Havia cavalos na herdade. Conduzíamo-los até um murinho de pedra. Trepávamos agarrados às crinas e éramos vento. Como um prémio de liberdade, fazíamos o trabalho do avô. Os cavalos eram uma disciplina transvestida em brincadeira, que ocupava os vagares dos dias de férias.
Só muito mais tarde se tornaram obrigação, quando inventávamos razões para nem os cascos escovarmos. Passa a outro e não ao mesmo...
Também havia mulas, a que chamávamos indistintamente xarepa, e que nada pediam. Essas eram montadas de qualquer maneira, mas nunca foram sensação de voar. Sabiam de cor o caminho de regresso e era o único em que se apressavam.
Para o fim, só estas ficaram, com duas lusitanas e um árabe.
O Neviolini, está bom de ver, era do neto, em quem crescia o que no avô ia indo.
Era inteiro o Nev, impetuoso e veloz. Um dia foi-se para alimentar leões de circo.
Vieram os frísios. Gosto de quem tem paixão pelo trote levantado. São tão altos, que os braços doem quando lhes entrançamos as crinas. Voltámos a usar o murinho de pedra.
Ainda há cavalos, mas já não há avô.
Sem dizer nada, para não estragar.
ResponderEliminarBeijos, Ente.
Obrigado pelo tanto que diz.
ResponderEliminarOutro Ente.