quinta-feira, 5 de março de 2015

Se tu vens a qualquer momento...

Outrora, estacionava o carro e entregava as chaves ao Sr. Arménio. Entrava nos escritórios, e logo a D. Eugénia me trazia o maço de correio: "-Aqui estão as d'hoje. Trago-lhe já o café."
Durante anos a fio foi assim. Quando eu chegava, abria o correio.
Era um momento tenso. Havia uma solenidade. Quase uma angústia.
Depois, ditava algumas respostas. Muitas cartas eram apenas arquivadas. Poucas se quedavam em cima da secretária, a amadurecer.
Gostava de começar o dia com o correio. Quase uma higiene matinal.


Parece que os ctt mudaram e até o carteiro é outro.
Agora, o correio pode aparecer durante a tarde, à hora de almoço, ou antes da abertura. Os emails, invadem a caixa de entrada a qualquer momento. Tal como as redes a que estamos ligados.
Já ninguém se prepara para o embate. Tudo é a qualquer momento, quando menos se espera, e para ontem.

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