segunda-feira, 18 de julho de 2016

(A)Cedendo ao plágio II

penteio-me com um pente de marfim e casca de ovo. enquanto deixo os olhos vaguearem pelo espelho e fixo-me, nua, no sinal castanho que me diferencia a mama esquerda. os dentes ásperos, em contínuo movimento, entranham-se-me pelos cabelos adentro e percorre-me um frémito de prazer. se ao menos o Dantas me mordesse o lóbulo da orelha em vez de passar o tempo a segredar-me joies de merde. pelo espelho vejo o piaçaba de aço escovado que se esconde atrás do omnipresente aquecedor a óleo. ainda não é desta que pinto as unhas de cerejas. não gosto de envernizados, tratados, arrebitados, salamalecados. se o piaçaba fosse envernizado, refletiria o meu retrato como um espelho. seria tudo tão menos escatológico, se o passado soubesse ocupar o seu lugar, em vez de invadir o meu presente. não é me esteja a cagar, mas estou farta de apertos. hoje, vou sem soutien. 

8 comentários:

  1. :)

    ...e vai daí, mais valia não pedir a caricatura. na volta, é mais parecida à peça do que o original, o que é triste!

    grata, generoso Ente :)

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    1. Querida Flor,
      Se escolhesse um adjetivo seria resiliente. Ou crua. Nunca "triste". Tem uma escrita tão própria, tão individual, que é inconfundível.
      Um beijo,
      Outro Ente.

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  2. Inconfundível Flor.
    Se ela me rouba sorrisos, aqui arrancou-me uma gargalhada.

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    1. Aqui é, como sabe, uma brincadeira. Ainda bem que achou piada.
      Um beijo,
      Outro Ente.

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  3. Olha... A flor agora escreve no Talqualmente Outro?
    :)

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    1. Querida Cuca, a Pirata,
      Flor é uma inspiração.
      Bom dia,
      Outro Ente.

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