quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Sendo homem é mais fácil

A maioria dos blogs de mulheres "ventila" sobre filhos, closets e cozinha. A minoria de blogs escritos por homens versa sobre prazeres, política e desporto. 
Elas começam posts por "diz que" e queixam-se de "calor de ananases". Eles citam quem antes disse melhor.
Não é líquido que elas saibam quem foi Elsa Schiaparelli, tenham lido Brazelton ou distingam entre uma instalação de Yayoi Kusama e a do eletricista da esquina. É sólido que eles leram Hemingway, ouvem Herbie Hancock e cultivam paixões.
Elas "prantam" fotos de "outfits" em ambientes de Picheleira. Eles partilham fotografias de detalhes com requinte.
Nos blogs delas há sempre umas "quiduchas" a elogiar tudo. Nos blogs deles há quem reclame pela falta de um travessão.

32 comentários:

  1. :)
    Não li de uma ponta à outra, confesso, mas foi o primeiro livro que entrou lá em casa quando soube que estava grávida. Mas também não pranto fotos de outrora nem disserto sobre a maternidade ou a descendência.

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    1. Querida Mirone,
      Eu li. E, anos depois, reli. Coaduna-se com a minha "maneira de educar".
      Bom dia,
      Outro Ente.

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    2. Também temos o Brazelton português, o meu queridissimo Mário Cordeiro.

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  2. Querido Outro Ente,
    Confirmo que me lê, o que, como sabe, é bastante lisonjeiro.
    Penso que o aparente desfasamento entre a "qualidade" dos blogs escritos por mulheres ou por homens se deve ao facto de as mulheres não terem — por desnecessidade —, efectivamente, nada para provar ao mundo. De certa forma, são/somos mais what you see is what you get. No meu caso, é perfeitamente líquido que não sei quem foi Elsa Schiaparelli, não li Brazelton, nem distingo entre uma instalação de Yayoi Kusama e a do eletricista da esquina. Mas é tranquilo que lapidei os quatro diamantes mais bonitos que algum dia vi na vida.
    :)
    Um dia feliz, e um beijo.
    Linda Blue

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    1. Minha Linda,
      Não façamos desta realidade mais uma questão dessas. Eu sei, porque a leio, que sabe bem do que falo. E não é de direitos. A desnecessidade não justifica o desleixo. (Talvez a necessidade o permitisse.) Lá porque "não tenho nada a provar" não significa que não me empenhe em fazer bem. Se não pelo mundo, pelo próprio. Ser mulher não é razão para ser cego ao demérito. Mesmo - especialmente - em era de igualdade. E, permita-me, a frontalidade do "what you see is what you get" não escusa o dever-ser. Amanhã, posso ver melhor...
      Bom dia,
      Outro Ente.

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    2. Isto foi uma descompostura, Outro Ente? :)
      O meu "não temos nada para provar ao mundo" significa exactamente isso, e não uma desculpa para o desleixo: somos tão adultas, tão cedo, responsabilizamo-nos por tanta coisa que, chegada a uma certa fase da vida, aquilo que o mundo quiser saber acerca de nós, está-nos espelhado no corpo todo, na maneira de estar, nas escolhas que fizemos. E na escrita, também. Eu não preciso de anunciar ao mundo todo o Moët et Chandon que bebi no biberon (penso que não literalmente) para que o mundo saiba que eu sei que ele existe. No entanto, falo de idas ao supermercado como se ir ao supermercado fosse a coisa mais normal de se fazer. E será que é?
      Boa tarde,
      Linda Blue

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    3. Já agora, o Brazelton não é o que foi o pediatra-mor dos anos 60? Quem o leu foi a minha mãe. Eu li Mário Cordeiro e, até certo ponto, lamento.

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    4. Começo a achar jeito aos dois pontos fechar parêntesis. Não fossem eles e sentir-me-ia mais indisposto do que descomposto.
      Claro que não é normal ir ao supermercado. Eu raramente - quase nunca, na verdade - lá vou.
      Foi, foi. Reitero que gosto de alguns dos seus métodos.
      (Obrigado por me vincar a vetustez. Faz-me sentir tão... ahhh.... digamos... Moët &Chandon Vintage do século passado. Inícios.)

