generalizações são injustas.
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