terça-feira, 7 de abril de 2015

Natureza morta


Domenico Ghirlandaio, Retrato de uma jovem


As mulheres bonitas são serenas. Gosto de as olhar como a um quadro. O rosto por vincar, os olhos por acender, o nariz por marcar e a boca por curvar, emoldurados por um cabelo por desgrenhar. São harmoniosos os traços de uma mulher bonita. Gosto de atentar nas mulheres bonitas como em retratos. Depois, fecho o álbum.

34 comentários:

  1. Tenho vincos no rosto. Não ficaria bem, serena, num quadro.
    Toda a beleza assim, irretocável, tem tendência para deixar de receber atenções.

    Beijos, Ente, e uma boa noite, quem sabe ao som de Satie. :)

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  2. Querida Maria Eu,
    Recordo a sua fotografia do sorriso franco... não Maria, não caberia num retrato parado.
    Estou a ouvir Cecília Bartoli, St Petersburg.
    Boa noite,
    Outro Ente.

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  3. Agora fez-me lembrar um episódio antigo. Em tempos, perguntaram-me qual era a diferença entre a minha pessoa e um bonito quadro. Disse ao tipo que o quadro nunca o mandaria à merda. Vá-se lá saber os desígnios do Senhor mas fiquei com o emprego, que na realidade era um trabalho.
    Boa noite, Ente.

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    1. Querida Mais Picante,
      Só um estupor faria uma pergunta dessas numa entrevista de emprego. Já a resposta adequa-se ao raciocínio rápido mais picante.
      Um bonito quadro não retrata, as mais das vezes, uma mulher bonita.
      Boa noite,
      Outro Ente.

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    2. Um estupor que me apadrinhou vida fora e acabou por se tornar um grande amigo.
      (ainda hoje ele faz essa pergunta, afinal há coisas que são mesmo como são...)

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    3. Querida Mais Picante,
      Com o tempero certo, o estupor tornou-se um amor... acontece-nos a todos.
      (ainda hoje ele se pergunta como o suplantou com tal descontração.)
      Beijo,
      Outro Ente.

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  4. Outro Ente,
    Desmanchando-lhe os traços da perfeição, libertando-a da estampa do álbum, é possível transformar uma mulher bonita numa mulher ainda mais bonita, porque vívida. O tal acender de olhos...
    Boa noite.
    Beijos

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    1. Cara Linda,
      Apercebo-me de que a resposta não foi publicada, pelo que me penitencio.
      Transformada em ainda mais, deixa de ser apenas uma mulher bonita. Se faísca e experiencia talvez até se torne uma mulher interessante.
      Beijos,
      Outro Ente.

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    2. As mulheres muito paradas fazem-me lembrar o Cavaco Silva. 'A Múmia'.

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    3. Querida Uva Passa,
      Nunca uma mulher me fez lembrar CS. (Está empenhada em provocar-me pesadelos? Não fique desapontada, mas durmo, invariavelmente, um sono sem sobressaltos.)
      Boa noite,
      Outro Ente.

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  5. Outro Ente,
    Fez-me impressão o título. Acho que só as pessoas, que, por algum motivo, se tornam permanentemente tristes, é que perdem o brilho nos olhos e se tornam naturezas mortas, por muito bonitos que os seus traços possam ser. A serenidade, para mim, não significa ausência de vida, nem de defeitos, acho que é uma das coisas boas que o passar dos anos pode trazer, mais sabedoria, mais capacidade de contornar obstáculos e talvez isso transpareça depois para o rosto em forma de serenidade, pelo menos, eu gostava que fosse assim, não acho que tenha a ver com ausência de marcas no rosto. Acho que o que está a descrever, são pessoas que se renderam, que deixaram que a tristeza se apoderasse delas e foram-se apagando por dentro e por fora, só isso justifica a falta de luz nos olhos, só isso as torna estáticas como um quadro.
    Boa noite.

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    1. Mas há pessoas naturalmente serenas, tranquilas e discretas sem que se tenham acomodado à tristeza, sem que tenham desistido, sem que carreguem marcas no rosto. A minha avó paterna era assim, não falava alto, quando a queriam ouvir os outros faziam silêncio, não dava gargalhadas efusivas, não falava pelos cotovelos. Falava pausadamente e de forma assertiva. Nunca lhe conheci uma palavra a mais, tampouco lhe conheci palavras a menos, dizia-as no número forma e medida certa. Mais que alegre, a minha avó era feliz. Morreu com 85 anos, pouquissimas rugas e os cabelos das cor dos olhos, pretos e brilhantes (herdei-lhe os olhos escuros, já os cabelos, descobri as primeiras cãs aos 17 anos, herdadas do meu avô materno que já na tropa tinha o apelido de pigarço).
      "O rosto por vincar, os olhos por acender, o nariz por marcar e a boca por curvar, emoldurados por um cabelo por desgrenhar." Evidentemente os olhos acendem-se, o nariz marca-se, a boca curva-se, o cabelo desgrenha-se, mas queremos preservá-las na nossa memória assim, por isso fechamos o álbum.

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    2. Querida Cláudia,
      Sou capaz de concordar com tudo o que escreve, com exceção das partes em que imputa o que não concluí.
      Gosto muito de mulheres serenas. Também gosto de pessoas tristes.
      Boa tarde,
      Outro Ente.

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    3. Querida Mirone,
      Sei que gosto muito da sua avó, pela descrição que faz. Se conhecer uma mulher (em bom estado) que seja feliz e serena, tranquila e discreta, que não fale demais e nem de menos, e ainda por cima envelheça com graciosidade, agradeço-lhe a fineza de me transmitir o seu contacto.
      Um beijo,
      Outro Ente.

