terça-feira, 11 de outubro de 2016

A blasfémia de Martim

Ontem, durante o jantar, com ar sério e voz grave, o meu filho contou: - Hoje, o Martim foi muito mal-educado e disse uma coisa que tu nunca admitirias.
Habituado às diatribes do Martim, useiro e vezeiro em não fazer os TPC e em jogar futebol com copos de iogurte, perguntei: - Que fez, desta vez, o Martim?
Ele, arregalando os olhos, respondeu-me: - O Martim disse que o Pai Natal não existe.
Apanhado de surpresa, indeciso entre arruinar-lhe a fantasia ou deixá-lo ser gozado, limitei-me a: - E então?
- Eu disse-lhe que o Pai Natal é um símbolo.



16 comentários:

  1. Arruinou-lhe a fantasia, portanto. E houve lágrimas ou a constatação foi pacífica?

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    1. Querida Be,
      Pelo contrário, quem arruinou a minha fantasia de ter um menino-quase-bebé foi o meu filho-já-tão-crescido. Foi ele quem me respondeu que tinha dito ao amigo que o Pai Natal era um símbolo. Eu continuo a colocar cadernetas de cromos debaixo da almofada sempre que um dente lhes cai, a ler Peter Pan e a repetir convictamente "eu acredito em fadas".
      Beijos,
      Outro Ente.

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    2. Precisamente o que eu quis dizer, queria mesmo saber se chorou à frente do petiz. Eu também acredito e acreditarei em fadas e em todos os seres mágicos enquanto estes me proporcionarem momentos especiais ou simplesmente divertidos com os miúdos.

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  2. Eu também sigo o blogue da Picante mais pela simbologia das historietas com que ela pretende moralizar as hostes do que propriamente por acreditar em tais historietas.

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    1. Caro Anónimo,
      Eu acredito em fadas e em blogues e no Pai Natal e no meu filho...
      (E se lhe disser que isto se passou talqualmente assim, como o descrevo, durante o jantar de ontem, excecionalmente antecipado para as 19:00 em consideração pelo jogo que se seguiu? E se lhe disser que o rapazito se chama, de facto, Martim? E se lhe disser que só escrevi este post porque ao ler o de A Mais Picante, hoje de manhã, me recordei do Martim de ontem à noite e isto tem andado tão parado...? E se lhe disser que escrevi o post porque sei que A Mais Picante o lerá como a brincadeira que é? Acredita? E se lhe disser que isto não são seitas? Acredita que isto são só blogs?)
      Cumprimentos,
      Outro Ente.

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    2. Se me disser isso tudo, eu digo-lhe que também eu já acreditei no Pai Natal. Tal como o Outro Ente. E o seu filho. Num passado muito distante.

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    3. Não me diga que não acredita n'Outro Ente...
      Enfim, eu também não acredito que esse passado seja tão distante assim. Nem que seja passado...

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    4. Essa agora! Por quem me toma? Claro que acredito n'Outro Ente! Não acredito é no Pai Natal, como, aliás, já lhe disse.

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    5. Pensava que Outro Ente fosse um símbolo...

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    6. Querida Lady Kina,
      Outro Ente é apenas o heterónimo deste ortónimo que lhe escreve.
      Um beijo,
      Outro Ente.

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  3. Pipocante Irrelevante Delirante11 de outubro de 2016 às 15:58

    Há quem acredite no Pai Natal, há quem acredite no Jesus. Treinador.
    O Martim, bem, o Martim é aquele tipo de pessoa descrito pelo poema do Alberto Pimenta. Ainda um pequeno, mas tornar-se-á num grande.
    Não tira vantagem alguma, limita-se a lixar (com efe) a vida ao do lado.

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  4. Ena ;) a resposta do símbolo merece uma salva de palmas :)

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    1. Querida Estudante,
      Acima de tudo, livrou-me de boa.
      Um beijo,
      Outro Ente.

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  5. Ahahahahahahahahahah muito boa! Agradeça ao petiz por mim. Andamos com um dente a abanar lá em casa e com pouca vontade de embarcar na história da fada dos dentes... "A fada dos dentes é um símbolo, Jr...", dir-lhe-ei eu mais logo! :)

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    1. Querida NM,
      Espero que não esteja a ser "forreta", como diria Mafalda. (Se a conversa lhe correr como cá em casa, não se livra da obrigação de desencantar "surpresas" para colocar debaixo da almofada.)
      Um beijo,
      Outro Ente.

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