sexta-feira, 26 de junho de 2015

Convenço-me de que o mundo é finito quando só me apetece repetir






Afinal, constato que tudo é inacabado e infinito.




Sempre me foi cara esta erma colina
e esta sebe, que por toda a parte
do último horizonte o olhar exclui.
Mas sentando e admirando, intermináveis
espaços para lá dela e sobre-humanos
silêncios, e profundíssima quietude
eu no pensamento me finjo; onde por pouco
o coração não me amedronta. E como o vento
ouço sussurrar entre estas plantas, eu aquele
infinito silêncio a essa voz
vou comparando: e me sobrevém o eterno
e as mortas estações e a presente
e viva, e o som dela. Assim entre esta
imensidão se afoga o pensamento meu;
e o naufragar é-me doce nesse mar.

(El Infinito, Giacomo Leopardi)

10 comentários:

  1. Como 'trollar' um bom post. Mirone explica:
    Tudo na vida tem um fim, excepto a salsicha, que tem dois.

    (Desculpe, Outro Ente, mas não resisti. Tenha um belíssimo dia. Quando este acabar - sim, acaba - outro se iniciará)

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    1. E o cotonete??? Por Deus Mirone! O cotonete merecia melhor tratamento da tua parte.

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    2. Imperdoável!!!
      Logo eu que tenho uma fixação (a roçar o fétiche) por cotonetes.

      (e a minhoca, achas que também tem dois fins?)

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    3. Queridas mirone e Uva Passa ,
      Parafraseando Be "está a falar a sério"?
      Claro que nem tudo tem um fim. Há despropósitos sem qualquer fim. Eu que o diga.
      Beijos a ambas (vou esquecer a última provocação de Mirone),
      Outro Ente.

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    4. Ajahahahahahaha! Não foi intencional, Outro Ente, mas agora que fala nisso lembrei-me da tal música.


      (Espero que a maré baixe pela fresca)

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  2. "e profundíssima quietude
    eu no pensamento me finjo" .Ecoam-me estas palavras e nelas me fixo para fingir que posso alcançar alguma liberdade neste fim e recomeço.
    Bom dia, Outro Ente.

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    1. Querida Mia,
      Bastará não passar o fim de semana a trabalhar, como vem sendo o seu hábito, e aproveitar a maresia.
      Um beijo,
      Outro Ente.

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  3. Não percebo, só se repete não se reconhecendo a finitude... Senão para quê repetir? Repetir é não desistir, não acabar. Mas então o infinito será sempre feito de repetições de alguma forma? E haverá infinito? Ou só não há porque se desiste de repetir ?
    Só interrogações... Deve ser da hora.
    Boa Noite, Outro Ente

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    1. Querida Eva,
      Talvez o infinito resulte precisamente da recusa em repetir. Procuramos a novidade de que precisamos e assim a criamos. Ad eternum.
      Um beijo,
      Outro Ente.

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  4. Ando há uma porção de tempo para lhe dizer que adorei este seu post.
    Como as crianças, a mim apetece-me repetir algumas coisas infinitamente.
    Um beijo

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