Há um ano, era 3ª feira de carnaval.
Falei-te da perdiz, que tinha deixado em casa. (Tu tinhas passado a gostar da canja que a Rosarinho fazia. Como a preferias à feijoada, foi sempre um mistério, para mim.)
Falámos das tuas fotografias e do benfica. (Falei eu, tão mais que tu.)
Faltava-te o ar. Pesava-te o cansaço. Demorei pouco. Voltaria na 5ª, que amanhã era impossível. Talvez até já estivesses em casa.
Fui-me embora a pensar nos livros de Philip Dick, que impingias. E na tua mania de passar a ferro, enquanto víamos televisão. E nos 6 meses.
A merda daquele telefonema, em que disseste estou a morrer, e te respondi, estamos todos.
6 meses não dão para nada.
4ª feira foi de cinzas.
Não voltei a ler ficção científica.
Sei que não me morreste. Morreste-lhes.
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