Se o Outono fosse meu haveria chuva e vento e névoa e monge, temperos da vida e tempos de recolhimento. Haveria vida fresca e renovada, lavouras e lareiras. Haveria dias de Golegã, excessos de maresia e de terra e de nós. Nasceriam os frutos do porvir. Haveria manhãs de luz breve, paisagens profundas, pão-de-ló e ginja, fermento e aconchego. Haveria fins de tarde na praça, regados a café e castanhas, recheados de palavras evocativas do império dentro de nós e de impropérios, embalados pelo badalar de cada minuto que passa, espreitados pelo sino da igreja matriz mais alta que as árvores altas. Haveria sombras cúmplices e serões de tréguas e regressos possíveis. Haveria noites crescentes de breu absoluto passadas em intimidades secretas. Haveria ressurgimentos breves de um Ájax menos cansado pelas coisas sérias da vida.
Se o Outono fosse meu seria como dantes. Como hoje.
Com tanta beleza, tanta luz e frescura, aconchego, aromas campestres, licores, castanhas e maresia...se o Outono fosse seu, Outro Ente, eu queria fazer parte dele, como se fora uma gota de orvalho...podia?
ResponderEliminarBoa tarde, Outro Ente! :)
Pode.
ResponderEliminarseria assim, um outono abençoado por tanta dádiva.
ResponderEliminarBoa noite, Outro Ente,
Mia
Graças ao seu movimento supimpa.
EliminarUm beijo,
Outro Ente
"Haveria ressurgimentos breves..."
ResponderEliminarÉ exactamente isto, meu caro Outro Ente. Cada folha uma flor.
Abraço.
Meu caro,
Eliminar"cada folha uma flor"? nem eu sou tão ambicioso.
Mas lá que o outono sussurra aconchego...
Abraço,
Outro Ente