domingo, 12 de abril de 2015

Ladainha do Marquês

Amou nos Yves Delorme como se fosse a última.
Perfumou-se com Baccarat como se fosse a última.
E bebeu Kopi Luwak como se fosse o único
E ultrapassou os C no seu S tímido
Pegou na Hasselblad como se fosse máquina
Ergueu com os Choppard quatro olhos sólidos
Mont Blanc com Caran d'Ache num desenho mágico
Seus olhos embotados de padrões e lógica
Sentou na Christopher Guy como se fosse sábado
Comeu wagyu como se fosse um príncipe
Bebeu Dom Pérignon como se fosse náufrago
Dançou e estancou como se ouvisse música
E tropeçou nos Testoni como se fosse um bêbado
E flutuou no Breitling como se fosse um pássaro
E se acabou em Tabriz feito um pacote flácido
Agonizou no meio do aplauso público
Morreu no monograma ansiando o tráfego

E acordou sorrindo com a extinção dos crocodilos e os buracos nos polos.
(ao ritmo de Construção, Chico Buarque)

5 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    1. Chique, a contrastar com o operário.
      Muita literacia do que há de bom, Ente! Deu uma bela glosa ao original.

      Boa noite, e um beijo. :)

      (ando a eliminar comentários à custa do diabo do dicionário brasileiro)

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    2. Querida Maria Eu,
      Apenas uma brincadeira de mau gosto. Afinal, pessoas bem educadas não falam de grifes (assim mesmo, a combinar com o seu dicionário brasileiro).
      Um beijo,
      Outro Ente.

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    3. Mas que ficou com piada, ficou! :)

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  2. Ahhh... Eu... Assim, fico sem jeito.
    Obrigado,
    Outro Ente.

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