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    4. Se dúvida houvesse, ter-se-iam desvanecido com a minha reacção a este comentário. Da minha avó terei herdado pouco mais que os olhos escuros. O parêntises fez-me soltar uma gargalhada desconcertante, de boca bem aberta e cabeça para trás.
      Em bom estado, Outro Ente, isso diz-se?

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    5. Em bom estado??? :)
      Assim tipo coisa que se anuncia no olx??

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    6. Como nova, com muito pouco uso e com a caixa original.

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    7. Eu não escrevi "em bom estado de conservação ". Ía para escrever, mas, de facto, soou-me a camping gás usado.
      Já agora, preferiria que fosse como é, com muito bom uso e sem edição original.
      Beijos às piratas que não me deixam pôr pé em ramo verde,
      Outro Ente.

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  6. Mirone, veio reforçar exemplificando, uma parte do que eu disse no comentário anterior, que foi isto:
    A serenidade, para mim, não significa ausência de vida, nem de defeitos, acho que é uma das coisas boas que o passar dos anos pode trazer, mais sabedoria, mais capacidade de contornar obstáculos e talvez isso transpareça depois para o rosto em forma de serenidade, pelo menos, eu gostava que fosse assim, não acho que tenha a ver com ausência de marcas no rosto.
    A questão da falta de luz nos olhos é que associei à tristeza, porque, na minha opinião, é o principal motivo para a ausência de luz nos olhos das pessoas, é uma opinião, como outra qualquer.

    Outro Ente, percebi perfeitamente o que escreveu. Quanto a imputações, foi o meu caro que imputou determinadas características à serenidade, é só ler o texto e saber interpretá-lo.
    E reforço, para quem não percebeu, para mim serenidade é sinónimo de beleza e só a tristeza rouba a luz aos olhos e não foi uma imputação, foi uma associação de ideias.

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    1. Querida Cláudia,
      Reitero.
      Uma mulher bela... ora aí está outro conceito. Para mim, uma mulher bonita é uma mulher serena. Não exclui, porém, que uma mulher serena seja bela. E uma mulher interessante? Isso então...
      Ponderada Cláudia, não são consensos que procuro.
      Beijos,
      Outro Ente.

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  7. BEEMMMMM!
    Ó RAPAZ, DE REPENTE TENS AQUI A MULHERADA TODA!!!
    Que luxo...

    (O que é que estás a usar? Impulse?)

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    1. Uva, isto é praticamente a reprodução daquela foto, a da capoeira...não gostam, não gostam, mas é o tanas. Bem mas esclareço que o meu coração blogosférico pertence a outro blogogalo, aliás, vou para lá agora embevecer-me.

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    2. Querida Uva Passa,
      Até agora só encontrei Senhoras e Cavalheiros, por aqui.
      E, dos que estão, ninguém está a mais.
      Estou a preparar um post em que direi ao que venho.
      Boa noite,
      Outro Ente.

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    3. Cruel Cláudia,
      Deixou-me desolado. Haverá alguém que não goste da capoeira?
      Destroçado,
      Outro Ente.

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    4. Eu prefiro valsa e jive, uma mistura tremendamente improvável.

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    5. "Cruel", de olhos brilhantes e às vezes desgrenhada, eu sei, será incapaz de fechar o álbum.

      (também não gosto de consensos, quando os consensos são forçados, o que acontece, muitas vezes, é que existem pessoas com as quais nos identificamos na forma de pensar e aí o consenso, torna-se inevitável.
      Sabe uma coisa que me fez perder o apreço pela forma como se faz política, mais do que os governos, são as oposições, essa coisa de permanentemente estar contra, essa coisa dos "inimigos" em permanência, torna-se tão irreal e tão pouco credível, como alguns consensos. Sim, sou ponderada e não gosto, nem de paz podre, nem de guerras injustificadas, ou de estimação.)

      Uma boa noite, Outro Ente, sem ironia e portanto nenhuma crueldade.

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    6. Querida Picante,
      Não sei o que é jive, embora, pelo contexto, deduza que é um género de dança.
      Não gosto de dançar, mas aprendi a valsa e o tango nas aulas de danças clássicas que me impingiram em miúdo, para ser par da minha irmã.
      Garanto que não venho para dançar e nem por obrigação.
      Boa noite,
      Outro Ente.

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    7. Querida Cláudia,
      A menina é um poço de surpresas e faz-me lembrar Cecília Meireles.
      Beijo,
      Outro Ente.

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    8. Em tempos deu-me uma coisinha má e resolvi inscrever-me nos alunos de Apolo. Aprendi as doze danças, embora já só saiba dançar o cha cha cha, valsa e jive (é aquele rock tipo Presley, cheio de pulinhos e reviravoltas, uma canseira)

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    9. Já te estou a imaginar de ténis all star e saia curta de tule (azul bebé) a escorregar por baixo das pernas do Ente.
      E que visão, senhores, que visão!

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    10. Eu sabia dar aquela volta por cima no pescoço, assim tivesse mestria o par.
      (azul bebé é que não)

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    11. Querida Uva Passa,
      Não sou bom dançarino e não gosto de dançar. Posto isto, conduziria bela Mais Picante pela pista sem a deixar estatelar.
      A visão de alguém com sapatilhas e saia rasca a escorregar-me pernas abaixo, a esta hora, dar-me-á pesadelos.
      Obrigadosssss,
      Outro Ente

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    12. Eu não tenho mestria e raramente quero que me deem a volta.
      (Também pode ser.)
      Boa noite,
      Outro Ente.

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