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    5. Outro Ente, referia-me a descompostura no sentido de ralhete. Como imagina, não venho para o seu espaço destratá-lo. Não faço isso a ninguém, de resto.
      (E também não lhe chamei vetusto. Sabe bem que eu e os adjectivos, sobretudo os desqualificativos, nos damos muito mal. Os piores que uso, a mim os dirijo. Além disso, estou profundamente convencida que, de nós dois, se há alguém vetusto sou eu. Não se esqueça que entre os seus e os meus há uma distância de, pelo menos, uma década)

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    6. Bem sei. Mas, nessas contas, importará mais a mulher... (quase diria "só".)
      Para si, só ramalhetes. (Mesmo sendo eu Afonso muito mais do que Carlos.)

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    7. Outro Ente, posso meter a colherada?
      [ Aqui. Justamente na zona vetusto :) ]
      Fui mãe aos 28, depois aos 30, e de surpresa - das boas - mais de uma década depois, aos 42.
      Achei giro criar um blogue - que lhe é dedicado - [outrora nem havia internet!!!]. Um género de "conta-me como foi", não se vá dar o caso de eu já cá não estar quando ela quiser saber "como foi".
      Vá, façam as pazes. Para velha estou cá eu. :)
      Um beijo e dia feliz ;)

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    8. Nem pensar em zangar-me, Té, menos ainda com o nosso anfitrião. Na paz, mesmo :)
      Eu não sei que contas fazer, para continuar a garantir os meus 84, mas foi assim: 27, 29, 32 e 33 (acho que não tínhamos televisão).
      ~
      Outro Ente, tem razão. Ainda assim, eu tenho a minha convicção (e arre que a mulher não desmonta).

      (Afonso ou Carlos, tudo menos Pedro)

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    9. Porque não Pedro? Pedro lembra-me sempre "com lágrimas se fez a história dessa Inês tão Linda".
      Eu gosto muito de fazer as pazes. Especialmente quando não estava em guerra.
      Noite feliz a ambas as meninas.
      Beijos,
      Outro Ente.

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    10. Ah, mas essoutro Pedro, de Inês, foi muito mais Pedro do que aqueloutro, da Maia — o traído.
      Pazes nunca desfeitas, naturalmente.
      Um beijo de noite feliz.
      Linda Blue.

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  3. Nunca hei de reclamar consigo por causa de um travessão. Os homens não costumam usá-lo, o de cabelo...
    Bom dia

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    1. Querida Be, que está à janela, com o seu cabelo à lua, e que também não o costuma usar,
      Os homens costumam saber usá-lo, o sinal de pontuação.
      Um beijo,
      Outro Ente.
      (Sim, Anónimo, Be é maravilhosa.)

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  4. Bolas, sinto-me sem lugar nem sexo (o que, convenhamos não é simpático) então mas eu nem blog de homem nem de mulher? Serei uma planta e não dei conta?
    Já agora aproveito dois dedos de opinião que ninguém pediu quanto ao comentário que as mulheres são muito "what tou see is what you get", aprecio muito o género, mesmo não gostando sempre do que se vê. Gostamos ou não do que de facto se é quando as pessoas são verdadeiramente o que mostram, mas discordo no que toca ao dizer que as mulheres são mais assim que os homens. Acho que as mulheres têm demasiadas camadas, muitas até máscaras; os homens são mais básicos, no sentido de serem mais directos. Quando dizem que nao têm nada, não têm nada, quando dizem "faz o que quiseres" é para isso mesmo... Isto é, não incluindo retaliações caso nao coincida com o que queremos... Acho mesmo que muito pouco nas mulheres é o que se vê realmente.
    ... Mas o comentário na verdade era só para dizer que fiquei triste, terei de começar a escrever sobre a minha filha, ou sobre política (blhec...) ou assim, para saber onde encaixo, ou ter onde encaixar? Todos temos de ter uma caixa com uma etiqueta?
    Beijo, Outro Ente

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    1. Querida Eva,
      Não temos todos de "encaixar". Muito menos de "encarneirar". Mas, sendo tantos, acredito que poderemos pertencer. E acolher. Ainda que nem sempre. Ainda que não para sempre.
      Espero que não esteja triste por jogar nesta nossa equipa. A dos Outros.
      Um beijo,
      Outro Ente.
      ("blhec"?, "política (blhec)"? A sério? Divertidamente.)

