sexta-feira, 27 de maio de 2016

Outro Ente esclarece como (também) ocupa as suas crianças nas férias de verão

Percorro a avenida das tílias e venho sentar-me neste banco de madeira, debaixo de uma azinheira. Olho as folhas secas caídas pelo chão. Ao lado, as ervas daninhas teimam em crescer por entre a calçada. Abaixo, a salsa saiu dos seus canteiros e desafia as juntas da velha escada de pedra. Ao longe, os trilhos quase escondidos pelas papoilas e o rosmaninho e os estradões estreitados pelas bermas silvestres que cresceram. Regresso pelo caminho das amoreiras e verifico que o musgo invadiu algumas das juntas da cobertura da piscina e que o lago está cheio de verdete.
É preciso juntar folhas em montes, recolhê-las para um carro-de-mão e sobrepor-lhes um menino, para que não voem as folhas e o petiz se delicie com a viagem encosta abaixo; é preciso apanhar a salsa desordeira e oferecê-la à D. Berta, que nos agradecerá em pastéis de bacalhau; é preciso dar passeios pelos campos para avivar caminhos e desgastar as unhas da Milú que anda armada em sedentária; é preciso trepar às árvores como os macacos para apanhar as nêsperas, as cerejas e as amoras e comê-las quentes e ficar com nódoas na roupa, nas mãos, na cara, na língua; é preciso aprender -mesmo- a andar de bicicleta, para não cair nos passeios até à ribeira; é preciso lavar a cobertura com jatos de pressão que nos molham sem mergulharmos; é preciso renovar a água do lago e ir ao poço pescar novos peixes que os gatos da redondeza novamente se encarregarão de comer...
Está tudo a precisar das férias grandes!

8 comentários:


  1. Os meus contam os dias que faltam pelos dedos e eu também, apesar de os ver só ao fim de semana sei que são mais felizes durante 3 meses.

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    1. Querida Be,
      Nesse caso, diria que serão eles mais felizes e os avós mais novos.
      Bom dia,
      Outro Ente.

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  2. Outro Ente, estou aqui quase capaz de esquecer as minhas crianças e de me mudar, eu própria, para aí.
    Não sei há quantos anos não como fruta acabada de apanhar, doce e sumarenta como só a fruta colhida por nós pode ser.
    Desejo-lhe umas excelentes férias!

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    1. Querida Mais Picante,
      As férias ainda vêm longe. Vamos vivendo estes fins de semana como bolhas de oxigénio. Digamos que estamos na fase dos preparativos, antecipando, o que tornará as férias ainda mais saborosas.
      Bom dia,
      Outro Ente.

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  3. Férias vestidas com esses trajes, três meses é pouco. Nunca hão de fartar.

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    1. Querida Mia,
      Não há bem que sempre dure... e, logo depois, não há mal que se não acabe. Felizmente, o bem é muito bom e o mal é menos mau.
      Um beijo,
      Outro Ente.

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