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    2. ehehe... pois blhec, prefiro discutir o sexo dos anjos, tem a mesma produtividade e não gera tanta celeuma, digamos...
      E sim, combinado, fico nessa nesta nossa equipa. É muito importante pertencer, concordo. Esse sentimento de pertença onde a etiqueta não tem nome e a importância está em quem nos acompanha, faz-me sentido, o contrário não faz nenhum, suportar as companhias em nome da etiqueta a que queremos pertencer...
      (devo confessar que acho muita piada ao seu sentido de humor principalmente nos comentários, mas não sei se agora passo a ter etiqueta de "quiducha", é que não gosto mesmo nada desse rótulo, a sério. Divertidamente.)
      beijo.
      Eva

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    3. Se não está à venda, não precisa ter rótulo. Não sei se é do tempo das tuchas, mas é o que me faz lembrar "quiducha". O que logo me transporta para um episódio em que cortei a trunfa de uma das bonecas da minha irmã. Depois deixo-me ficar ali, a ir e vir, entre a quiducha e a tesourada... É terapêutico.
      Um beijo,
      Outro Ente.

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    4. Não, à venda não estou, mas os rótulos pensava eu que serviam para classificar, não para indicar preços. E por esse episódio que conta ainda bem que de quiducha tenho pouco (acho eu...).
      Boa noite Outro Ente.

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  5. Eu li Brazelton. Mas confesso que não faço ideia do que seja isso da Picheleira...

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    1. Fica ali entre o Areeiro e Chelas. Devia saber, imagine que um dia se perde por lá, convém saber sair ou pelo menos indicar onde está para que a possam ir buscar. :))))

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    2. Confere.
      Na altura, também estava na moda o Estivill, mas achei-o destemperado.
      Boa noite,
      Outro Ente.

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    3. Eu sempre os deitei e pronto. Nunca adormeci meninos, vinham para a minha cama em estando doentes e era isso. Tiram-me muito mais horas de sono hoje em dia.

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  6. Só vim dizer que gostei de ler o que se passou por aqui. Do texto, mas isso já não é novidade, e da participação, gostei das participações com o seu acompanhamento.
    Permita-me também que diga, que gosto de ver por aqui a Mais Picante, habituei-me à presença da Mais Picante por aqui, desde os tempos em que eu era uma "galinha" non grata e acho que isto também é mais giro com a Picante a participar.
    Para não dizer que não digo nada relativamente ao texto...sim, a igualdade passa também pelo grau de exigência, passa pela vontade de nos enriquecermos como pessoas, independentemente do género.
    Boa noite, Outro Ente.

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    1. Ah! deixe-me só acrescentar, que não tenho problema nenhum, muito pelo contrário, em elogiar as/os bloggers de quem gosto. Faço mesmo questão de o fazer, todas as vezes que me dá vontade. Mas também sei perfeitamente, que isso não faz de mim uma "quiducha" porque às "quiduchas", pouco importará o mérito, o merecimento, elogiam só porque sim. Não, isso de facto não é comigo. (E agora atreva-se a dizer que não sou uma querida)

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    2. É-me querida Cláudia Filipa. (Não a considero "uma" querida.)
      Eu gosto que as pessoas de quem gosto saibam que gosto delas.
      Claro que Mais Picante, Mirone, Linda Blue, Té, Be, Eva, Cláudia e Anónima dão brilho e vida a esta brincadeira. Não fossem os jogadores tão "fixes" e há muito teria terminado. Aliás, nunca teria começado. Mas isso seria assunto para outro post: e tu, porque te metesse nisto...
      Um beijo de boa noite,
      Outro Ente.

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    3. Tenho tido pouco vagar para blogs, Claudinha...
      (abraço aos dois)

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  7. Lá está a prova de que todas as generalizações são injustas.

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